sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

São Paulo contrata a instituição Lucas Pratto

O ano para o torcedor são-paulino parecia caminhar para ser apenas mais um. Tem sido assim há bastante tempo. Brilhos esporádicos, jogos medíocres, uma ou outra boa revelação despontando e tomando caminhos europeus somados a um barco enorme de frustrações. Aquela frase que popularizou-se na década passada, a mesma que insinuava ser uma moleza torcer para o São Paulo, há muito distanciou-se do Morumbi. Torcer para o São Paulo tornou-se uma enorme agonia.

Animal que habita a grande área, esse é Lucas Pratto (Foto: Bruno Cantini / Atlético Mineiro)

Por mais que 2017 tenha trazido Rogério Ceni de volta ao São Paulo, algo que mexe e muito nas estruturas mais profundas do futebol tricolor, ninguém no clube realmente acreditou ser Ceni motivo único para alterar rotinas viciosas, mudar patamares, corrigir defeitos enraizados. Há um otimismo enorme com o trabalho e as ideias de Rogério. Todos estão encantados. Além do treinador, encanta também a presença de um profissional de alto nível de capacidade, como é o caso do auxiliar técnico inglês Michael Beale, peça fundamental na construção tática desse novo time.

Sidão, Neilton, Cícero e o diferenciado Wellington Nem. Poucas peças chegaram para esse ano. Muitos, além desses, foram os garotos alçados para o time principal vindo das categorias inferiores do clube, em um misto de premiação pelas absurdas e recentes campanhas vencedores e a necessidade por ter o cofre deveras vazio. Não é fácil fazer futebol, gerir um clube, muito menos manter competitiva uma instituição saqueada por seus gestores durante muitos anos.

Lucas Pratto é o reforço mais importante da temporada para o Tricolor (Foto: Bruno Cantini / Atlético Mineiro)

Sorte do São Paulo que o futebol é parte de algo muito mais complexo do que imaginamos, e esse negócio chama-se vida. Nela, há coisas que simplesmente acontecem. O imponderável demorou, demorou, demorou, mas demorou muito para bater a porta do Tricolor. Mas bateu. Bateu e trouxe elementos que podem ajudar qualquer um com mínimo discernimento gerenciável a se pôr novamente de pé. Propostas ridículas – parafraseando o narrador Everaldo Marques, da ESPN – surgiram por diversos jogadores do clube. Entre eles, David Neres e Lyanco, titulares da Seleção Brasileira Sub-20. O clube não precisou negociar muito. Foi preciso apenas aceitar a chance de respirar e fazer os meses voltarem a ter 30 dias.

Instituições ajudam instituições. Essa quase verdade volta à tona nesta semana. No meio da recuperação de gestão, o São Paulo foi ajudado e também decidiu solicitar a presença de um jogador de futebol especial no seu plantel, por motivos que vão muito além das questões técnicas. Situações diferentes exigem jogadores diferentes. O São Paulo trouxe, de maneira ainda pouco esclarecida, o atacante argentino Lucas Pratto, do Atlético-MG. Para muitos, apenas um bom jogador. Para outros, um cara supervalorizado e caro. Para poucos, como eu, uma instituição.

Pratto tem no São Paulo a chance de jogar com regularidade e chegar à Copa do Mundo da Rússia pela Argentina (Foto: AFA)

É fácil perceber que chega ao São Paulo muito mais do que um atleta. Quem vivenciou Pratto no Atlético-MG deve – mesmo que esteja agora chateado – concordar que há diversos fatores além do técnico no argentino, no Urso, no hoje titular da Seleção Argentina. Respeito, dedicação, profissionalismo, técnica, raça, liderança, imponência, força física, velocidade, cabeceio, drible, passe e gols. Pratto é um jogador raro. Pratto é um animal que habita a grande área e não precisa dela para viver. É tudo aquilo que a maioria dos outros atacantes nunca será: completo.

Como disse, mesmo que todas as cifras e condições de negócio ainda estejam obscuras, não resta dúvida alguma sobre a monstruosidade da contração que faz o São Paulo. Lucas Pratto tem agora enorme chance de comprovar sua qualidade e retificar aos seus novos parceiros e também aos compatriotas que hoje tomam conta de sua Seleção que pode, sim, ser a alma de um país que vive uma crise de identidade no seu time principal. Crise essa que se assemelha demais ao desafio que terá no Morumbi. Pratto é um gigante, um ser formado por muitas nuances e agora a principal aposta de uma outra instituição colossal como ele. Ganham o São Paulo, o Galo, a Argentina de Edgardo Bauza e muito provavelmente a Copa da Rússia. Ganha, principalmente, o torcedor são-paulino.

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