O que é a sorte? O dicionário diz que é uma força que atribui o rumo e os diversos acontecimentos da vida. Para Virgilio, que escreveu o épico romano “Eneida”, cabe a ela proteger os audazes. Já para o Vasco, é a recusa de uma proposta.
Eurico Miranda é conhecido por não ser adepto da troca de treinadores. Gosta de contratá-los, inclusive, pela CLT. Mas era visível a necessidade de um ajuste de rota no clube carioca.
Desde que se consumou a saída de Cristóvão, Vanderlei Luxemburgo era o nome favorito em São Januário. Mesmo sem um bom trabalho nos últimos anos, a grife do treinador ainda é muito forte e agradava aos dirigentes cruz-maltinos.
A tendência natural era chegar a um acordo, mas a sorte sorriu aos vascaínos: Luxa recusou o convite. Segundo a repórter Gabriela Moreira, da ESPN, ele sonha em voltar ao futebol chinês. Há quem diga que o negócio não foi fechado porque o treinador se recusou a ser contratado com carteira assinada. Preferia ter vínculo de pessoa jurídica e receber como salário os custos trabalhistas que o clube teria com ele por conta da CLT. A possível proposta da China seria, neste caso, apenas uma maneira cordial de dizer não a Eurico.
Independentemente do motivo que levou ao não, Luxa não tem o perfil de quem poderia criar um “turning point” no Vasco. Embora tenha uma história vencedora, ultimamente parece estar em queda, assim como Cristóvão.
O não de Luxemburgo levou Milton Mendes à Colina. Um técnico da nova geração, formado na “escola portuguesa de técnicos”, que começa a exportar profissionais para o mundo todo (atualmente Portugal tem 150 técnicos trabalhando fora do país). Mais do que isso, é um dos poucos profissionais brasileiros que contam com o mais alto certificado da UEFA para treinadores.
Ele soma boas passagens por Atlético Paranaense, Santa Cruz e Ferroviária. No Furacão chegou a liderar o Brasileirão até uma série de cinco derrotas consecutivas, que levaram à sua demissão. Cá entre nós, uma oscilação normal para um time que estava acima do desempenho imaginado.
O Tricolor foi seu último trabalho. Conquistou a Copa do Nordeste, o Pernambucano e levou o Santinha ao G4 da Série A. Mas a grana secou no Arruda. O time sofreu com as receitas penhoradas por conta de dívidas, e caiu ladeira abaixo.
Milton Mendes é adepto de uma visão mais moderna do jogo. Suas equipes costumam ser compactas e com rápidas transições baseadas no jogo apoiado. A tendência é o Vasco da Gama ter um ganho tático, que poderá fazer a equipe evoluir.
Fora de campo está seu maior desafio. Por mais que tenha passado por times tradicionais, nenhum deles contava com o apelo do cruz-maltino. Além disso, terá que lidar com um elenco recheado de jogadores “cascudos”, com mais currículo do que o treinador.
Milton Mendes é uma aposta, mas uma aposta consciente, de um clube que entendeu a necessidade de dar uma guinada. Era preciso um fato novo em São Januário e ele aconteceu. Ao não contratarem um medalhão, os vascaínos foram audazes. Quem sabe Virgilio não está certo?
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