quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Flamengo versus Flamengo

O Flamengo mudou.

Mudou tanto que se desacostumou a perder. Depois de uma série de resultados positivos, encontra a derrota diante do Palestino, pela Copa Sul-Americana, provando que sua sorte no formato mata-mata modificou para pior e seu recente retrospecto em competições internacionais permanece fraco. A despeito de seu primeiro semestre horroroso, com derrotas e eliminações para times medíocres salvo, talvez, o CAP na Primeira Liga, o torcedor rubro-negro deve compreender a magnitude da campanha que o Flamengo realiza no campeonato brasileiro. Alijado de sua casa, nômade, com seu elenco montado e consolidado a partir da 10° rodada, com uma imprevista mudança de técnico… Tudo isso seria motivo para um ano impiedosamente desastroso, mas o Flamengo resiste e mesmo que o time não seja heptacampeão, deve ter motivos pra se orgulhar; no brasileirão, é lógico. Até mesmo sua eliminação para o modesto Palestino não tem o mesmo tom das anteriores. Jogou mal, de fato, mas deu provas de extenuação física e esgotamento em campo mesmo poupando 6 titulares. Caiu no saldo diante de uma torcida que não parou de apoiar. Falar de vexame soa como ignorância ou má-fé.

A decisão de se poupar jogadores é lamentável, porém compreensível. Absolutamente NENHUM clube brasileiro está preparado para gerir seu time rumo ao título em 2 competições simultâneas. Diego poderia entrar e decidir. Poderia entrar e se lesionar, poderia entrar e não contribuir em nada, pode entrar no próximo jogo e se lesionar… É árdua a tarefa de se jogar contra a completa imprevisibilidade do futebol. Ainda assim, Guerrero e Vaz saíram de campo mancando… O futebol atual é completamente físico.  Na dúvida, o Flamengo fez uma escolha clara e transparente desde o primeiro jogo contra o Figueirense, ainda que muitos vomitem o politicamente correto de: “priorizamos as duas competições”. Não, não priorizaram. Não há como. Se foi uma escolha acertada, as próximas rodadas do brasileirão dirão. Mas quem ousaria escalar o time titular na quarta, viajar, e escalar o time titular no sábado? E se ganhasse a classificação e caísse de posição diante do São Paulo? E se perder os 2 jogos?

Seria a hora da torcida do Flamengo provar que mudou com o time. Sem caos, sem desespero, sem histeria. Com 11 jogos pela frente, ela precisa entender e se acostumar com a ideia de que pelo menos os 6 primeiros times da tabela perderão, empatarão, escorregarão e oscilarão ao longo desta reta final. O que menos cometer estes deslizes será o campeão e se houver algum que vença as 11 partidas é porque, sem sombra de dúvidas, merece o título.

 

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