sexta-feira, 27 de abril de 2018

Nas Canchas da Libertadores #5

Na quinta sema de Libertadores, destacamos três vitórias brasileiras. O Santos encaminhou a classificação ao bater o Estudiantes e disparar na liderança do grupo F. Já o Palmeiras foi até a Argentina e derrotou o Boca Juniors, garantindo sua vaga nas oitavas. O Cruzeiro conseguiu sua primeira vitória na Libertadores 2018 e foi logo com uma goleada: 7 a 0 sobre a Universidad de Chile.

Santos 2 x 0 Estudiantes – Uma nova forma de jogar?

O Santos encaminhou sua classificação no grupo F da Libertadores 2018. Os seis pontos seguidos contra o principal concorrente colocam o time da Vila numa situação confortável, em que pode até garantir a passagem para as oitavas com um empate nas duas últimas rodadas. O cenário que se desenha para a próxima rodada, contra o Nacional, em Montevidéu, é o mais favorável ao time de Jair Ventura: a possibilidade de jogar nos contra-ataques.

Por mais que historicamente o Santos seja o clube do futebol ofensivo, inventivo e alegre, hoje não é assim. Pelo menos até este quarto mês do ano, o melhor Santos apareceu em cenários de contra-golpe, quando pôde utilizar toda a velocidade e individualidade dos seus homens de frente para castigar seus oponentes. Foi assim no gol da vitória na Argentina e no primeiro gol na Vila.

O Estudiantes de Lucas Bernardi, longe de ser uma equipe de DNA ofensivo, lançou um desafio difícil aos santistas. Plantou um 5-3-2 à frente da sua área e atacou sem riscos, prioritariamente com bolas longas para o ala Dubarbier, o principal mecanismo de avanço pincharrata. Os de La Plata não levaram perigo, mas também não sofreram. O Santos rodava a bola em forma de U, de uma ponta a outra sem, de fato, furar o bloqueio rival.

Neste cenário, Rodrygo apareceu bem como o ponto de desequilíbrio santista. Recebia bem aberto e partia conduzindo em diagonal, buscando liberar espaços com seus dribles. Bernardi respondeu mandando o atacante Otero fechar o corredor direito e os argentinos passaram a defender em 5-4-1. Poderia causar problemas para o Santos na segunda metade se não fosse por Copete achando Gabigol nas costas do zagueiro Campi. Lançamento preciso, ainda do seu campo, para o camisa 10 abrir o placar e o jogo.

O segundo gol logo cedo, aos 5 da etapa final, obrigou o Estudiantes a sair de trás e mostrou a melhor versão santista. Contra um adversário que não elabora seus ataques e abusa dos cruzamentos, os jogadores de Jair Ventura se portaram bem. Linha defensiva segura para sustentar a pressão e homens de frente prontos para acelerarem no espaço. Muito pelas características de o treinador e dos principais jogadores, esse parece ser o jogo santista para a temporada.

Boca Juniors 0 x 2 Palmeiras – Golpe de autoridade

Visitar a Bombonera e sair com três pontos em noite de Libertadores é algo raro. Aconteceu somente 13 vezes em mais de 130 partidas. Vencer o Boca Juniors em sua casa já é uma demonstração de força, ainda mais da forma como o Palmeiras fez. Esfriou o jogo nos momentos certos, foi letal quando teve chance e sobreviveu aos típicos minutos de abafa da Bombonera.

Tudo começou a partir de um ótimo trabalho de pressão nos primeiros 15 minutos.  Quando o Palmeiras não ia pressionar a saída de bola xeneize, aguardava na divisória do campo e não deixava o time argentino avançar com a bola e, principalmente, acionar o trio Pavón, Tévez e Ábila próximo à área. Felipe Melo foi chave nisso buscando o contato físico e cortando as tentativas de avanço do Boca.

Até que o time da casa precisou baixar o ritmo. Com menos velocidade e sob a batuta de Pablo Pérez, o Boca rodava a bola de um lado ao outro, empurrando os palmeirenses para trás aos poucos. O problema é que depois disso os argentinos não conseguiam criar espaços para atacar ou aproveitar as poucas brechas da defesa palestrina. Somente Pavón representava perigo real, como seria ao longo dos 90 minutos. Sempre recebendo aberto pela esquerda, o camisa 7 era um tormento sobre Marcos Rocha, que não sabia para qual lado o jovem argentino ia driblar.

O gol de Keno próximo ao intervalo mudou a cena da segunda etapa. O Boca partiu para cima e, empurrado pela pulsante Bombonera, viveu seus melhores momentos na partida. Os xeneizes passavam mais tempo no campo de ataque, Pavón estava ainda mais incontrolável e o gol de empate parecia próximo. O Palmeiras se sustentava a partir dos volantes, que impediam o jogo pelo centro, e dos zagueiros, precisos no jogo aéreo.

As saídas em contra-ataque eram o desafogo palmeirense. Neste cenário, Lucas Lima apareceu bem. Tinha tempo e espaço para distribuir passes e acionava Dudu e Keno pelas beiradas, tirando o Palmeiras de trás. O camisa 20 também foi premiado com o segundo gol, após Rossi tentar cortar um lançamento e não voltar para o gol. O 0 x 2 tirou o Boca do jogo. Totalmente desestabilizados tática e mentalmente, os argentinos correram atrás da bola nos minutos seguintes ao gol, que apresentaram um Palmeiras bem consciente na defesa da vantagem que o garantiu nas oitavas. Uma exibição de autoridade de um postulante ao título sobre outro.

Cruzeiro 7 x 0 Universidad de Chile – Armas afiadas

O Cruzeiro de Mano Menezes tem uma forma bem específica de atacar, que pode ser dividida em três pontos principais: pressionar, recuperar e acelerar. A pressão geralmente acontece próximo à metade do campo, quando o adversário começa a sair de trás. Assim, a recuperação pode ocorrer num espaço em que o Cruzeiro não está tão atrás e o oponente já não tem tantos homens no seu campo defensivo, cenário ideal para acelerar na direção do gol.

Nesse cenário, os principais jogadores do elenco aparecem. Thiago Neves é melhor chegando à área para definir do que recuando para organizar o time; Arrascaeta precisa de espaço para acelerar, já que não possui o drible curto e o desequilíbrio individual; Rafinha, do alto dos seus 34 anos, não tem a mesma velocidade dos tempos de Coritiba para ser um jogador de contra-ataques longos. Enquanto teve disputa no Mineirão, foi assim que o Cruzeiro atropelou a Universidad de Chile.

Os três zagueiros chilenos tinham espaço para sair jogando, mas assim que a bola chegava aos volantes ou alas, vinha a pressão azul e branca. Com isso os mineiros desconectaram o trio ofensivo de La U do restante da equipe. Quando Araos, Soteldo ou Pinilla tinham a bola, geralmente estavam sozinhos e o Cruzeiro recuperava. Isso se a bola já não fosse roubada no próprio campo dos visitantes, com somente os zagueiros separando os cruzeirenses do gol.

Nem mesmo Pizarro, principal articulador da equipe, conseguia jogar. Diante da pressão e das transições da Raposa, a Universidad de Chile sucumbiu. Já estava completamente batida quando Echeverría, aos 3 minutos do 2º T, viu o segundo cartão vermelho da partida. Jogando contra nove por 45 minutos, o Cruzeiro aproveitou para fazer saldo, o que pode ser decisivo no equilibrado grupo E.

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