sábado, 18 de fevereiro de 2017

Daniele Rugani, o “zagueiro fair play” da Juventus

53 partidas, um total de 4.421 minutos. Cerca de 73 horas e 30 minutos, mais ou menos três dias. Este foi o tempo que Daniele Rugani, jovem defensor da Juventus, passou sem levar sequer um cartão na Série A italiana. Um feito que já seria enorme atuando apenas pela Juve, equipe mais soberana da Bota nos últimos cinco anos. Porém, algo que triplica de tamanho quando se percebe que dois terços do período se deram com a camisa do pequenino Empoli – na temporada em que o time voltava à elite. De qualquer forma, de nada adiantariam tais números caso Rugani fosse limitado e cheio de debilidades no seu jogo. Certamente não é essa a verdade: estamos falando de um dos zagueiros mais promissores da Europa.

Idas e vindas entre Empoli e Juve

Rugani nasceu na região da Toscana, mais precisamente na linda e histórica cidade de Lucca.

A exemplo do principal monumento local, o muro de Lucca, o jovem de 21 anos é um gigante em estatura e protege muito bem sua fortaleza. A muralha tem 12 metros de altura; Daniele, “um pouco” menos: 1,90m. Ele chegou ao Empoli, clube também toscano, logo aos seis anos de idade. Lá o garoto permaneceu até 2012, quando foi emprestado à Juventus ainda antes de estrear profissionalmente, com 18 anos. Passada uma temporada nas categorias de base do time de Turim, o zagueiro teve metade dos seus direitos econômicos adquiridos pela Juve. Entretanto, era momento de voltar ao lar para jogar a Série B 2013/14 com o Empoli. Começaria ali a carreira profissional do defensor, de quem muito se espera na Itália.

Consolidação e glória do Empoli

O jovem retornava ao Empoli para ganhar experiência e tempo em campo, o que com certeza não teria na Juventus. Sendo essa a intenção, na prática tudo funcionou ainda melhor. Sob comando de Maurizio Sarri, hoje no Napoli, o atleta disputou 40 dos 42 jogos totais. Dos 3780 minutos em que poderia ter atuado, Daniele esteve em 3578 – 94% de presença. Durante tudo isto, míseros três cartões amarelos foram aplicados no então jovem de 19 anos. De quebra veio o prêmio de melhor jogador da Série B, coroando a campanha que culminou no acesso do clube.

Era o auge, o momento maior de alguém que sempre havia se destacado em meio aos outros. Um exemplo disso é que Rugani frequenta a seleção italiana desde que tinha 16 primaveras, e de lá para cá só falta no currículo uma atuação na Azurra principal.

Na 1ª divisão, já na temporada 2014/15, os recordes não deixaram o toscano. Ele esteve em absolutamente todas as partidas do Empoli, sempre durante os 90 minutos. Sem lesões, sem suspensões, sem ser poupado pelo treinador Sarri ou qualquer outra coisa que o tirasse do gramado. Os campos de futebol da Itália viraram, todos, sua casa: o habitat natural do gigante era feito de grama. Tinha uma baliza para defender, uma bola para afastar e divididas para vencer. Não era necessário mais nada. A criança nascida na bela Lucca havia se tornado um zagueiro imponente e limpo. A Juve não esperou, rapidamente comprou os 50% dos direitos que não tinha e garantiu mais um talento do Belpaese para si. Um talento que, antes de abandonar Empoli, cravou seu lugar na seleção da Série A 2014/15.

Desembarque na Juve e o salto

A chegada à Juventus significou um salto de qualidade na carreira, uma mudança de patamar na vida de Rugani. Seu estágio seria na melhor escola do país, ao lado dos professores Chiellini, Bonucci e Barzagli. Se seu objetivo era se tornar um defensor completo, é possível afirmar que ele está no caminho certo. Porém, com tanta gente qualificada e adaptada ao modelo de jogo juventino, a vida do pupilo não iniciou tão bem. Foram apenas três exibições na primeira metade da temporada, duas delas entrando no decorrer das partidas. Até porque, com alguma frequência, Allegri opta por apenas dois zagueiros. Mas com as lesões de Cáceres, Chiellini e Barzagli – não ao mesmo tempo -, Rugani ganhou uma desculpa para ter sequência.

Rugani em campo contra a Inter de Milão (Foto: Divulgação/Juventus)

Rugani em campo contra a Inter de Milão (Foto: Divulgação/Juventus)

Desde que estreou no Campeonato Italiano vestindo bianconero, na 17ª rodada, o zagueiro virou titular indiscutível. A verdade é que hoje ele está encaixado na mecânica da Juventus, sabe o que fazer em cada situação. Sem perder seus detalhes naturais, mantendo coisas como o bom jogo aéreo e belas antecipações, o ex-Empoli caminha para se afirmar de vez no futebol da Bota.

Características do zagueiro

O simples fato de ter quase 2 metros de altura já coloca qualquer futebolista como uma grande arma aérea. Daniele Rugani ostenta 1,90m e sabe muito bem utilizar tal estatura, no ataque e na defesa. Para se consolidar como “zagueiro fair play”, ele tem mostrado uma ótima tomada de decisões. As antecipações, por exemplo, são limpas e dificilmente terminam em faltas. As até frequentes saídas de posição para agredir, presentes desde a época de Empoli, buscam impedir passe ou finalização e roubar a pelota rapidamente – não criar contato com o atacante, o que, na maioria das vezes, é benéfico para ele.

O italiano é seguro em relação ao posicionamento, sobretudo jogando na linha de três zagueiros da Vecchia Signora. Aliás, sendo mais uma característica trazida do Empoli, o garoto consegue ocupar direita e esquerda sem problemas. Com a bola nos pés, Rugani não é o melhor do mundo. Por isso, não arrisca tanto quanto Bonucci ou Barzagli. Claro, além de ambos serem experientes e totalmente confiantes para fazê-lo. É um aspecto em que ele deve evoluir, até porque a Juventus necessita da saída de bola a partir da zaga. Por fim, ainda que alto e não tão veloz assim, o juventino possui uma capacidade de recuperação interessante.

Arte: DPF

Arte: DPF

Rugani fez do Empoli um vestibular de luxo para a vida que lhe esperava. Até o dia em que o lar ficou pequeno demais para tanta luz, quando a criatura teve de largar o criador definitivamente. Pois apenas uma casa maior, junto de outras estrelas, suportaria tamanha qualidade a ser desenvolvida. O garoto de Lucca aprendeu com os melhores, em uma universidade organizada e fluida. Mesmo agora, já membro oficial da bancada bianconera, ele continua absorvendo conhecimento. Talvez, isso seja só o ponto de partida.

Olho Nele!

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