sábado, 25 de fevereiro de 2017

Caricaturas da Bola

Felipe Melo, Renato Gaucho e Vanderlei Luxemburgo. Jogador, técnico e técnico desempregado. Em comum, a facilidade que têm para abrir a boca e, no mínimo, soltar declarações que fogem ao trivial festival de entrevistas feitas do futebol brasileiro. Um sopro de originalidade que alegra imprensa e torcedores cansados de ler e ouvir sempre as mesmas expressões.
Desses três espera-se sempre algo a mais, talvez uma manchete mais atrativa, ou a possibilidade de um debate acerca de suas polêmicas palavras.

O problema começa quando os personagens passam a dominar as pessoas, e a figura central se transforma em uma caricatura da própria realidade. A autenticidade e naturalidade daquelas declarações são encaradas como galhofa e, muitas vezes, o que deveria ser uma entrevista distinta vira deboche na boca do povo, e dos jornalistas.

Luxemburgo, um dos técnicos mais vencedores da nossa história, vem colecionando trabalhos fracassados nos últimos anos. De quem se esperava tanto, hoje espera-se tão pouco. A ridícula campanha na segunda divisão chinesa parece ter sido a gota d’ água. Desde então, nenhum clube brasileiro mostrou verdadeiro interesse em contar com o trabalho do Pofexô.

Começou, então, o show de Luxa pelos canais de televisão. Foi em praticamente todos os programas de entrevistas e debates esportivos, chegando a discutir avidamente com PVC, Cleber Machado e Caio Ribeiro, e não se furtou a atacar Guardiola. No “Bem, Amigos”, proclamou-se um técnico de vanguarda, sendo responsável pelos conceitos modernos do futebol mundial.

Já Renato Gaúcho voltou ao Grêmio após a saída de Roger. Reconhecido muito mais pelo aspecto motivador do que por um trabalho diferenciado na metodologia de treinos e sistemas táticos, sagrou-se campeão da Copa do Brasil, em cima do badalado elenco do Atlético Mineiro de Marcelo Oliveira. Aproveitou a oportunidade para destilar ironias a jornalistas e técnicos que procuram se especializar. Foi daí que surgiu a polêmica frase “quem não sabe estuda, quem sabe tira férias na praia”, repetidas inúmeras vezes por ele mesmo nos dias subsequentes ao título. No Bola da Vez, da ESPN, disse que foi melhor jogador do que Cristiano Ronaldo.

Enquanto isso, na chegada ao Palmeiras, Felipe Melo desembarcou mostrando, digamos, seu lado menos agradável. De coleira solta, o Pitbull soltou ataques à imprensa, ao VP de Comunicação do Flamengo e até falou em “dar tapa na cara de uruguaio”. Nas primeiras partidas do Campeonato Paulista, um pouco mais do personagem “Ousado”, como se auto intitula. Palavras fortes para Neto, comentarista da Band, gritos na cara de um jogador adversário caído e uma boa chacoalhada em Dudu, após o atacante não comemorar um gol.

Tudo isso repercute na mídia e em redes sociais, mantendo as três figuras sob os holofotes do público, seja para o bem ou para o mal. No caso dos treinadores, as palavras levam à ironias e descrédito ao trabalho por parte de quem está do lado de cá. Para Felipe, que tanto quer se desgarrar da imagem de jogador violento, continuam sendo dados olhares negativos, reprovando suas atitudes pouco usuais.

Quando as caricaturas são mais vistas que os verdadeiros indivíduos, é hora de repensar a postura e entender que, por mais autêntico que se queira ser, nem sempre é bom estar fora do senso comum.

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Anthony Modeste: o intruso entre Lewandowski e Aubameyang

(por Raniery Medeiros)

O atual cenário de disputa da Bundesliga evidencia poucas novidades quando relatamos a briga pelo título. O Bayern, para variar, encaminha-se para mais uma conquista – o pentacampeonato. No entanto, ao entrarmos no aspecto individual, mais precisamente na concorrência pela artilharia, a situação torna-se totalmente parelha. Nos acostumamos com os embates entre Robert Lewandowski e Pierre-Emerick Aubameyang. Menosprezo aos demais jogadores? Não! Apenas o devido valor a dois goleadores que estão acima da média. Mas é preciso registrar que, mais recentemente, tivemos Klaas-Jan Huntelaar, Stefan Kiesling e Alexander Meier como máximos artilheiros do campeonato alemão. Voltando à temporada 2016/2017, Anthony Modeste é o intruso da vez. Empatado com Aubameyang (17 gols), e um gol à frente de Lewandowski, chegou a hora de mostrar que possui força até o fim da temporada.

Características

Principal jogador do Colônia, o francês chama atenção pelo porte físico, por saber sair da área, abre espaços aos companheiros vindo de trás, além do faro de gol. Todo este bom desempenho não é de hoje, pois ainda pelo Hoffenheim formou um poderoso trio de ataque com Roberto Firmino e Kevin Volland. Aliás, a sintonia entre os três rendeu jogadas plásticas, tabelinhas e muitos gols. Anthony Modeste nasceu para balançar as redes.

Lutar, rodada após rodada, com Lewa e Auba não é fácil. É preciso regularidade e frieza para não desperdiçar as chances. A boa campanha dos Bodes passa pelos pés deste centroavante com a camisa 27 às costas. Dos 30 gols anotados pelo Colônia, 17 foram de Anthony. Ou seja, mais de 50%. Disputando sua segunda temporada pela equipe, mantém a regularidade. O momento é tão sublime, que o atleta superou sua marca pessoal na Bundesliga, alcançada em 2015/2016, ao anotar 16 tentos. Quando domina, gira e coloca na frente, pode ter certeza de que o francês não perdoará.

Foi assim contra o Hamburgo, quando fez três gols e, mesmo perdendo um pênalti, bagunçou a defesa adversária.

Outra partida memorável, no aspecto tático e técnico, ocorreu no empate com o Bayern. Nosso homenageado superou Manuel Neuer com um gol acrobático, empatando o jogo.

Talento não tão badalado

Modeste fica longe dos holofotes, sem tanto reconhecimento. Não faz mal. Ele alia força e técnica com o propósito de ludibriar e vencer a batalha contra os bons zagueiros que atuam na liga alemã. O francês terá 13 partidas para superar a marca expressiva de Lukas Podolski, que em 2011/2012 balançou fez 18 gols. Detalhe: o time foi rebaixado. Alguém dúvida de sua capacidade para pulverizar este desafio?

Poucos jogadores conseguiram se adaptar tão bem ao campeonato alemão como Anthony Modeste. Sim, atuar por Hoffenheim e Colônia retira um pouco da pressão que o mesmo sofreria caso atuasse pelo Bayern ou Dortmund. Mas, ao analisarmos a gama de opções de seus concorrentes, passamos a admirar cada vez mais o trabalho deste francês bom de bola. O intruso já colocou o carro de lado, e mediante suas ótimas atuações comprova que Aubameyang e Lewandowski precisam tomar muito cuidado caso almejem a artilharia da Bundesliga.

Modeste é matador!

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domingo, 19 de fevereiro de 2017

Vídeo: O elástico de CR7

O elástico é um dos dribles mais bonitos do futebol, eternizado por Rivelino e arma de grandes atacantes como Romário. Quando o elástico resulta em caneta, e ainda em direção ao gol, vira uma obra prima. E o artista desta vez foi Cristiano Ronaldo.

O craque português, conhecido pela intensidade física de seu jogo, de vez em quando gosta de lembrar aos críticos que também possui uma técnica apurada. A vítima desta vez foi David López, do Espanyol.

Assista Admire o belo drible da estrela do Real Madrid em vários ângulos diferentes:

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Vídeo: O primeiro tento de Gabigol na Itália

Gabigol entrou em campo aos 30 minutos do segundo tempo para, cinco minutos depois, garantir a vitória da Inter de Milão sobre o Bologna por 1 a 0.

O gol marcado depois de ótimo passe de Daniele D’Ambrosio foi o primeiro do atacante na Europa.

Confira o gol que acabou com a seca do brasileiro:

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sábado, 18 de fevereiro de 2017

Prazer, RB Leipzig

RB Leipzig: Quem são esses intrusos?

 

O futebol alemão ficou famoso nos últimos anos por sua previsibilidade e talvez, sendo bastante reducionista, por seu bipolarismo de forças. Quando o Bayern de Munique não foi campeão, o Borussia Dortmund estava lá para levantar o caneco. Quem nasceu no fim da década de 90 viu poucas vezes essa lei ser descumprida e quando viu foi uma surpresa o Wolfsburg de Grafite e Dzeko conquistar a Alemanha.

O que todos tinham, certeza, mesmo com a conquista dos “lobos” é que em pouco tempo o campeonato voltaria para seu equilíbrio com a venda dos atletas e o fortalecimento das equipes tradicionais.

Um grupo de investidores austríacos pareceram não gostar dessa dinâmica e enxergaram uma oportunidade negócio na Bundesliga. A Red Bull, então, comprou uma equipe pouco conhecida e em 2009 fundou o RB Leipzig. A meta era alcançar a Bundesliga em 10 anos: estamos em 2017 e os touros já se posicionam na vice-liderança. Isso é projeto.

Conheça mais do que se passa por dentro dessa equipe nesse Imigrantes 058 que conta com a ilustre presença do Vini do The Pitch Invaders.

O programa

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Daniele Rugani, o “zagueiro fair play” da Juventus

53 partidas, um total de 4.421 minutos. Cerca de 73 horas e 30 minutos, mais ou menos três dias. Este foi o tempo que Daniele Rugani, jovem defensor da Juventus, passou sem levar sequer um cartão na Série A italiana. Um feito que já seria enorme atuando apenas pela Juve, equipe mais soberana da Bota nos últimos cinco anos. Porém, algo que triplica de tamanho quando se percebe que dois terços do período se deram com a camisa do pequenino Empoli – na temporada em que o time voltava à elite. De qualquer forma, de nada adiantariam tais números caso Rugani fosse limitado e cheio de debilidades no seu jogo. Certamente não é essa a verdade: estamos falando de um dos zagueiros mais promissores da Europa.

Idas e vindas entre Empoli e Juve

Rugani nasceu na região da Toscana, mais precisamente na linda e histórica cidade de Lucca.

A exemplo do principal monumento local, o muro de Lucca, o jovem de 21 anos é um gigante em estatura e protege muito bem sua fortaleza. A muralha tem 12 metros de altura; Daniele, “um pouco” menos: 1,90m. Ele chegou ao Empoli, clube também toscano, logo aos seis anos de idade. Lá o garoto permaneceu até 2012, quando foi emprestado à Juventus ainda antes de estrear profissionalmente, com 18 anos. Passada uma temporada nas categorias de base do time de Turim, o zagueiro teve metade dos seus direitos econômicos adquiridos pela Juve. Entretanto, era momento de voltar ao lar para jogar a Série B 2013/14 com o Empoli. Começaria ali a carreira profissional do defensor, de quem muito se espera na Itália.

Consolidação e glória do Empoli

O jovem retornava ao Empoli para ganhar experiência e tempo em campo, o que com certeza não teria na Juventus. Sendo essa a intenção, na prática tudo funcionou ainda melhor. Sob comando de Maurizio Sarri, hoje no Napoli, o atleta disputou 40 dos 42 jogos totais. Dos 3780 minutos em que poderia ter atuado, Daniele esteve em 3578 – 94% de presença. Durante tudo isto, míseros três cartões amarelos foram aplicados no então jovem de 19 anos. De quebra veio o prêmio de melhor jogador da Série B, coroando a campanha que culminou no acesso do clube.

Era o auge, o momento maior de alguém que sempre havia se destacado em meio aos outros. Um exemplo disso é que Rugani frequenta a seleção italiana desde que tinha 16 primaveras, e de lá para cá só falta no currículo uma atuação na Azurra principal.

Na 1ª divisão, já na temporada 2014/15, os recordes não deixaram o toscano. Ele esteve em absolutamente todas as partidas do Empoli, sempre durante os 90 minutos. Sem lesões, sem suspensões, sem ser poupado pelo treinador Sarri ou qualquer outra coisa que o tirasse do gramado. Os campos de futebol da Itália viraram, todos, sua casa: o habitat natural do gigante era feito de grama. Tinha uma baliza para defender, uma bola para afastar e divididas para vencer. Não era necessário mais nada. A criança nascida na bela Lucca havia se tornado um zagueiro imponente e limpo. A Juve não esperou, rapidamente comprou os 50% dos direitos que não tinha e garantiu mais um talento do Belpaese para si. Um talento que, antes de abandonar Empoli, cravou seu lugar na seleção da Série A 2014/15.

Desembarque na Juve e o salto

A chegada à Juventus significou um salto de qualidade na carreira, uma mudança de patamar na vida de Rugani. Seu estágio seria na melhor escola do país, ao lado dos professores Chiellini, Bonucci e Barzagli. Se seu objetivo era se tornar um defensor completo, é possível afirmar que ele está no caminho certo. Porém, com tanta gente qualificada e adaptada ao modelo de jogo juventino, a vida do pupilo não iniciou tão bem. Foram apenas três exibições na primeira metade da temporada, duas delas entrando no decorrer das partidas. Até porque, com alguma frequência, Allegri opta por apenas dois zagueiros. Mas com as lesões de Cáceres, Chiellini e Barzagli – não ao mesmo tempo -, Rugani ganhou uma desculpa para ter sequência.

Rugani em campo contra a Inter de Milão (Foto: Divulgação/Juventus)

Rugani em campo contra a Inter de Milão (Foto: Divulgação/Juventus)

Desde que estreou no Campeonato Italiano vestindo bianconero, na 17ª rodada, o zagueiro virou titular indiscutível. A verdade é que hoje ele está encaixado na mecânica da Juventus, sabe o que fazer em cada situação. Sem perder seus detalhes naturais, mantendo coisas como o bom jogo aéreo e belas antecipações, o ex-Empoli caminha para se afirmar de vez no futebol da Bota.

Características do zagueiro

O simples fato de ter quase 2 metros de altura já coloca qualquer futebolista como uma grande arma aérea. Daniele Rugani ostenta 1,90m e sabe muito bem utilizar tal estatura, no ataque e na defesa. Para se consolidar como “zagueiro fair play”, ele tem mostrado uma ótima tomada de decisões. As antecipações, por exemplo, são limpas e dificilmente terminam em faltas. As até frequentes saídas de posição para agredir, presentes desde a época de Empoli, buscam impedir passe ou finalização e roubar a pelota rapidamente – não criar contato com o atacante, o que, na maioria das vezes, é benéfico para ele.

O italiano é seguro em relação ao posicionamento, sobretudo jogando na linha de três zagueiros da Vecchia Signora. Aliás, sendo mais uma característica trazida do Empoli, o garoto consegue ocupar direita e esquerda sem problemas. Com a bola nos pés, Rugani não é o melhor do mundo. Por isso, não arrisca tanto quanto Bonucci ou Barzagli. Claro, além de ambos serem experientes e totalmente confiantes para fazê-lo. É um aspecto em que ele deve evoluir, até porque a Juventus necessita da saída de bola a partir da zaga. Por fim, ainda que alto e não tão veloz assim, o juventino possui uma capacidade de recuperação interessante.

Arte: DPF

Arte: DPF

Rugani fez do Empoli um vestibular de luxo para a vida que lhe esperava. Até o dia em que o lar ficou pequeno demais para tanta luz, quando a criatura teve de largar o criador definitivamente. Pois apenas uma casa maior, junto de outras estrelas, suportaria tamanha qualidade a ser desenvolvida. O garoto de Lucca aprendeu com os melhores, em uma universidade organizada e fluida. Mesmo agora, já membro oficial da bancada bianconera, ele continua absorvendo conhecimento. Talvez, isso seja só o ponto de partida.

Olho Nele!

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Aos poucos morre o futebol

Da década de 90 para cá, a violência no futebol escapou à pontualidade para virar uma rotina. O choque ao ver as cenas de selvageria entre torcedores rivais, ou até do mesmo time, deu lugar apenas ao medo. As brigas, agora tão comuns, se tornaram apenas mais uma parte – negativa – do cenário futebolístico. Se sobra disposição em alguns membros das Torcidas Organizadas para sair na porrada, a mesma falta para os outros atores envolvidos nesse enredo.

Poder Público, CBF, Federações e clubes fazem da venda nos olhos a melhor arma para combater esse mal. Quando essa não funciona, preferem adotar posturas evasivas como se pouco, ou nada, tivessem a ver com a questão. Uma partida de empurra-empurra que dura muito mais do que 90 minutos. Os clubes dizem que é caso de polícia, mas a polícia, vilã e vítima de um sistema falido, possui pouco preparo para tal. CBF e Federações, “donas” do produto, preferem o silêncio constrangedor, e o Poder Público, por meio de seus craques engravatados, toma medidas inócuas e vazias, mas recheadas de comodismo, tal qual pegar o cônjuge na cama com outro(a) e jogar a cama fora.

E é exatamente isso que tem sido feito a torto e a direito país afora. Muitos Estados se valem da violência entre as torcidas para fazer os Clássicos apenas com a torcida do time mandante. Em outros, o visitante tem uma carga baixa de ingressos e fica restrito a um mísero espaço nas arquibancadas. Fora que a maioria já não permite a entrada de bandeiras, instrumentos musicais e roupas ou acessórios das organizadas. Afinal, pedaços de pano e notas musicais brigam entre si a todo instante.

Agora, praticamente desligando os aparelhos de um doente que há muito vivia em estado vegetativo, o fenômeno da torcida única chega ao Rio de Janeiro, um dos últimos que ainda resistia ao movimento que, cedo ou tarde, decretará a morte oficial do nosso futebol. Não precisa ser nenhum grande analista para perceber que todas as medidas tomadas até então não resolveram em absolutamente nada o problema da violência. Pessoas seguem matando, pessoas seguem morrendo, como no dia a dia de nossas cidades. A solução mais básica, desenvolver e executar leis que realmente coíbam a violência, segue no banco de reservas. Como torcida única pode ser solução se, muitas vezes, organizadas do mesmo clube brigam entre si?

Um dia fomos aos estádios como rivais, nunca inimigos, e vimos nossos times dando tudo pela vitória. Gritamos, cantamos ofensas sadias aos nossos coirmãos que estavam na outra arquibancada. A guerra era no grito, na batida do bumbo, no chacoalhar das bandeiras, era para ver quem tinha mais pulmão durante os 90 minutos. Nos tiraram as bandeiras, nos tiraram a bateria. Em breve torceremos calados, como se assistíssemos uma partida de futebol no teatro. Aos poucos, vão nos tirando dos estádios. Talvez, chegará o dia em que haverá somente a bola, triste e solitária, no círculo central. E quem ousar chutá-la, será punido por violência.

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Tabelando com o técnico José Roberto Fernandes, pioneiro no futebol árabe

(por Leonardo Missio, do Tabelando)

Antes do mercado chinês assombrar com suas propostas “estratosféricas”, havia outro mercado emergente que atraía por suas somas vultosas. O Oriente Médio atraia os jogadores da mesma maneira que os chineses, com muito dinheiro. O “Tabelando” de hoje é com um pioneiro que acompanhou a evolução do futebol no mundo Árabe de perto.

Ex-jogador e treinador, José Roberto Fernandes rodou o mundo e o Brasil trabalhando. É um dos treinadores responsáveis pelo “Carrossel Caipira” do Mogi Mirim. Jogando, foi campeão da Taça Guanabara com o Vasco em 1968. Passou por vários clubes como, Ponte Preta, São Cristóvão, Capivariano e outros. Zé Roberto, foi um dos primeiros a ir para o Oriente Médio como treinador. Trabalhou no Kuwait, Arábia Saudita e no Iêmen. Também treinou equipes no Egito e na Líbia.

Mapa dos países em que José Roberto trabalhou. Além dos integrantes do Oriente Médio, também teve passagem no continente africano.

Sair do Brasil para morar num país com cultura totalmente diferente não é nada fácil. São fartos os casos de jogadores que saem e logo voltam por não se enquadrar nos costumes locais. Imagine isso em 1981.

Zé Roberto contou suas histórias:

Tabelando – Você foi um dos pioneiros a sair do Brasil e ir para o Oriente Médio ser treinador. Como surgiram seus contatos e como você foi parar lá?

José Roberto – Fui. Meus primeiros contatos foram através da associação brasileira de treinadores no início de 1981. Vieram três seleções do Catar, a principal, a sub-20 e a sub-17. Eram dirigidas pelo Evaristo de Macedo e fui contratado para trabalhar com a seleção sub-20 do Catar aqui no Brasil, durante os três meses que ficariam aqui. Depois disso recebi o convite para ir para o Kuwait. E disso surgiram meus contatos no mundo Árabe.

Tabelando – Agora com a internet, tudo ficou mais fácil. Mas, naquela época era mais difícil ter informações sobre outros países, ainda mais dos Árabes. Quando chegou lá, o choque cultural foi muito grande?

José Roberto – Foi muito grande. Por eu estar no Rio, na época, e fazer parte da associação brasileira de treinadores, então eu ainda tinha um pouco de informações de lá. Não muitas, afinal na época não tinha internet. No Kuwait uma carta que vinha do Brasil demorava 30 dias para chegar. Hoje é muito mais fácil para interagir e ter informações. A primeira coisa era saber que a maioria no Mundo Árabe é muçulmano, Arábia Saudita 100% muçulmano, Kuwait também. Então tinha a primeira coisa era respeitar a religião deles, respeitar os horários da reza deles. Procurei entender, li muito sobre a religião deles.

Tabelando – Os horários das rezas atrapalhavam os treinos?

José Roberto – Sim, você pega o macete depois. Mas, tem dois horários de reza que podem coincidir com o seu treinamento: às 15:30 e no final da tarde, quando o sol se põe. Então tinha treinador que não conhecia e ficava bravo por ter que parar o treino. Por que eles param de treinar, lavam o rosto, tiram a chuteira do pé e lavam os pés para rezar. Então eu dividia o treinamento em duas ou três partes.

Tabelando – Além de serem jogadores de futebol, eles também trabalhavam em outro período?

José Roberto – Na maioria dos países que passei sim. Principalmente na década de 80, todos eles trabalhavam. Até hoje ainda tem, eles trabalham metade do dia e depois no final da tarde vão treinar. Mas agora muitos clubes já pagam bons salários para seus jogadores.

Tabelando – Algum jogador foi punido por não respeitar as culturas do país?

José Roberto – Teve um brasileiro conhecido que fez uma besteira lá. Não vou dizer o nome, mas estava em um time grande na Arábia Saudita e durante o jogo ele tirou a carteira e mostrou o dinheiro para o juiz. De noite colocaram ele no avião e mandaram ele embora de volta para o Brasil.

Tabelando – Quando chegou no Oriente Médio, como era o futebol lá?

José Roberto – O futebol era muito ruim, muito iniciante. Tinham boa vontade, procuravam copiar principalmente o brasileiro, que na época o Brasil era o exemplo. Fazíamos muitos treinamentos técnicos para evoluir os jogadores, alguns tinham uma certa habilidade.

Tabelando – E para se comunicar com os jogadores?

José Roberto – No início era muito difícil. Eu falava inglês, mas ninguém falava lá. Mas a bola na prática é universal. E fui aprendendo com eles e anotando.

Tabelando – Você pegou o início do futebol lá, como foi a evolução?

José Roberto – Quando abriram o futebol para jogadores estrangeiros, ajudou muito na evolução do futebol de lá. Uns dos primeiros países de lá a permitir jogadores estrangeiros foi a Arábia Saudita. E o Rivelino foi para lá, aí que o futebol começou a evoluir.

Tabelando – As estruturas que os clubes ofereciam eram boas? Qual o pior país que trabalhou?

José Roberto – Os clubes que trabalhei tinham uma estrutura muito boa. Os clubes da Arábia Saudita com estádios próprios que o governo dava, cada clube tinha um estádio. Uns menores, outros maiores, mas geralmente é um estádio padrão.

King Fahd International Stadium

King Fahd International Stadium, estádio construído em 1987, possui capacidade para 68 mil pessoas. Sediou a final da Copa das Confederações de 1997.

Na grande maioria subsidiados pelo governo. Mas eles tinham clubes bem estruturados, com boas academias. O trabalho de fisioterapia lá também era muito bom. O pior lugar que trabalhei foi no Iêmen.

Tabelando – Tinha pressão da torcida?

José Roberto – Só em jogos grandes, jogos contra times pequenos não tem. Mas eu trabalhei em duas cidades na Líbia, que tem uma pressão sim. Por que é o estádio é pequeno. Lá tem que ganhar jogo, torcedor fica xingando. O Líbio é muito marrento, e lá ninguém obedece, tem briga no estádio, pedrada.

Tabelando – Chegou a ter problemas com a torcida na Líbia?

José Roberto – O único problema que tive lá, foi uma vez que meia dúzia de “gato pingado” veio encher meu saco no treino. Aí tive que discutir com eles. Mas aí você vai brigar num país desses? Não vai né cara.

Tabelando – Era um país perigoso?

José Roberto – O Iêmen era muito perigoso. Muita sujeira, na época tinham muitos grupos de rebeldes que praticavam terrorismo, na Líbia também.

Tabelando – Tinha medo das leis muito rígidas?

José Roberto – Não, eu procurava seguir as leis e costumes do país, não adianta querer ir contra. Você vai lá para quê? Vai para trabalhar, pra ganhar seu dinheiro e sustentar sua família. Então, num país desses vocês tem que respeitar as leis. Em Abu Dhabi se jogasse um papel no chão tinha que pagar 500 dirhans (moeda local). E ou paga ou vai preso. Vai brigar no trânsito, vai preso. As vezes a gente perde a cabeça, mas…

Tabelando – Chegou a arranjar briga por lá?

José Roberto – Ah sim, mas foi dentro do clube, né? Durante a preleção o jogador estava enchendo minha paciência. Falou duas, três besteiras. Peguei ele no colarinho e falei:

“Ou você me respeita, respeita seus colegas e o clube e para com essa palhaçada ou pega suas coisas e vai embora”.

Mas depois até o manager me deu razão.

Tabelando – E histórias engraçadas?

José Roberto – Lá no Kuwait eles comem com a mão né. Teve uma vez que foi um carioca trabalhar lá, e teve um jantar com os diretores e tudo mais. Aí eu expliquei para ele que era tudo com a mão lá. Aí ele comeu e um dos árabes perguntou para ele se ele tinha gostado, se ele queria mais. Ele disse que sim. Nisso, o cara encheu a mão de arroz e colocou no prato dele. Aí ele olhou pra mim, eu já dei risada e disse:

“Vai malandro, agora come tudo!”

Tabelando – Qual seu futuro no futebol?

José Roberto – Para trabalhar no Brasil, tenho conversado com clubes. Mas para ser consultor técnico, a moda agora que o Leão lançou lá na Portuguesa. Por causa da minha experiência, acompanhei muito futebol, tenho listas e listas de jogadores. O Luan do Atlético, por exemplo, vi ele jogar no Atlético de Sorocaba, passei o nome para um dirigente do Atlético Paranaense na época.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A arte de manejar os espaços

“Pensar rápido, buscar espaços. Isso é o que eu faço. Todos os dias. Sempre estou buscando os espaços. As pessoas que não jogaram não sabem o quão difícil é. Espaço, espaço, espaço”.

Quem disse isso foi Xavi Hernández, um dos jogadores que melhor entenderam a constante busca por espaços que é o futebol atual. Preencher os pedaços de campo mais importantes de acordo com o momento é uma batalha que os treinadores enfrentam a cada jogo. A defesa quer negar qualquer metro de gramado que possa favorecer uma investida do adversário. Logo, cabe ao ataque saber manejar suas peças para criar os preciosos espaços e, então, atacar.

Foto: SSC Napoli/Site oficial – Maurizio Sarri, o arquiteto do Napoli

A teoria é bem simples, mas, como disse Xavi, a prática é muito difícil. Basta ver quantos de fato conseguem propor o jogo com consistência e as dificuldades que Barcelona, Pep Guardiola e Thomas Tuchel, para citar alguns, têm passado. Do sul da Itália, porém, vem o exemplo de um time que sabe manipular os espaços com maestria. O Napoli de Maurizio Sarri é uma das equipes mais agradáveis de se assistir no Velho Continente. Bola no chão, passes curtos, linhas de passe, triangulações, infiltrações, velocidade… tudo isso baseado no jogo de abrir espaços na marcação rival.

O Napoli se organiza para poder jogar com passes curtos desde a saída de bola com o goleiro. Pepe Reina sempre busca sua linha de defesa nas reposições e aí o estilo napolitano entra em ação. Começam os movimentos para gerar espaços e fazer o jogo fluir, um ciclo de abrir e ocupar terreno que é visto desde o terço defensivo até os últimos metros do campo. Todos jogam com a bola e trabalham sem ela para que a equipe possa mantê-la. Se o adversário foca em marcar o talentoso trio de meio-campistas de Sarri, os zagueiros levam o time ao ataque, sem chutão. Apenas movendo o adversário e criando espaços.

Contra o Genoa aconteceu exatamente isso: meio-campo fechado e saída com os zagueiros, explorando seu lado forte com Kalidou Koulibaly, Marek Hamsik e Lorenzo Insigne, além do ótimo lateral Faouzi Ghoulam. Por diversos momentos, Koulibaly comandou o início dos ataques napolitanos e colocou a bola no campo adversário, sempre contando com o apoio de seus companheiros para abrir a defesa e fazer a bola rodar. Tanto que a combinação de passes que mais repetiu-se ao longo do jogo foi Koulibaly-Insigne, do zagueiro direto para o extremo esquerdo, sem escalas e com a bola no chão.

Foto: Reprodução/Four Four Two Stats Zone – Mapa de passes de Koulibaly para Insigne: zagueiro conduz até o terço central e conecta o atacante

Isso só foi possível porque os outros nove jogadores de linha sabem jogar sem a posse. Os meio-campistas, cientes de que estão sob marcação, desorganizam o adversário e criam buracos para seu time jogar. Assim, os zagueiros inserem-se no jogo e podem iniciar as jogadas da equipe.

Além de todo esse excepcional trabalho coletivo comandado por Sarri, a equipe do sul tem ótimas individualidades para potencializar seu jogo. Hamsik faz o jogo fluir no centro do campo e chega ao terço final para concluir ou colocar seus companheiros em condição de finalizar. Insigne sai da esquerda para ocupar espaços centrais entre as linhas adversárias, criando opções de passe e atraindo rivais. E Dries Mertens está excepcional no comando de ataque. Após a grave lesão do centroavante Arkadiusz Milik, contratado para substituir Gonzalo Higuaín, o belga assumiu a responsabilidade de jogar centralizado e tem feito partidas sensacionais. Oferece muita dinâmica ao tipo de jogo napolitano com movimentações rápidas para apoiar o companheiro ou infiltrar na defesa, tem agilidade e técnica para jogar entrelinhas, inteligência para sair da área e criar espaços e uma veia artilheira que não se via desde a temporada 2011/2012, quando ainda vestia as cores do PSV.

Foto: SSC Napoli/Site oficial – Insigne, Mertens e Hamsik: o trio que comanda a temporada napolitana

No ritmo desse trio, o Napoli consegue envolver seu oponente mesmo quando este recolhe as linhas. É isso que o time italiano tem feito de diferente em relação aos citados Barcelona, Borussia Dortmund e Manchester City. Estes três, mesmo com grandes jogadores e treinadores, têm tido dificuldades quando enfrentam uma barreira sólida nos últimos 40, 30 metros. Tanto que a parcela dos seus gols que saem de contra-ataque ou bola parada são maiores se comparadas ao melhor ataque da Itália, que só não foi à rede em três ocasiões na temporada.

Veja como a equipe de Sarri utiliza todos seus jogadores e vai movendo o adversário, abrindo linhas de passe, criando e usando os espaços para manter a posse no campo de ataque. Em pouco mais de um minuto, diversos movimentos são executados e a bola chega duas vezes nas proximidades da área.

Esse é o jogo do Napoli, um exercício constante de gerar espaço e ocupá-lo, desorganizar o oponente e atacá-lo. Maurizio Sarri fez seus jogadores entenderem que o futebol se joga assim, buscando áreas importantes para ajudar seu time e atrapalhar o adversário. Como disse Johann Cruyff, “o futebol é um jogo que se joga com a cabeça e se utilizam os pés”. E o Napoli 2016/2017 sabe como desfrutar dessas duas extremidades.

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

As contratações do Flamengo em 2017

O Flamengo terminou o Campeonato Brasileiro 2016 em 3° lugar, campanha que até surpreendeu, depois de um começo claudicante sob o comando de Muricy Ramalho. Com a chegada de Zé Ricardo e alguns reforços no meio do ano, o time encontrou uma forma de jogar e passou a subir na tabela, chegando, em um determinado momento, a ficar a 1 ponto do líder e futuro campeão Palmeiras.

Com a chegada de 2017 e a vaga na fase de grupos da Libertadores, era hora de pensar em reforços pontuais para incutir mais qualidade em um elenco coeso, mas que possuía algumas carências, como a falta de um reserva para a lateral esquerda, por exemplo. Com a saída de Jorge, dois novos jogadores foram contratados para a posição: o peruano Trauco e Renê, ex-Sport.

Os outros nomes, com a exceção de Conca, contratado em uma oportunidade de mercado, foram pensados para preencher lacunas no elenco, aumentar a qualidade do time titular e até mesmo possibilitar variação no sistema de jogo de Zé Ricardo – que usou apenas o 4-2-3-1 baseado na velocidade dos pontas para atacar e recompor o sistema defensivo. Ao fim do ano, o senso comum foi tácito: faltou exatamente variação e um pouco mais de qualidade para vencer algumas partidas.

Agora, com o elenco praticamente fechado, o Doentes Por Futebol faz uma análise das contratações rubro-negras e como elas podem impactar o jogo do Flamengo e melhorá-lo. Algumas já mostraram isso em campo. Vamos a elas.

Miguel Trauco

Idade: 24 anos
Posição: Lateral Esquerdo

Foi escolhido o melhor jogador do Campeonato Peruano atuando pelo Universitário. Em 41 partidas, marcou apenas 1 gol e deu 11 assistências. Foi observado pelo Centro de Inteligência do Flamengo e referenciado pelo compatriota e agora companheiro de time, Guerrero, além do técnico da Seleção Peruana, o argentino Ricardo Gareca. Pela equipe nacional, o lateral já fez 12 partidas, sem marcar gols e anotando 1 assistência, curiosamente para o atacante rubro-negro.

A baixa estatura, 1.75m, é vista como um fator negativo para a parte defensiva de seu jogo, e já causou problemas na primeira partida do ano, contra o Boavista, quando o lateral não conseguiu cortar cruzamento e o Fla sofreu o único gol no ano até aqui. Mas, com a bola nos pés, Trauco não vem deixando muitos espaços para a torcida sentir saudades de Jorge. Foram 4 assistências e 1 gol em 5 partidas. Deixando os números de lado, é possível dizer que Trauco sobe ao ataque com muita eficiência e intensidade. Até aqui, chama atenção a técnica do jogador para bater na bola, sempre efetuando passes e cruzamentos com qualidade.

Com o tempo, mais adaptado ao elenco e ao esquema, a tendência é que a parte defensiva sofra menos percalços. Vale lembrar que, inicialmente, o peruano seria reserva. Com a venda de Jorge, foi alçado ao posto um dia antes da estreia oficial e, mesmo assim, parece não ter sentido a pressão até aqui.

Renê

Idade: 24 anos
Posição: Lateral Esquerdo

Última contratação da janela rubro-negra. Veio por conta da saída inesperada de Jorge. Com destaque no último Brasileirão, e dado o início animador de Trauco, vem para ser um bom reserva e manter o nível das atuações que o titular apresentou até aqui. Pode ser mais usado do que se pensa inicialmente, pois o Flamengo conta hoje com 7 estrangeiros, 2 acima do permitido pelas regras em competições nacionais.

Em alguns casos, a depender do adversário, Zé pode optar por deixar Trauco fora da relação, utilizando Renê. Além disso, o peruano é nome constante nas convocações de Gareca para a seleção nacional. Apresenta o mesmo problema de estatura de Trauco, sendo 1 cm mais baixo. No ataque, pode fazer boa parceria com Éverton pela esquerda, pois tem mais velocidade do que o titular. O desafio será manter a regularidade que o peruano vem mostrando até aqui. No Sport, em 210 jogos, foram 7 gols e 18 assistências.

Rômulo

Idade: 26 anos
Posição: Volante

Provavelmente foi a contratação mais comemorada pela torcida do Flamengo. Não só por ser um volante moderno, desses que tem bom passe, fecha espaços com posicionamento correto e sabem construir o jogo e não apenas destruir. Mas muito por conta da saída de Marcio Araújo do time. Sua chegada foi um alívio para boa parte da torcida que persegue o agora ex-titular. Nos jogos em que atuou até aqui na temporada, não foi raro ver seus desarmes sendo feitos a base de posicionamento e antecipação, e não com velocidade, como Márcio costuma fazer.

Além disso, já criou boas oportunidades ofensivas para o time, com passes mais verticais e menos conservadores. As lesões que o atrapalharam durante boa parte do tempo na Rússia – foram apenas 69 jogos em 4 anos de Spartak – parecem ter ficado para trás. A chegada do volante faz o meio campo do Flamengo ficar completo, com jogadores técnicos e que se complementam. Com bom entrosamento e adaptação ao esquema de jogo de Zé Ricardo, tem tudo para ser um dos melhores do Brasil. E Rômulo será fundamental nesse salto de qualidade.

 Dario Conca

Idade: 33
Posição: Meia

A contratação de Conca não era exatamente uma necessidade para reforçar o elenco, já que o clube tem Diego, Mancuello e os jovens Paquetá e Sávio para essa função. O primeiro questionamento feito foi sobre a possibilidade de Diego e Conca jogarem juntos. Até aqui, com Mancuello e Diego jogando lado a lado, a tendência é que Conca assuma a vaga do compatriota quando estiver em plena forma. A segunda dúvida que surgiu foi exatamente sobre as condições físicas do argentino. Em agosto de 2016, Conca sofreu uma séria lesão no joelho e está afastado desde então. No Ninho do Urubu, foi visto apenas nas salas de musculação e fisioterapia para se recondicionar.

Se a lesão faz pairar uma interrogação sobre seu desempenho, o passado de Conca é forte aliado do meia. Nunca teve lesões sérias na carreira, é profissional exemplar, que se cuida e sempre apresentou bom desempenho dentro de campo. No Brasileirão 2010, jogou as 38 partidas e levou o Fluminense ao título daquele ano, dando 18 assistências e marcando 9 gols. Quando estiver recuperado, em meados de abril ou inicio de maio, deve ser titular da equipe. Acrescente-se um detalhe interessante da negociação para entender o porquê do Flamengo, mesmo sem precisar, ter contratado Conca: ele só receberá (cerca de R$ 450 mil mensais) quando pisar em campo. O resto do salário (na casa dos R$ 2 milhões mensais) continua sendo pago pelos chineses do Shangai SIPG.

Orlando Berrío

Idade: 24 anos
Posição: Atacante

Veio para suprir uma das principais carências do elenco do Flamengo: as pontas. Embora tivesse muitos jogadores dessa posição no elenco de 2016, poucos fizeram realmente a diferença quando a corda apertou o pescoço. Com as saídas de Sheik e Fernandinho, ficaram no elenco apenas Éverton, Gabriel, Cirino, Adryan, Thiago Santos e Cafu. Muito pouco para quem almeja buscar os principais títulos do futebol brasileiro e sul-americano.

Assim, credenciado por um grande 2016, principalmente na Libertadores, o colombiano chegou para subir o patamar dos jogadores de lado de campo. No título do Atlético Nacional, participou de 12 jogos e fez 4 gols, sendo um deles o da classificação para a semifinal, contra o Rosário Central. Com porte físico avantajado, muita velocidade e força, Berrio pode ser um jogador importante tanto no ataque quanto na defesa.

Estreou mostrando que tem estrela e, mesmo longe da forma ideal, marcou um gol de cabeça contra o Grêmio pela Primeira Liga. Também foi decisivo no clássico contra o Botafogo, ao dar assistência para o gol da vitória. A depender do esquema adotado por Zé Ricardo, pode atuar pelos dois lados do campo ou mesmo como um segundo atacante.

Flamengo um degrau acima

Analisando o elenco do Flamengo de 2016 e comparando ao de 2017, fica claro que a chegada dos cinco reforços coloca a equipe um degrau acima. Além das chegadas permitirem variações do esquema tático e modelo de jogo, são também um salto de qualidade, o que acaba melhorando o time titular e, consequentemente, o nível do elenco.

A ver nos próximos jogos, e durante a temporada, como o técnico Zé Ricardo utilizará cada um deles e se conseguirá extrair o que de melhor podem oferecer. O fato é que o Flamengo, caso dê continuidade ao trabalho iniciado no ano passado, tem tudo para fazer um ótimo 2017 e brigar por títulos. No entanto, em um exercício de imaginação, pensando apenas em como estão os times e elencos nesse início, a disputa com Palmeiras, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Santos e São Paulo tem tudo para ser de alto nível.

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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Felipe Melo se perdeu no personagem?

O que Maicon, Donizete e Felipe Melo podem ter em comum?

 

Felipe Melo começou o ano demonstrando sua personalidade explosiva. Derrubou o jogador do Botafogo-SP em sua estreia no Paulistão e comemorou o desarme com um grito direcionado ao adversário. Exagerou? Boa parte dos torcedores enxergam a ação do volante como desnecessária, mas pela sua qualidade técnica acabam relevando.

Quais os perigos desse êxtase do jogador? Estaria Felipe Melo entrando para o hall de jogadores que se perdem no personagem que a mídia e a torcida criam para ele? Quem não se lembra de Maicon incorporando o “God of Zaga” e sendo expulso na semi da Libertadores dias após ser contratado e quando o São Paulo mais precisava dele?

Ouça o Imigrantes 057 descubra o que Felipe Simonetti e Lucas Carvalho (com a ausência de Marcelo Fadul) acham e deixe seu comentário,

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Rúben Semedo, a nova fortaleza sportinguista

Dissociar a história do Sporting Clube de Portugal da produção caseira de talentos é impossível. Seu maior artilheiro histórico foi formado no clube, assim como o atleta que mais vezes envergou o manto leonino. Não bastasse, os únicos jogadores portugueses que conquistaram o prêmio de Melhor Jogador do Mundo da FIFA também tiveram sua formação no alviverde lisboeta, que não para de produzir bons jogadores. Se William Carvalho, Rui Patrício e Adrien Silva já estão consolidados, há outros se firmando em Alvalade. É nesse contexto que ascende a firmeza de um beque promissor: Rúben Semedo.

De ascendência cabo-verdiana, mas português de nascença, o jovem zagueiro de 22 anos começou verdadeiramente sua formação no modesto Futebol Benfica, equipe sem qualquer vínculo com o famoso Sport Lisboa e Benfica. Antes, o garoto chegou a passar pelo Sacavenense, contudo, viveu período muito difícil em sua adolescência e entre a passagem por sua primeira equipe e a chegada à segunda, passou alguns anos afastado dos campos.

Foto: Sporting.pt/pt

Seu período no Futebol Benfica foi curto e curiosamente o destino que o jogador tomou – o Sporting – passou pelo rival máximo dos Leões. Foi em uma derrota massacrante para as Águias que Semedo chamou atenção. De forma insólita, nem o 8×0 no placar impediu o beque de ser escolhido o melhor jogador em campo. Em função dessa aparição e de uma ligação, representantes do Sporting foram observar o garoto e, na sequência, o jogador passou a vestir o mais famoso uniforme verde e branco lusitano

Casos assim são raros, mas acontecem; em geral, expondo jogadores destinados ao sucesso. Foi assim, por exemplo, com o zagueiro Lúcio, que ao final da década de 90 chamou a atenção do Internacional, após representar o pequeno Guará-DF e ser derrotado por 7×0 pelo Colorado.

Voltando ao assunto principal, é também interessante observar que devido as suas qualidades técnicas e capacidade física, Semedo chegou ao Sporting como um meio-campista. Como relatou Luís Dias, um dos treinadores do clube, ao portal MaisFutebol, o jovem só foi convertido em zagueiro em razão da saída de Eric Dier, hoje atleta do Tottenham, para o Everton e de uma lesão de Tobias Figueiredo. Tal mudança se mostrou fundamental para Rúben, que em 2013 estreou como profissional. Entretanto, sua afirmação se deu somente na última temporada.

Foto: Sporting.pt/pt

Em 20 de outubro de 2013, o jogador deu seus primeiros passos no futebol profissional. Na ocasião, substituiu o argentino Marcos Rojo e disputou um tempo contra o modestíssimo SC Alba, pela 3ª rodada da Taça de Portugal. Demoraria mais de uma temporada para que voltasse a vestir a camisa dos Leões.

Após atuar a temporada 2013/14 praticamente inteira pelo Sporting B, o defensor foi emprestado ao pequenino CF Reus, então na terceira divisão espanhola, retornando na campanha seguinte. Nela efetivamente passou a ser utilizado, mas não desde o início – Semedo começou a temporada 2015/16 emprestado ao Vitória de Setúbal, mas a convergência de alguns fatores ocasionou seu retorno a Alvalade em janeiro de 2016.

Foto: FPF.pt

No inverno europeu, o treinador Jorge Jesus viu Tobias Figueiredo sofrer problemas físicos, assim como Ewerton, Paulo Oliveira e Naldo também tiveram durante a temporada. Por isso, pediu reforços e recebeu o uruguaio Sebastián Coates, por empréstimo. Nesse contexto, Semedo foi chamado de volta e se tornou titular – entre sua estreia na 20ª rodada do Campeonato Português e o final da temporada, perdeu apenas uma partida, por suspensão.

Sua evolução, é bom dizer, também tem muito a ver com a ascensão do beque charrua, com quem se encaixou muito bem.

“O segredo está no trabalho. O mister tem grande qualidade e ensina-nos bem. Vejo com bons olhos estar a ser reconhecido. Estou focado no Sporting e em ajudar a equipa. Fernando Santos? Não sabia que estava presente (no estádio) mas é um objetivo meu chegar à seleção”, disse Semedo após a vitória do Sporting contra o Légia Varsóvia, pela UEFA Champions League.

Semedo chama atenção de qualquer um que o vê, não só pelo cabelo ou por sua estatura. Zagueiro muito rápido, apto ao jogo com os pés (até o momento acerta uma média de 90,6% dos passes que tenta no Campeonato Português) e pelo alto, vai bem às interceptações e desarmes, com média, na atual temporada, de 2,8 e 2 por partida.

Seu jogo é muito físico, agressivo e preciso. Por isso, mostra aptidão para atuar também no meio-campo. No entanto, é um diamante bruto a ser lapidado, ainda exagerando por vezes no uso da força e na expressão de sua vontade.

Com passagem pelos times sub-20 e sub-21 de Portugal, aguarda um chamado à Seleção das Quinas, o que não deverá tardar.

“O Gelson e o Rúben Semedo fazem parte da equipa do Sporting quase sempre como titulares. Não vai demorar muito tempo para o Rúben Semedo também ser chamado à Seleção. Isto é fruto do trabalho da formação do Sporting, que produz muitos ativos e depois com um treinador que saiba potencializar isso torna-se mais fácil”, disse Jorge Jesus em entrevista coletiva após a convocação de Gelson Martins à Seleção Portuguesa.

Aliás, com predicados técnicos raros, Rúben já tem chamado a atenção de outras equipes. Ultimamente, foi noticiado interesse de Milan, Everton, Chelsea e Southampton em seu futebol, estando seu valor rondando algo entre £10 e £15 milhões. Seu contrato, no entanto, vige até 2022 e não deverá ser tarefa fácil tirá-lo de Alvalade.

Com futebol muito sólido, qualidades técnicas difíceis de encontrar no mercado, muita autoconfiança e apoio de seu treinador, Semedo vai, rapidamente, pavimentando sua trilha no futebol europeu.

Olho nele!

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

São Paulo contrata a instituição Lucas Pratto

O ano para o torcedor são-paulino parecia caminhar para ser apenas mais um. Tem sido assim há bastante tempo. Brilhos esporádicos, jogos medíocres, uma ou outra boa revelação despontando e tomando caminhos europeus somados a um barco enorme de frustrações. Aquela frase que popularizou-se na década passada, a mesma que insinuava ser uma moleza torcer para o São Paulo, há muito distanciou-se do Morumbi. Torcer para o São Paulo tornou-se uma enorme agonia.

Animal que habita a grande área, esse é Lucas Pratto (Foto: Bruno Cantini / Atlético Mineiro)

Por mais que 2017 tenha trazido Rogério Ceni de volta ao São Paulo, algo que mexe e muito nas estruturas mais profundas do futebol tricolor, ninguém no clube realmente acreditou ser Ceni motivo único para alterar rotinas viciosas, mudar patamares, corrigir defeitos enraizados. Há um otimismo enorme com o trabalho e as ideias de Rogério. Todos estão encantados. Além do treinador, encanta também a presença de um profissional de alto nível de capacidade, como é o caso do auxiliar técnico inglês Michael Beale, peça fundamental na construção tática desse novo time.

Sidão, Neilton, Cícero e o diferenciado Wellington Nem. Poucas peças chegaram para esse ano. Muitos, além desses, foram os garotos alçados para o time principal vindo das categorias inferiores do clube, em um misto de premiação pelas absurdas e recentes campanhas vencedores e a necessidade por ter o cofre deveras vazio. Não é fácil fazer futebol, gerir um clube, muito menos manter competitiva uma instituição saqueada por seus gestores durante muitos anos.

Lucas Pratto é o reforço mais importante da temporada para o Tricolor (Foto: Bruno Cantini / Atlético Mineiro)

Sorte do São Paulo que o futebol é parte de algo muito mais complexo do que imaginamos, e esse negócio chama-se vida. Nela, há coisas que simplesmente acontecem. O imponderável demorou, demorou, demorou, mas demorou muito para bater a porta do Tricolor. Mas bateu. Bateu e trouxe elementos que podem ajudar qualquer um com mínimo discernimento gerenciável a se pôr novamente de pé. Propostas ridículas – parafraseando o narrador Everaldo Marques, da ESPN – surgiram por diversos jogadores do clube. Entre eles, David Neres e Lyanco, titulares da Seleção Brasileira Sub-20. O clube não precisou negociar muito. Foi preciso apenas aceitar a chance de respirar e fazer os meses voltarem a ter 30 dias.

Instituições ajudam instituições. Essa quase verdade volta à tona nesta semana. No meio da recuperação de gestão, o São Paulo foi ajudado e também decidiu solicitar a presença de um jogador de futebol especial no seu plantel, por motivos que vão muito além das questões técnicas. Situações diferentes exigem jogadores diferentes. O São Paulo trouxe, de maneira ainda pouco esclarecida, o atacante argentino Lucas Pratto, do Atlético-MG. Para muitos, apenas um bom jogador. Para outros, um cara supervalorizado e caro. Para poucos, como eu, uma instituição.

Pratto tem no São Paulo a chance de jogar com regularidade e chegar à Copa do Mundo da Rússia pela Argentina (Foto: AFA)

É fácil perceber que chega ao São Paulo muito mais do que um atleta. Quem vivenciou Pratto no Atlético-MG deve – mesmo que esteja agora chateado – concordar que há diversos fatores além do técnico no argentino, no Urso, no hoje titular da Seleção Argentina. Respeito, dedicação, profissionalismo, técnica, raça, liderança, imponência, força física, velocidade, cabeceio, drible, passe e gols. Pratto é um jogador raro. Pratto é um animal que habita a grande área e não precisa dela para viver. É tudo aquilo que a maioria dos outros atacantes nunca será: completo.

Como disse, mesmo que todas as cifras e condições de negócio ainda estejam obscuras, não resta dúvida alguma sobre a monstruosidade da contração que faz o São Paulo. Lucas Pratto tem agora enorme chance de comprovar sua qualidade e retificar aos seus novos parceiros e também aos compatriotas que hoje tomam conta de sua Seleção que pode, sim, ser a alma de um país que vive uma crise de identidade no seu time principal. Crise essa que se assemelha demais ao desafio que terá no Morumbi. Pratto é um gigante, um ser formado por muitas nuances e agora a principal aposta de uma outra instituição colossal como ele. Ganham o São Paulo, o Galo, a Argentina de Edgardo Bauza e muito provavelmente a Copa da Rússia. Ganha, principalmente, o torcedor são-paulino.

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Barcelona e a Era Pep Guardiola

Só de ouvir o nome de Pep Guardiola, corações azuis-grená saltam do peito e olhos se enchem de lágrimas. Enfim, as lembranças da fase mais marcante e vitoriosa do FC Barcelona vem à tona. Sua história no comando do clube é recheada de momentos históricos. Repleta de goleadas e filosofias marcantes e, o mais importante, futebol bonito e extremamente pensado.

“No processo, há sempre muitas perguntas, a única coisa que vale a pena é a convicção de ter uma ideia”.

PEP GUARDIOLA

Com essas e outras frases inspiradoras, Guardiola ajudou a revolucionar o Barcelona. Tudo o que Pep dizia e pensava, colocava em prática dentro da cancha.


Leia mais: As setes maiores noites do Barcelona de Guardiola


Impossível esquecer as grandes goleadas, os jogos eletrizantes. O Iniestazo em 2009, o 2×6 e o 5×0 sobre o maior rival, o sexteto. Impossível não lembrar da bagunça que causou nos adversários. E, mais importante, impossível esquecer dos títulos, memoráveis e inesgotáveis títulos. E foram muitos. Exatamente 14 em 4 anos de comando.

Entretanto, muito mais coisas estão por trás dos quatro anos que colocaram Guardiola e o Barcelona no topo do mundo.

Seja bem-vindo a ERA GUARDIOLA!

⚽ INÍCIO AVASSALADOR ⚽

Difícil não admirar um treinador que aos 38 anos assumiu uma das equipes mais importantes e valiosas do futebol mundial. E, com estilo de jogo arrojado, caminhou durante quatro anos abocanhando troféus.

Josep Guardiola foi anunciado como técnico do time principal após passagem pelo Barcelona B (categoria de base da equipe principal). Pep comandou os jogadores de La Masia ao título da terceira divisão. Feito importante que garantiu a subida para a segunda divisão espanhola (limite máximo que um time B poderia alcançar)

Guardiola em seu primeiro dia como treinador do Barcelona, em 5 de junho de 2008

Guardiola em seu primeiro dia como treinador do Barcelona, em 5 de junho de 2008 │ Foto: FCBarcelona.com

Assim que assumiu, acabou promovendo vários de seus comandados dos times de base. Como Sergio Busquets e Pedro Rodríguez, titulares em quase toda sua era como técnico do Barcelona. Arriscado, porém recompensador.

Logo no começo de seu trabalho, Guardiola conseguiu o que ninguém jamais conseguiu até hoje: o festejado e aclamado Sexteto. Nada menos que a Liga Espanhola, a Copa do Rei da Espanha, a UEFA Champions League, a Supercopa da UEFA, a Supercopa da Espanha e o Mundial de Clubes da FIFA. Seis títulos levantados de seis títulos disputados.

Tudo em sua primeira temporada como técnico do Barça. Na mesma época de tais feitos, ele foi eleito por diversas revistas e meios de comunicação como o melhor técnico do mundo.

Encontro de gênios

Pep abraçado a seu maior pupilo e "criação": Lionel Messi

Pep abraçado a seu maior pupilo e “criação”: Lionel Messi

“Pep é mais importante para o Barcelona do que eu”.

LIONEL MESSI

O argentino foi peça fundamental nas históricas vitórias do time catalão. Pep, ao final de sua passagem, a nomeou como a Era Messi. E não foi por menos. O camisa 10 marcou época e atingiu feitos inigualáveis. Tais como os surpreendentes 91 gols em um só ano, ou os cinco gols em uma só partida. 

Mas, como o próprio gênio argentino mesmo disse, a importância de toda aquela equipe bem formulada, e meticulosamente treinada taticamente , cabia a um só homem: Guardiola.


Leia mais: quando Messi virou falso 9


Adeus, medalhões

Guardiola não quis saber de se apegar a medalhões da fase vencedora passada do Barcelona. Nomes de peso como Deco, Eto'o e Ronaldinho viriam a sair do clube, durante o comando do catalão.

Guardiola não quis saber de se apegar a medalhões da fase vencedora passada do Barcelona. Nomes de peso como Deco, Eto’o e Ronaldinho viriam a sair do clube, durante o comando do catalão.

O período Guardiola teve algumas mudanças importantes no elenco. Jogadores importantes como Deco, Eto’o e Ronaldinho Gaúcho acabaram saindo. Saídas contestadas, cada uma em sua época de acontecimento. Houve espanto e muitas especulações a respeito do papel de Pep na ruptura do time com seus medalhões vencedores. Mas, o tempo provou que o foco na base do grupo e nos garotos de La Masia era acertadíssimo.

⚽ FILOSOFIA E ESTILO DE JOGO ⚽

Não tem como falar em Guardiola sem citar seu estilo, sua filosofia de jogo. Sua forma de jogar consistia em inúmeros toques de bola que seus jogadores davam. A bola passava pelos pés de quase todos durante as partidas. Seu Barcelona se caracterizava pela manutenção da posse no campo de ataque do adversário. Isso demandava muita coordenação e movimentação dos atletas. Sem contar a dedicação e polivalência, pois precisavam atacar e defender com empenho e precisão, para sempre tentar reciclar a posse.

A metodologia deu muito certo durante seu comando. O comportamento do time catalão focava na posse de bola, em não deixar o outro time jogar. O que ocorria também quando o time estava sem a bola; com marcação adiantada, sufocando o adversário e fazendo com que a bola fosse recuperada o quanto antes.

“Você ganha a bola de volta quando há trinta metros da meta, não oitenta”.

PEP GUARDIOLA

Várias frases resumem bem o jeito que Pep pedia para que seus jogadores se comportassem em campo. A visão mais clara disso é a questão da objetividade sem pressa. Buscar o gol em uma partida de futebol é essencial, mas tem de ser feito de um jeito inteligente. O afobamento de diversas equipes acaba sendo resultado de um mau preparo técnico. E com o time de Guardiola tudo era pensado para que dentro de campo funcionasse da melhor forma possível. O método de Josep consistia em tocar a bola com intenção, com propósito bem claro e ensaiado.

“Ele nos disse quando assumiu o time: meu trabalho é levá-los até o último terço do campo. O trabalho de vocês é terminar o trabalho”.

THIERRY HENRY, sobre a obsessão de Guardiola a respeito da construção de jogo.

O jeito de Pep era achar e/ou criar brechas. E usar a qualidade dos jogadores para que os lances tivessem maior efetividade. Naquele Barcelona, ele conseguiu colocar esse pensamento em prática com maestria.

⚽ OS NÚMEROS ⚽

Os números da Era Guardiola são expressivos e antológicos. O aproveitamento geral, dentro e fora de casa, excede os 70%, contando os quatro anos de comando. É uma marca histórica. Reflete não só a dedicação e qualidade da equipe, como também o inteligente e vencedor trabalho de Guardiola na gestão.

Tito Vilanova, Pep Guardiola e a tríplice coroa conquistada na temporada 2008/09

Tito Vilanova, Pep Guardiola e a tríplice coroa conquistada na temporada 2008/09 │ Foto: FCBarcelona.com

Os números são impressionantes:

MANDO Jogos Vitórias Empates Derrotas Gols Marcados Gols Sofridos Saldo de Gols %
Casa 121 99 14 8 369 78 291 85,7%
Fora 120 74 33 13 253 101 152 70,8%
Neutro 6 6 0 0 16 2 4 100%
GERAL 247 179 47 21 638 181 457 78,8%

Contra o Real Madrid, Pep marcou na memória dos torcedores jogos históricos.

Com as goleadas por 5×0 e 2×6 e um retrospecto de amplo domínio sobre o rival:

 

DATA EDIÇÃO MANDANTE VISITANTE
13/12/2008 Liga BBVA 2008/09 Barcelona 2×0 Real Madrid
02/05/2009 Liga BBVA 2008/09 Real Madrid 2×6 Barcelona
29/11/2009 Liga BBVA 2009/10 Barcelona 1×0 Real Madrid
10/04/2010 Liga BBVA 2009/10 Real Madrid 0x2 Barcelona
29/11/2010 Liga BBVA 2010/11 Barcelona 5×0 Real Madrid
16/04/2011 Liga BBVA 2010/11 Real Madrid 1×1 Barcelona
20/04/2011 Copa do Rei 2010/11 Barcelona 0x1 (a.p.) Real Madrid
27/04/2011 Champions League 2010/11 Real Madrid 0x2 Barcelona
 03/05/2011  Champions League 2010/11  Barcelona  1×1  Real Madrid
14/08/2011 Supercopa da Espanha 2011 Real Madrid 2×2 Barcelona
17/08/2011 Supercopa da Espanha 2011  Barcelona  3×2  Real Madrid
10/12/2011 Liga BBVA 2011/12 Real Madrid 1×3  Barcelona
18/01/2012 Copa do Rei 2011/12  Real Madrid  1×2  Barcelona
25/01/2012 Copa do Rei 2011/12 Barcelona 2×2 Real Madrid
21/04/2012 Liga BBVA 2011/12 Barcelona 1×2 Real Madrid

Fonte: Futdados

⚽ AS CONQUISTAS MEMORÁVEIS ⚽

Carles Puyol levanta a terceira conquista da Champions League do Barcelona, em Roma, 2009

Carles Puyol levanta a terceira conquista da Champions League do Barcelona, em Roma, 2009 │ Foto: FCBarcelona.com

UEFA Champions League 2008/09

A temporada da UEFA Champions League começou tranquila para o Barcelona. Num grupo fácil, somou 13 pontos contra Sporting, Shakhtar Donetsk e Basel, e se classificou na liderança do grupo C.

Nas oitavas, encarou o Lyon e com um empate no primeiro jogo e uma goleada no segundo, seguiu adiante para enfrentar o tradicional Bayern.

O time bávaro encontrou o trio de ataque do Barcelona muito inspirado. Formado por Henry, Eto’o e Messi, logo no jogo de ida a goleada por 4×0 praticamente selou o avanço dos catalães até a semifinal. E foi aí que as coisas começaram a dificultar.

Empate sem gols em casa, na primeira partida.

O histórico gol de Andrés Iniesta no Stamford Bridge, aos 48 minutos do segundo tempo, cravou a ida do Barça até Roma. O adversário da vez era o poderoso Manchester United de Sir Alex Ferguson, que vinha de uma conquista histórica frente ao Chelsea na Champions 2007/08.

Com um time espetacular, os Red Devils eram vistos como oponentes duríssimos na final. Porém, Messi e Eto’o estragaram a festa inglesa e deram ao Barça, a primeira tríplice coroa de uma equipe espanhola na história.

O capitão Carles Puyol e o primeiro troféu do triplete de 2009, a taça da Liga Espanhola

O capitão Carles Puyol e o primeiro troféu do triplete de 2009, a taça da Liga Espanhola │ Foto: FCBarcelona.com

La Liga 2008/09

A temporada de 2007/08 não havia sido boa para o Barcelona. Sem somar muitas vitórias contra seus maiores rivais, a equipe ficou com a terceira colocação da somando 67 pontos. Diferença gigante para o campeão do ano, o Real Madrid. Porém, com a chegada de Guardiola e sua reformulação do elenco, o time celebrou a conquista da Liga na temporada seguinte. Com impressionantes 87 pontos (27 vitórias, seis empates e cinco derrotas). E ainda mais surpreendentes 105 gols marcados, contra 35 sofridos.

Para coroa a campanha, houve a épica goleada por 2×6, diante do rival em pleno Santiago Bernabéu. O baile selou uma das passagens mais marcantes do Barcelona por Madri.

Além disso, as expressivas vitórias por 6×1 sobre o Atlético de Madrid, 4×0 no Valencia, 1×2 no Villareal (fora de casa) e 4×0 no Sevilla, foram imprescindíveis para a conquista do décimo nono caneco da equipe culé.

Copa do Rei 2008/09

A festa do elenco na conquista da Copa do Rei em 2009, após uma goleada sobre o Athletic Bilbao

A festa do elenco na conquista da Copa do Rei em 2009, após uma goleada sobre o Athletic Bilbao │ Foto: FCBarcelona.com

O famoso mata-mata espanhol conheceu seu dono da temporada 2008/09 em campanha invicta do Barcelona. Feito esse conseguido deixando alguns de seus maiores rivais para trás. Logo nas oitavas da competição, o time catalão enfrentou os colchoneros do Atlético de Madrid, vencendo por 5×2 no agregado (1×3 e 2×1).

As quartas de final diante do Espanyol reservaram jogos difíceis. Após o empate por sem gols no primeiro jogo, a obrigação de vencer o segundo e dar o primeiro passo para a tríplice coroa era obrigatória. E não foi por menos, o Barça fez 3×2 no segundo encontro e seguiu adiante. Para mais tarde vencer o Mallorca por 2×0 no Camp Nou e empatar por 1×1 fora de casa. Colocando assim os dois pés na final contra o Athletic Bilbao.

Na decisão, o Barça começou em desvantagem sofrendo gol logo aos oito minutos. Contudo, em uma jogada de craque, o marfinense Yaya Toure empatou o jogo ainda aos 30 do primeiro tempo. Depois disso, foi a vez de Messi achar espaço entre a defesa e marcar o segundo do time blaugrana. Após os dois gols, o domínio catalão prevaleceu e em uma jogada bem trabalhada Bojan ampliou. No apagar das luzes, coube a Xavi Hernández dar números finais a goleada em cobrança de falta.

UEFA Champions League 2010/11

A festa do elenco na conquista da Copa do Rei em 2009, após uma goleada sobre o Athletic Bilbao. A coroação do trabalho de Guardiola. Vencer Alex Ferguson por uma segunda vez numa final continental dá a dimensão da excelência do trabalho do catalão à frente do Barça.

A festa do elenco na conquista da Copa do Rei em 2009, após uma goleada sobre o Athletic Bilbao │ Foto: FCBarcelona.com

Depois de uma derrota por 3×1 diante da Internazionale, a magra vitória no segundo jogo deixou um sentimento amargo nos corações azuis-grená. O Barcelona de Pep, já consagrado pelas conquistas anteriores, ficava pelo caminho na Champions League 2009/10.

A ambição de vencer tudo o que disputava era clara. E o time de Guardiola, no ano seguinte, provou mais uma vez ao mundo que era o melhor da Europa.

Os catalães caíram em grupo fácil com Copenhagen, Rubin Kazan e Panathinaikos. Somaram 14 pontos e seguiram em frente para enfrentar o Arsenal nas oitavas do torneio.

A derrota por 2×1 na Inglaterra não desanimou os espanhóis. Com um 3×1 dentro de casa despacharam os Gunners e avançaram para as quartas de final.

O Shakhtar Donetsk, recheado de brasileiros, não causou grandes problemas. Com goleada por 5×1, no Camp Nou, e 0x1 na Ucrânia, o Barça garantia vaga na semifinal contra o Madrid.

Inimigo íntimo em batalha continental

O ano de 2011 reservou um período empolgante para os fãs do futebol bem jogado. Principalmente para os que acompanhavam de perto a bola rolando em terras espanholas. Não será todo dia que veremos Barcelona e Real Madrid se enfrentando 4 vezes num espaço inferior a um mês. O chaveamento da Champions colocando frente a frente os gigantes espanhóis deixou o mundo boquiaberto e ansioso pelos duelos.

Com a bola rolando, a equipe de Cristiano Ronaldo e companhia sofreu nas mãos de Lionel Messi. O argentino, com dois gols, sendo o segundo uma pintura, calou o Santiago Bernabéu e garantiu a vantagem.

Em casa, o empate em 1×1 colocou, duas temporadas depois, Pep em mais uma final de Champions League.

Londres, Inglaterra - 28 de Maio de 2011: Josep Guardiola cumprimenta Sir Alex Ferguson antes da final pela UEFA Champions League 2010/2011, no Wembley.

Londres, Inglaterra – 28 de Maio de 2011: Josep Guardiola cumprimenta Sir Alex Ferguson antes da final pela UEFA Champions League 2010/2011, no Wembley.

Em Londres, no mítico Wembley, o outro lado do campo era habitado por um Manchester United com sede de vingança. Infelizmente, os ingleses pouco puderam.

A final em Wembley marcou um dos maiores jogos já disputados pelo Barcelona de Guardiola. Os catalães foram soberanos diante dos Red Devils. Pedro, atacante promovido pelo técnico ao time principal, abriu o placar. O empate do time de Ferguson veio logo em seguida com Wayne Rooney. Apesar do gol inglês, a equipe blaugrana dominava as ações do jogo. Resultado disso foi o espetacular tiro de fora da área do camisa 10 que desempatou a decisão. Poucos minutos antes do encerramento da partida, David Villa achou o ângulo de Van der Sar e deu números finais a quarta conquista do Barcelona na Champions League.

⚽ DESFECHO ⚽

O fim da fase mais vitoriosa do Barcelona aconteceu numa coletiva de imprensa realizada no dia 27 de abril de 2012. Pep anunciava que deixaria a Catalunha diante da emoção de vários de seus comandados.

“Eu queria fazer o melhor que um treinador poderia fazer. Normalmente, os treinadores do Barça não duram. Meu caso foi uma rara exceção. Não me toca falar do meu legado. Vou com a sensação de dever cumprido. Estou feliz com o que fiz. Minha família não influenciou em nada. Minha companheira já sabia que tipo de trabalho eu tinha quando era jogador e meus filhos são muito pequenos ainda. É uma decisão que tem o apoio dela, mas é minha”.

“Quero agradecer aos jogadores, pelo privilégio de trabalhar com eles. É um prazer ter trabalhado com eles. Eu estou indo embora para poder me recuperar. Vou embora com a sensação de dever cumprido, de ter feito o melhor possível. É um grande clube, com muita força. Obrigado a todos, por tudo”.

PEP GUARDIOLA, em sua última entrevista coletiva como técnico do Barcelona.

Após isso, declarações de visível apreço ao treinador, inúmeros elogios e a tristeza tomaram conta da sala de imprensa.

“Esta é uma coletiva de imprensa que eu nunca queria dar. Quando Pep nos disse que não queria continuar, não queríamos acreditar”.

ANDONI ZUBIZARRETA, ex-goleiro do Barça e na época diretor de futebol do clube

Guardiola e Messi, criador e criatura. Muitos momentos de celebração, como este, ficaram na memória dos amantes do futebol-arte.

Guardiola e Messi, criador e criatura. Muitos momentos de celebração, como este, ficaram na memória dos amantes do futebol-arte. E é isso que Messi quis deixar marcado, em vez da tristeza pela saída de seu mentor.

“Quero agradecer de todo o coração a Pep pelo muito que deu à minha carreira profissional e pessoal. Devido a essa emotividade que sinto, preferi não estar presente na coletiva, longe da imprensa, principalmente porque sei que eles buscarão os rostos tristes dos jogadores e isso é algo que decidi não mostrar”.

LIONEL MESSI, em sua rede social justificando a ausência na coletiva de despedida de Pep

A Era Guardiola chegava ao fim, e os corações blaugranas se enchiam de saudades e emoção. Pep ensinou que com muito esforço, profissionalismo e força de vontade, todos podem alcançar e até ultrapassar seus limites. O comandante catalão deu vida não apenas a um estilo de jogo, mas também uma forma de viver e de praticar futebol.

As constantes cobranças sempre farão parte da carreira de um atleta, e com Guardiola elas vem em forma de ensinamento e obsessão em se jogar de acordo com sua filosofia pensada para o jogo.

O técnico mais vencedor da história do Barcelona herdou muito de seus mestres (Rinus Michels e Johan Cruyff). Aprendeu com eles e teve uma plataforma no Barça para seguir seus passos. Mas também deixou um legado  próprio. Ajudando assim a marcar e exaltar para sempre a escola barcelonista de jogar futebol, jeito próprio e fundamentalmente identitário da Catalunha.

“Não estou lidando com jogadores, estou lidando com pessoas. Eles têm medos. Preocupam-se em falhar e parecerem bobos na frente de 80 mil pessoas. Eu tenho que fazê-los ver que sem uns aos outros eles não são nada”.

JOSEP GUARDIOLA I SALA

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