sábado, 27 de junho de 2020

Desvendando o Bayern de Hansi Flick

De assistente a treinador, “Hansi” Flick é o principal responsável pela mudança de atitude do time bávaro

Após um começo de temporada bastante irregular, com uma equipe apresentando um futebol aquém do que se espera do Bayern de Munique, incluindo uma goleada (5-1) inimaginável sofrida ante o Eintracht Frankfurt e que custou o cargo do croata Niko Kovac, surgiu à oportunidade para Hans-Dieter “Hansi” Flick.

Hansi Flick e Niko Kovac durante treino do Bayern de Munique (Foto: Matthias Balk/Picture Alliance)

Por estar já em meio à temporada, a diretoria do Bayern optou por dar um voto de crédito para o ex-jogador do clube, o então assistente técnico, Hansi Flick, inicialmente elevado a condição de treinador interino. Porém, seu trabalho excepcional recolocou o Bayern no lugar de protagonismo esperado e assim a diretoria oficializou-o como treinador estendendo, em abril, o contrato até 2023.

O então jogador do Bayern de Munique, Hansi Flick. Treinador tem história no clube (Foto: Bongarts)

Com Kovac no comando, o Bayern tinha média de 2,67 gols/jogo e sofria 1,43 gols/jogo. Com Flick a média de gols marcados passou para 3,19 gols/jogo; já a média de gols sofridos caiu para 0,85 gols/jogo. Esses números demonstram o poder da mudança de comando. Mudanças que foram decisivas para o Bayern de Munique conquistar pela oitava vez seguida a Bundesliga.

Formação e sistema tático

O Bayern de Munique sob o comando de Flick costuma atuar principalmente no 4-2-3-1. Abaixo, podemos ver a escalação do jogo da Champions League contra o Chelsea. Formação costumeiramente usada com mais frequência. O sistema defensivo com os zagueiros Jérôme Boateng e David Alaba, além dos laterais Alphonso Davies e Benjamin Pavard. Diante disso, Joshua Kimmich forma dupla, a frente da defesa, com o meia espanhol Thiago Alcantara. À frente, responsável por “armar” o jogo, Flick alinhava Thomas Müller. Pelas pontas, Serge Gnabry e Kingsley Coman e na função de centroavante mais avançado, o artilheiro polonês Robert Lewandowski.

Escalações Chelsea x Bayern de Munique na Uefa Champions League 2019/20 (Crédito: Wyscout)

No entanto, o Bayern obviamente tem outros jogadores que oferecem muita qualidade também. Ivan Perišić também joga pela ponta esquerda, enquanto Leon Goretzka (que assumiu a titularidade, devido à lesão de Alcântara) é outra opção na formação junto aos homens a frente da defesa que também conta com Lucas Hernandez e Niklas Süle, como opções. Mas os dois sofreram lesões durante esta temporada, desfalcando o time.

Quando o Bayern está com a posse de bola, seus zagueiros avançam mais alto no campo e proporcionam profundidade nos flancos. Enquanto isso, os alas costumam dobrar por dentro e ocupar os “meios-espaços”. O lateral-esquerdo Davies (19) naturalmente assume um papel mais avançado, enquanto o lateral direito Pavard (5) às vezes fica numa posição mais defensiva. O último apenas sobe o campo quando a bola está sendo progredida no seu lado do campo. Como resultado, sua forma de ataque geralmente é assimétrica, como exibido no gráfico abaixo.

Média de passes e posicionamento do Bayern de Munique no jogo contra o Fortuna Düsseldorf (Crédito: Wyscout)

Os médios centrais costumam atuar em diferentes funções. Kimmich (32) costuma cair na linha de trás para que haja três jogadores no trabalho de posse de bola, enquanto Goretzka (18) fica em uma área central na frente da linha de trás. Um dos aspectos interessantes, no sistema tático do time bávaro reside justamente na intensidade com que a bola é trabalhada pelo setor do meio-de-campo.

As táticas de ataque

Sob o comando de Hansi Flick, o jogo ofensivo do Bayern é versátil. Geralmente constroem as ações de ataque com os três meias (lembrando que os dois centrocampistas a frente da dupla central de zaga avançam juntando-se ao “meia-armador”) e até os dois zagueiros centrais, participam, no momento em que sobem, como já mencionado. Com boa qualidade no passe em profundidade, os defensores do clube bávaro não se limitam a trocar passes curtos ou as costumeiras viradas para os alas.

Um claro exemplo da disposição tática do Bayern a partir dos zagueiros na armação do jogo e da assimetria do time

Depois de avançarem para a metade do campo, os zagueiros sobem para o terço final. Com o trio atacante oferecendo profundidade pelo centro, o Bayern costuma ter uma linha de ataque com até cinco jogadores. Com Müller “flutuando”, a ideia é justamente “prender” o adversário para criar a situação favorável a penetrar na defensiva adversária. A partir de então, o Bayern costuma usar uma forma de ataque que se assemelha a 2-3-5 ou 3-2-5, dependendo do adversário.

Exemplo de como o Bayern de Flick pode dar profundidade ao ataque, com uma estrutura 2-3-5 no campo do Dortmund

Joshua Kimmich é um dos principais jogadores do Bayern sob o comando de Hansi Flick. Enquanto Kovac costumava escalar Kimmich como lateral-direito, Flick aposta em Kimmich e nas suas habilidades pelo meio-de-campo. Nesta área, o camisa 32 é quem dita o ritmo de jogo; dono de ótima visão e de excelente passe é responsável por iniciar a maioria dos ataques. Abaixo, podemos vê-lo fazendo um passe no terço final e, assim, iniciando um ataque perigoso.

O Bayern “congestiona” o lado do campo. Com isso, eles podem superar o Dortmund numericamente e Kimmich “achar” o passe

A imagem exibida acima também mostra uma situação de vantagem numérica. Com a troca de passes passando por vários jogadores, próximos da lateral e na intermediária ofensiva, com seis a sete jogadores. Isso lhes permite criar uma superioridade numérica forçando o adversário a recuar jogadores. No primeiro caso, o Bayern pode utilizar sua superioridade para avançar sobre a defesa adversária. E no último caso, eles podem inverter o jogo e atacar os espaços livres na ala oposta.

Um jogador importante quando se trata de inverter o jogo é Thomas Müller. Com 25 assistências em todas as competições e mais 11 gols marcados, Müller é de grande importância para o Bayern no ataque; gosta de se deslocar nos espaços onde pode ser opção de passe e sempre teve uma visão fantástica de jogo sem a bola. Com isso, ele abre espaço para o atacante Lewandowski, ou os alas que então se movem avançando por dentro.

Müller avança no espaço nas costas do lateral. Como os zagueiros estão ocupados com Lewandowski, Müller pode aproveitar o espaço entre o zagueiro central e o lateral-direito para receber em ótima condição.

Outro aspecto interessante do Bayern de Flick é a contribuição ofensiva dos seus defensores. Donos de estilos completamente diferentes, os laterais Davies e Pavard contribuem de sobremaneira com sua equipe. Enquanto o lateral-direito tem por característica o passe em profundidade; o lateral esquerdo Davies gosta de avançar o campo e buscando a linha de fundo adversária. O fato é que, dentro das suas características, ambos os laterais também participam ativamente do jogo.

Na última linha, os jogadores do Bayern trocam constantemente de posição. Esta movimentação tem por objetivo confundir a marcação adversária. Isso dificulta as ações defensivas do meio-de-campo oposto, que em muitas situações se vê “forçado” a recuar mais que o normal e em muitas ocasiões não conseguindo encontrar a “altura” do posicionamento. Quando um dos zagueiros do Bayern está com a bola, numa proposital situação de armador, sempre haverá outro jogador “afundando” pelos flancos, ou, conforme a situação avançando em profundidade pelo centro defensivo adversário.

Lewandowski dispara em profundidade e, portanto, pode receber a bola nas costas da defesa do Leverkusen.

Esta situação visualizada acima ocorreu nitidamente no jogo contra o Bayer Leverkusen pela 30ª rodada da Bundesliga. Jogo em que o time de Munique encontrou algumas dificuldades iniciais, saindo perdendo e passando por raros apuros. Porém, com maturidade, a equipe soube ter tranquilidade para suportar o momento ruim desse jogo e posteriormente virar a partida justamente se utilizando do sistema defensivo que, em questões de segundos, se torna responsável por criar situações de gol.

Melhoria na marcação sob pressão

Outro aspecto principal do Bayern de Flick foi à melhoria na marcação sob pressão na saída de bola. Enquanto Kovac preferia uma estrutura ampla, que permitia ao adversário, muitas vezes conseguir trabalhar uma bola em profundidade; Flick costuma organizar seus jogadores de modo a encurtar a linha de passe adversária, com isso, acaba geralmente por diminuir o espaço da equipe inimiga. Como consequência, se o Bayern perder a bola, as distâncias em direção à bola e as possíveis opções de passe ficam mais restritas, o que lhes permite executar uma pressão mais eficiente.

O Bayern costuma dar a ala para armar a pressão e roubar a bola já em condições de acionar o contra-ataque

Uma distância menor do homem da bola também significa que o jogador que está pressionando pode cobrir uma área maior, com a “sombra” da cobertura. Na imagem abaixo, Coman “tira” dois meias do Eintracht Frankfurt do jogo. E com as opções de ataque bloqueadas pelo triângulo defensivo do Bayern, o homem da bola é forçado a executar um passe ruim que será interceptado.

O Bayern pressiona com sucesso o Frankfurt contra a ala direita

Além disso, a opção da segunda bola ou rebotes é considerável. Mesmo antes de o adversário recuperar a posse de bola, o Bayern alinha taticamente em campo, para recuperar a posse o mais rápido possível. Embora ofereçam campo de ataque ao adversário, o 2-3-5 ou 3-2-5 permite uma forma compacta no meio-de-campo, na região central. Na medida em que os médios avançam em campo sempre que o adversário tenta a bola em profundidade, com lançamentos, seus médios estão aptos a ficarem com os rebotes, como no cenário mostrado abaixo.

Exemplo de clara superioridade numérica na zona intermediária, a zona de rebote

A importância do rebote, nestas situações, permite geralmente a criação de opções de gol, pegando o adversário num momento de transição entre a defesa e o ataque, tendo assim boas oportunidades de contra-ataque.

Maior domínio devido a uma maior pressão na saída adversária

Já comentado, mas que merece destaque é um dos pontos fortes da equipe de Flick a pressão que sempre costuma exercer na saída de bola adversária, também no espaço da defesa central oposta. E nisso houve uma mudança clara em termos do estilo de pressão de Kovac para Flick. Enquanto o time nem sempre pressionava alto sob o comando de Kovac, agora pressiona constantemente o adversário no seu campo. Com uma abordagem muito bem treinada; que busca forçar o zagueiro adversário (geralmente em cima do passe de menor qualidade) ao lançamento longo, quase sempre impreciso.

Nesta situação, o time avança e cada um “pega” o seu jogador, na marcação de mano. A defesa homem contra o homem avançando dentro do campo adversário também requer os atributos físicos dos defensores para defender o espaço atrás da própria linha defensiva, pois irá obviamente ofertar campo ao adversário em caso de uma bola longa. Essa é provavelmente uma das razões da escolha de Flick para jogar com Alaba como zagueiro, já que o austríaco tem ritmo e explosão para acompanhar os atacantes adversários, o que lhe permite interromper o ataque oposto ou permitir que seus colegas de time tenham tempo suficiente recompor defensivamente.

Enquanto o atacante Lewandowski encara um zagueiro, o meio-de-campo central ofensivo, Müller costuma pressionar o outro. Ao usar a “sombra” da cobertura, ele pode impedir o passe para o meia que ele marcou antes do Bayern começar a pressionar. E se o adversário duplicar, para sobrecarregar Müller, outro companheiro central irá se deslocar para marcar este jogador. No entanto, sempre há um meio-campista na frente da linha de fundo. Esse meio-de-campo cobre os meio-campistas que estão na pressão e se posiciona para possíveis segundas bolas, caso o adversário consiga tocar a bola de modo a sair desta situação.

O Bayern pressiona, de maneira orientada, o último homem da formação 4-2-3-1 do Leverkusen

Nesta pressão, os pontas sempre avançam e ficam entre o lateral e o meio-campista, prontos para pressioná-los se receberem a bola. Dessa forma, eles também estão prontos para um eventual contra-ataque ou recompor defensivamente.

Contra-ataque

O forte contra-ataque é uma marca registrada do Bayern de Munique de Hansi Flick. Ao ganhar a bola, com base no posicionamento de seus jogadores que estão pressionando os adversários, buscando fazer a transição da defesa para o ataque, com os atacantes fornecendo opções com intensa e constante movimentação, para receberem as devidas assistências em situação de mano a mano.

Construção do contra-ataque do Bayern. Gnabry já em disparada para receber o passe

Com os pontas velozes do Bayern, surgem as condições ideais para o contra-ataque. Normalmente vemos estes pontas jogando nas costas, avançando pelo meio, no espaço entre os zagueiros e laterais. Quando este espaço é fechado, naturalmente surge a jogada da linha de fundo e os cruzamentos que tem Lewandowski como o alvo, além da chegada dos homens de meio-de-campo na área, como Müller ou Goretzka.

Outro exemplo de virada de jogo em contra-ataque, sempre em velocidade e buscando o um contra um

Enfim, como mostrado, o Bayern de Munique mostrou melhorias claras em todas as situações táticas do seu futebol com Hansi Flick. A filosofia do treinador alemão consiste em um jogo de posição, com zagueiros que apóiam o ataque. Não menos importante, o Bayern pressiona com alta intensidade, o que aumenta seu domínio e também oferece oportunidades para contra-ataques sempre perigosos.

Assim, com Hansi Flick, o clube bávaro recuperou a supremacia em campo, algo que com Niko Kovac estava seriamente ameaçado. O “efeito” Flick é um achado interessante e extremamente positivo, levando em conta que o treinador estava no clube, conhecia os ambientes internos e financeiramente certamente uma “aquisição” excelente, ainda mais observando a relação custo x benefício.

Manuel Neuer levanta a salva de prata para comemorar a oitvava conquista seguida da Bundesliga (Foto: Stuart Franklin)

Antes da parada o Bayern de Munique já vinha em franca recuperação. O pós-parada nos apresentou um time soberano, que venceu todos os seus jogos nove jogos restantes na Bundesliga (com 100 gols marcados) e na Copa da Alemanha (onde é finalista). Certamente o clube bávaro se coloca, nas atuais circunstâncias, como um dos principais, senão o principal favorito para levantar o caneco na Uefa Champions League.

O post Desvendando o Bayern de Hansi Flick apareceu primeiro em DPF.



from DPF https://ift.tt/3dAeMap
via IFTTT

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Serie A 2019/20 – il ritorno

Calcio retornou pós-parada pela Covid-19. A Lazio terá forças para tirar a nona conquista consecutiva da Juventus?

Após o retorno das principais ligas de futebol da Europa (com exceção da já encerrada Ligue 1), a Serie A retornou nesse sábado (20), com quatro jogos atrasados da 25ª rodada. Um dos campeonatos mais tradicionais do Mundo retorna sob a pergunta acerca de quem poderá parar a Juventus, que vem numa sequência de oito títulos seguidos e lidera a atual temporada, um ponto a frente da Lazio.

A briga pelo Scudetto

Líder com um ponto à frente, a pergunta que fica é em relação ao atual momento da Juventus. A equipe que na quarta-feira (17) perdeu a decisão da Copa da Itália, nos pênaltis para o Napoli e não fez um bom jogo na final.

Octacampeã italiana, a Juventus lidera a atual temporada (Foto: MB Media)

Entretanto, outros fatores pesam em favor da equipe alvinegra de Turim na busca pelo título, principalmente o fato de ser uma equipe extremamente experiente acostumada com a pressão e que tem, no Campeonato Italiano, uma regularidade impressionante e principalmente dominante.

A Juve aposta na experiência do seu elenco (Foto: Matteo Bottanelli/NurPhoto)

No começo da temporada, poucos poderiam imaginar que a Lazio despontaria como uma postulante ao título do Calcio.  Com um ponto a menos, a equipe vinha numa sequência muito positiva, com quatro vitórias e um empate nos últimos cinco jogos (a Juventus venceu três e perdeu dois), antes da parada.

A Lazio aparece como time que pode quebrar a sequência da Juventus (Foto: Giuseppe Bellini)

Dona do segundo melhor ataque da competição (60 gols) a equipe treinada pelo ex-jogador Simone Inzaghi, que está em sua quarta temporada no comando do time. A Lazio de Inzaghi costuma jogar num 3-5-2 / 3-5-1-1 e em relação a anos anteriores, seu time evoluiu muito defensivamente, com destaque para o brasileiro Luiz Felipe (que já chama atenção de clubes fora da Itália).

O brasileiro Luiz Felipe é um dos destaques do setor defensivo da Lazio (Foto: Silvia Lore/NurPhoto)

Com um meio-de-campo muito entrosado, o principal jogador do setor é o espanhol Luis Alberto, dono de uma precisão média de 86,4% em passes certos e com 12 assistências na temporada. No ataque, em ótima fase, Ciro Immobile, artilheiro da competição com 27 gols em 26 jogos; além disso, o camisa 17 já fez sete assistências, sendo responsável diretamente por 54% dos gols da equipe.

A dupla Luis Alberto/Immobile vive uma grande fase na atual temporada (Foto: Andrea Staccioli/LightRocket)

Terceira colocada, a Internazionale chegou a despontar como a equipe que faria frente a Juventus. Entretanto, o time de Antonio Conte vacilou em alguns jogos ficando distante do pelotão de frente, mas ainda com chances matemáticas.

Após 23 rodadas nas duas primeiras colocações, a Internazionalle perdeu fôlego (Foto: Giuseppe Cottini/NurPhoto)

Ante o Napoli, na semifinal da Copa da Itália, a Internazionale teve posse de bola com qualidade, entretanto, os mesmos erros já demonstrado, sobretudo no quesito criatividade e a imensa dificuldade existente para que a bola chegue com melhor qualidade a dupla Lautaro Martinez/Romelu Lukaku.

Lukaku e Lautaro Martinez formam uma das principais duplas de ataque do futebol mundial (Foto: Tiziana Fabi/AFP)

A briga pelas vagas às Copas europeias

Quarta colocada e em mais uma grande temporada a Atalanta está longe de brigar pelo título, no entanto a equipe aurinegra de Bergamo segue na briga por uma vaga direta na fase de grupos da Uefa Champions League.

A sensação da temporada é a ofensiva Atalanta (Foto: Nicolò Campo/LightRocket)

A Atalanta possui o melhor ataque da Serie A, com incríveis 74 gols e mais que isso, um futebol ofensivo e agradável de se assistir. O time de Gian Piero Gasperini destaca-se pela criatividade do ataque, que combina jogo coletivo e privilegia as habilidades individuais dos seus principais jogadores.

Gian Piero Gasperini é o grande artífice da ofensiva Atalanta (Foto: Andrea Staccioli/LightRocket)

Se os líderes do campeonato têm seus gols “pertencentes” a um jogador, a Atalanta consegue distribuir gols e assistências entre Josip Ilicic, Luis Muriel, Duvan Zapata e Alejandro ‘Papu’ Gomez, que na Serie A tendem a escrever o nome da Atalanta na história, como um dos clubes goleadores do futebol italiano.

Uma cena comum na temporada 2019/20: comemoração de gol da Atalanta (Foto: Emilio Andreoli)

Na quinta colocação, na zona de classificação para a fase de grupos da Uefa Europa League, mas também brigando pela Champions vem a Roma. A equipe treinada por Paulo Fonseca precisa evoluir em alguns aspectos se quiser o “algo a mais” nesse restante de temporada.

Paulo Fonseca, treinador da Roma (Foto: Giuseppe Maffia/NurPhoto)

Defensivamente a Roma peca pela falta de profundidade, somados as lesões de peças chaves do sistema, que obviamente fizeram a diferença em momentos cruciais ao longo do campeonato.

A Roma segue na briga por uma vaga na Uefa Champions League (Foto: Silvia Lore/NurPhoto)

Um dos bons nomes da Roma nesta temporada é o meia Lorenzo Pellegrini; em sua terceira temporada consecutiva, o camisa sete é o líder em assistências da equipe, com oito passes. O destaque segue sendo o bósnio Edin Džeko, artilheiro do time com 12 gols.

Edin Džeko é o artilheiro da Roma na Serie A (Foto: Andrea Staccioli/LightRocket)

Na zona de classificação para a Uefa Europa League, em sexto lugar está o Napoli, com uma campanha abaixo da expectativa inicial. Entretanto, os napolitanos na volta do futebol conquistaram a Copa da Itália, o que pode servir como alento, para uma nova fase, pós-parada.

Napoli, nos pênaltis conquistou a Copa da Itália vencendo a Juventus (Foto: Marco Canoniero/LightRocket)

A equipe de Gennaro Gattuso tem o perfil do seu treinador, um time extremamente aguerrido e a prova disso são as vitórias sobre os três primeiros colocados. Antes da parada, o Napoli venceu sete dos nove jogos, contando com os nove gols do polonês Arkadiusz Milik, artilheiro napolitano na Serie A.

O polonês Milik é o artilheiro do Napoli, na Serie A (Foto: Danilo Di Giovanni/NurPhoto)

Três pontos abaixo do Napoli vem o instável Milan. Após mandar embora Marco Giampaolo, o clube contratou Stefano Pioli, no entanto, os problemas do clube rossonero não estão apenas no banco. Uma série de decisões contratuais equivocadas podem explicar muito da atual fase.

Stefano Pioli tem a difícil missão de “resgatar” o futebol rossonero (Foto: Miguel Medina/AFP)

O Milan nos últimos anos tem rodado bastante o seu elenco, buscando dar respostas a sua exigente torcida. Muitos nomes acabam não emplacando, como o do brasileiro Lucas Paquetá, por exemplo. Buscando uma liderança, o clube recontratou o sueco Slatan Ibrahimovic, mas em campo, o coletivo rossonero precisa evoluir, senão será mais um ano longe de outros campos europeus.

Ibrahimovic chegou para liderar os jovens do Milan (Foto: Isabella Bonotto/AFP)

O Hellas Verona, de campanha surpreendente até aqui, tem reais possibilidades de “beliscar” uma vaga na Europa League. A equipe do treinador croata Ivan Jurić é muito sólida defensivamente, tem a quarta melhor defesa da competição.

Outra equipe que surpreende é o Hellas Verona (Foto: Alessandro Sabattini)

O surpreendente Parma, de Roberto D’Aversa é uma das equipes mais organizadas taticamente do Calcio. Com segunda média (46,7%) mais baixa de posse de bola da Serie A é um time extremamente pragmático, que aposta num sólido sistema defensivo (quinta melhor defesa).

O Parma tenta retornar a uma competição europeia, após anos de ausência (Foto: Marco Luzzani)

O Bologna, sob o comando do ex-jogador, o lendário Siniša Mihajlović,  também luta por uma vaga na Europa League. Entretanto, defensivamente a equipe precisa melhorar, se quiser realmente brigar por mais. No ataque, Riccardo Orsolini (sete gols) vem fazendo uma boa temporada na Serie A.

Ricardo Orsolini, um dos bons valores do Bologna, nesta temporada (Foto: Giuseppe Maffia/NurPhoto)

Com condições matemáticas, o Sassuolo do treinador Roberto De Zerbi tem se destacado com uma equipe jovem, com ótimo potencial ofensivo. Destaque para o bom atacante, Francesco Caputo, 13 gols e um dos artilheiros da Serie A.

Entre os bons atacantes da Serie A temos Francesco Caputo (Foto: Andrea Staccioli/LightRocket)

Com 32 pontos, o Cagliari começou a Serie A com ótimas atuações. Porém, antes da parada a equipe da Sardenha chegou a oito jogos sem vitória. O meia-atacante brasileiro João Pedro, 28 anos, em sua quinta temporada no clube, já anotou 16 gols e vem sendo o principal destaque do time.

O brasileiro João Pedro, figura entre os artilheiros da Serie A (Foto: Emilio Andreoli)

A luta na zona da “degola”

A briga para não cair também promete capítulos interessantes. Entre o Lecce, atual 18º colocado e a Udinese, 14ª posição são apenas três pontos. A Fiorentina, com 30 pontos, está numa situação mais neutra, não brigando por vaga na Europa League e para não cair.

A Udinese está três pontos distante da zona de rebaixamento. Com o terceiro pior ataque do Calcio, a equipe de Udine precisa urgentemente voltar a vencer para encerrar a série de sete jogos sem vitórias (cinco empates e duas derrotas). A espença do clube alvinegro está nos pés do argentino Rodrigo De Paul, principal destaque do time.

Rodrigo De Paul é o sopro de talento e esperança da Udinese (Foto: Marco Canoniero/LightRocket)

Vindo de uma sequência de seis derrotas seguidas, o Torino flerta firmemente com a zona de rebaixamento. A equipe trocou o treinador Walter Mazzari por Moreno Longo. Entretanto, o time segue com grandes dificuldades táticas e dependente dos gols (nove) de Andrea Belotti, o que pode não ser suficiente na luta para não cair de divisão.

Belotti lidera o ataque do Torino na Serie A (Foto: Loris Roselli/NurPhoto)

Um ponto apenas fora da zona de descenso, a Sampdoria de Claudio Ranieri tem lampejos de bom futebol nessa temporada, muito pouco na briga para fugir do rebaixamento. Com inúmeros problemas, o setor ofensivo tem sido a maior dor de cabeça. Quem acaba “sofrendo” é o experiente atacante Fabio Quagliarella, autor de nove gols na Serie A.

Fabio Quagliarella é o sinônimo de experiência e gols na Sampdoria (Foto: Massimiliano Ferraro/NurPhoto)

O Genoa está no limiar da “zona da degola”, apenas pelo saldo de gols. É outro time que mudou de treinadores ao longo da temporada, Aurelio Andreazzoli perdeu o posto para Thiago Motta substituído por Davide Nicola, que têm conseguido bons resultados no comando. Nicola conseguiu dar um norte tático para um time que vinha em crescimento antes da parada, agora resta ver como será no retorno.

O Genoa vinha numa sequência de crescimento, antes da parada (Foto: Nicolò Campo/LightRocket)

Abrindo a zona de rebaixamento, o Lecce vinha em um processo de recuperação interessante. Mas duas goleadas (4-0 para a Roma e 7-2 ante a Atalanta) instauraram uma crise, amenizada pela parada. Assim, o pós-parada para a equipe de Fabio Liverani (no comando desde 2017) será extremamente decisivo na luta para se salvar do rebaixamento.

O Lecce buscará vitórias para sair da zona de rebaixamento (Foto: Maurizio Lagana)

Penúltimo colocado, o SPAL conseguiu vencer o Parma (1-0), antes da parada encerrando assim, uma sequência negativa de sete jogos sem vitórias. Com o pior ataque da Serie A (21 gols), o destaque é o atacante Andrea Petagna, que marcou 12 vezes, sendo responsável por 55% dos gols da equipe.

Apesar da campanha ruim, Petagna (37) já marcou 12 gols no campeonato (Foto: Gabriele Maltinti)

Respirando por aparelhos, na lanterna está o tradicional Brescia. Com apenas quatro vitórias, a missão da equipe biancazzurri é muito complicada. Mario Balotelli, artilheiro do time com cinco gols foi demitido, numa polêmica que em nada ajuda. Ao que tudo indica, por mais vontade que exista, o Brescia dificilmente conseguirá escapar!

Lanterna, o Brescia segue a passos firmes para mais um rebaixamento (Foto: Giuseppe Cottini/NurPhoto)

Olho neles!

Assim como outras grandes ligas mundo afora a Serie A sempre apresenta revelações, jovens valores que tendem a trilhar um caminho vitorioso no futebol. Listamos alguns bons nomes que vinham em destaque antes da parada e que por esse motivo merecem uma maior atenção nesta reta final.

Sandro Tonali (19 anos) – Brescia

Dono de um excelente passe seguido de uma capacidade técnica igualmente notável, aliadas as características de muita intensidade física e agressividade colocam Tonali entre uma das principais promessas do Calcio.

Sandro Tonali é a nova joia do Brescia (Foto: Emilio Andreoli)

Takehiro Tomiyasu (21 anos) – Bologna

O japonês Tomiyasu é um dos bons nomes do Bologna na temporada. A versatilidade é o seu ponto forte; com ótima leitura de jogo, possui habilidade e vem sendo sondado por outros clubes do Calcio.

Takehiro Tomiyasu vem fazendo bons jogos pelo Bologna (Foto: Giuseppe Bellini)

Marash Kumbulla (20 anos) – Hellas Verona

O albanês Kumbulla já atuou em 18 jogos na Serie A e em todos, deixou uma excelente impressão. Rápido com a bola, firme e muito bom pelo alto tem atuado como um veterano. Não a toa será disputado por clubes ingleses e espanhóis e dificilmente seguirá no Hellas Verona.

Kumbulla vem chamando a atenção de grandes clues do continente (Foto: Matteo Ciambelli/NurPhoto)

Dušan Vlahović (20 anos) – Fiorentina

Com seis gols marcados, o sérvio Vlahović já atuou em 22 partidas nesta temporada. Em clara e franca evolução, destaca-se pela explosão física, excelente jogo aéreo e também pela boa agilidade.

Vlahović tem um enorme potencial (Foto: Giuseppe Cottini/NurPhoto)

Dejan Kulusevski (20 anos) – Parma

Filho de pais macedônicos, o jovem sueco Kulusevski pertece a Juventus e está emprestado ao Parma. Canhoto tem demonstrado muita versatilidade atuando na meia, além de ser um bom arrematador de média distância. Tal potencial, o coloca na mira dos clubes ingleses.

Canhoteiro e com visão de jogo, Kulusevski poderá ter um ótimo futuro (Foto: Marco Canoniero/LightRocket)

Os grandes jogos

A Serie A 2019/2020 tem proporcionado jogos interessantes e com uma boa média de gols por rodada. Algo que chama a atenção em se tratando de futebol italiano. Separamos algumas partidas de destaque.

Fiorentina 3-4 Napoli – 24/08/2019

Em um jogo frenético, com inúmeras alternativas, incluindo golaços, a estreia de Ribery com a camisa da Fiorentina e polêmica por parte da arbitragem com o VAR. Assim foi este fantástico jogo, logo na primeira rodada.

Juventus 4-3 Napoli – 31/08/2019

O Napoli também esteve presente em outro ótimo jogo. Dessa vez, a vitória foi da Juventus, que abriu três a zero, levou o empate e conseguiu a vitória num gol contra de Koulibaly, no final do jogo.

Brescia 3-4 Bologna – 15/09/2019

Em outro fantástico jogo de sete gols, o Brescia chegou a abrir 3-1, mas com a expulsão de Dessena acabou vendo o Bologna buscar uma virada espetacular.

Internazionale 1-2 Juventus – 06/10/2019

Sagaz e mortal, a Juve visitou a Inter no Giuseppe Meazza quebrando a sequência e a invencibilidade da rival e assumindo a ponta da tabela.

Lazio 3-3 Atalanta – 19/10/2019

No duelo dos dois melhores ataques da Serie A do Calcio, nenhuma decepção. Em jogo tempos distintos, a Atalanta abriu 3-0 na primeira etapa. No segundo tempo,  Lazio buscou o empate já nos acréscimos

Cagliari 4-3 Sampdoria – 02/12/2019

O Cagliari perdia o jogo até os 25 minutos do segundo tempo por 3-1. Em uma recuperação eletrizante, o time da Sardenha foi buscar o resultado e virou aos 51 minutos da segunda etapa.

Lazio 3-1 Juventus – 07/12/2019

Mostrando que tinha “bala na agulha” para brigar pelo Scudetto, a Lazio impôs, de virada, a primeira derrota a poderosa Juventus na Serie A.

Internazionale 4-2 Milan – 09/02/2020

Num grande Derbi, a Internazionale conseguiu virar o placar após sair perdendo por 2-0 com direito a gol de Ibrahimovic e Lukaku, num espetacular clássico no Giuseppe Meazza.

Lecce 2-7 Atalanta – 01/03/2020

No jogo com maior número de gols da temporada, a Atalanta, do (até aqui)  incrível ataque dos 74 gols, anotou seu terceiro (!) jogo na temporada marcando sete gols, atropelando literalmente o Lecce.

Fique de olho nestes jogos!

Com o campeonato ainda em aberto, cada jogo é decisivo e importante na briga por um lugar objetivado. Apresentamos alguns destes importantes duelos, para você ficar atento.

Pela 27ª rodada, a Lazio tem duelo chave na busca pelo Scudetto. A equipe de Simone Inzaghi viaja até Bergamo, aonde enfrentará a sensação Atalanta em jogo que colocará de frente, os melhores ataques da temporada.

Marco Parolo, da Lazio e Remo Freuler, da Atalanta, disputam a bola (Foto: Andrea Staccioli/LightRocket)

Na 31ª rodada a Juventus terá o perigoso jogo ante o Milan no San Siro. Recentemente as duas equipes duelaram na semifinal da Copa da Itália, em jogo que terminou 0-0 com os rossoneros jogando a maior parte do jogo com um jogador a menos, após expulsão de Rebic.

A Juventus, de Cristiano Ronaldo levou a melhor sobre o Milan, de Bennacer e Ibrahimovic (Foto: Alberto Pizzoli/AFP)

Pela 32ª rodada outra partida que pode ser divisora de águas nas pretensões da Juve, que receberá a perigosissíma e intrépida Atalanta, em jogo que promete fortes emoções.

Higuain e Rafael Toloi duelam em jogo vencido pela Juventus, no primeiro turno (Foto: Nicolò Campo/LightRocket)

Na 34ª rodada, numa segunda-feira, 20 de julho, as 16h45 (horário de Brasília) se enfrentam Juventus x Lazio, jogo que pode ser decisivo na briga pelo Scudetto. No primeiro turno, a Lazio levou a melhor ante a Vechia Signora.

No primeiro turno, a Lazio quebrou a invencibilidade da Juventus (Foto: Silvia Lore)

Os reis dos Gols

O post Serie A 2019/20 – il ritorno apareceu primeiro em DPF.



from DPF https://ift.tt/2Ypzdmj
via IFTTT