terça-feira, 16 de junho de 2020

Das dificuldades à bonança: como o futebol brasileiro poderia progredir durante a pandemia

A humanidade perpassa por dias sofríveis, sobretudo em função da pandemia, porém pode-se somar a posicionamentos políticos, divisão de povos e a luta contra quaisquer tipos de preconceitos dentre os principais desafios para a população, ao menos à realidade brasileira.

As coisas mudaram, as pessoas passaram a se cuidar, a valorizar alguns pequenos detalhes, se aproximar da família, “home-office” para alguns, outros que precisam sair das suas casas para trabalhar e outros que precisam sair para salvar vidas. O chamado “novo normal” – confesso que incomoda, mas está latente – poderia oferecer um pouco mais de Progresso aos cartolas e, por consequência, ao futebol praticado no Brasil.

Seria o momento (in)oportuno para moldar ao calendário do futebol brasileiro: ponderar a construção de Liga(s) para gerir às principais competições, equiparar o calendário ao que se pratica nos melhores campeonatos do futebol mundial, repensar fórmulas para os Estaduais e equalizar a quantidade de jogos praticados pelos clubes do nosso futebol.

Além de quê, por consequência, poderia oportunizar aos clubes propostas financeiras mais atrativas e uma evolução técnica – e por que não física? – às respectivas equipes.

É bem verdade que o “buumm” das Lives deve, em curto prazo, pode conceder mais poder aos clubes no que tange negociações com a detentora de transmissão máster (Brasileirão até 2024 e Baiano até 2021). O fato é que os clubes estão se adaptando ao “mundo do streaming” e podem encontrar alternativas ainda mais rentáveis para a sua própria marca.

Ainda assim, os mandatários do futebol brasileiro deveriam oferecer mais recursos aos clubes, para que os mesmos possam evoluir às equipes em questões físicas, técnico-táticas e, inclusive, potencializar ao fluxo financeiro.

No cenário atual os grandes centros do futebol europeu estão em estágios mais avançados do que se pratica por aqui. A alternativa é conceder espaços para a construção de uma Liga que seria responsável por operacionalizar o futebol (calendários, competições…), equiparando ao início e término das principais competições do futebol europeu, além de padronizar o número de jogos praticados pelos clubes brasileiros.

Em pesquisa realizada pela PLURI Consultoria, cerca de 650 clubes profissionais do futebol brasileiro praticaram alguma partida oficial em 2019. Destes, apenas 77 (12%) clubes atuaram mais que 80% do calendário disponível – patamar adequado para equipes de futebol profissional. É a “nata” do esporte brasileiro mais praticado.

Ademais, neste grupo, 11 clubes disputaram mais de 65 partidas em uma temporada. Em média, os clubes brasileiros são os que mais atuam no futebol mundial, some às logísticas encaradas pelos mesmos e encontra-se outro fator que impacta diretamente na qualidade do futebol praticado pelos clubes do Brasil.

Em contrapartida, existem aqueles que têm calendário preenchido apenas nos três primeiros meses do ano (onde está concentrado o maior número de jogos), e muitos destes chegam a atuar tão sós em 30% do calendário disponível. Por tal, os Estaduais deveriam aprimorar a sua fórmula, oferecer aos clubes “interioranos” um calendário uniforme e mais atrativo para a evolução dos mesmos.

Tal esperada mudança seria mais rentável aos clubes tradicionais – geralmente àqueles das Capitais – ao equalizar valores de direitos de transmissão (o Bahia arrecada menos de R$ 1 milhão de cota de TV pelo Baiano), além de fortalecer as divisões de base, como tivera feito alguns clubes nos últimos anos, vislumbrando revelações de jovens promessas.

De pouco adiantaria possibilidades de mudanças ao que tange calendários, evoluções técnicas, táticas, físicas e financeiras, se os gestores que estão no comando dos clubes mantiverem os mesmos posicionamentos pouco profissionais. Clubes tradicionais que sofrem com as dificuldades de gestões, aumentando a disparidade para “blocos” de clubes com melhores gestões e resultados dentro das quatro linhas – Flamengo e Palmeiras destoam nos seus Estados.

É notório que a pandemia afetou aos clubes do nosso país, entretanto, àqueles com uma gestão equilibrada sofrerão menos estes impactos. No cenário atual, todos devem se reinventar e revigorar por mudanças no futebol brasileiro.

São mudanças que podem (deveriam, não?) ocorrer ainda para as próximas temporadas, porém tratando-se dos que estão à frente das gestões, pode-se esperar tudo – inclusive um possível retorno em meio à pandemia – ou até mesmo, nada.

*Créditos de imagem de capa: ArtMassa-iStock

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