terça-feira, 2 de outubro de 2018

Qual torneiro é o mais importante do Brasil?

A Copa do Brasil tem se tornado uma competição mais atraente aos clubes brasileiros

Em todos os países que se joga futebol, a liga, ou campeonato nacional, que conta com clubes da elite, é o mais importante em comparação com as copas, que, geralmente, são mais democráticas, compostas por clubes de várias divisões. Mas, parece que no Brasil a coisa vai mudando de figura. Mesmo que lentamente, a Copa do Brasil vai ganhando status mais elevado que o Campeonato Brasileiro. Apesar do principal motivo ser a premiação milionária oferecida aos clubes da Copa, há outros aspectos que também contam para esta mudança.

Campeão cheio de milhões

De acordo com o site da CBF, a Copa do Brasil terá, para o futuro campeão, uma valorização de quase 750% quanto a premiação. No ano passado, quando o Cruzeiro venceu o torneio, recebeu cerca de R$ 6 milhões de reais, e o vice, o Flamengo, ficou com R$ 2 milhões.

Este ano, o mesmo Cruzeiro, agora contra o Corinthians, disputará além do título, R$ 50 milhões (o vice ficará com R$ 20 milhões), sem contar os valores já obtidos até chegarem nas semifinais, como podemos ver no quadro a seguir, retirado do próprio site da CBF.

Reprodução: site oficial da CBF

Estes valores são maiores até mesmo que o da Libertadores, maior competição do continente. O campeão do torneiro sul-americano embolsará cerca de R$ 19,5 milhões. Já no Campeonato Brasileiro, a distribuição da premiação agraciará desde o campeão até o 16º colocado, como no quadro a seguir, também retirado do site da entidade.

Reprodução: site oficial da CBF

Podemos ver que o campeão receberá pouco mais de R$ 18 milhões.

É inegável que, financeiramente, é melhor ser campeão da Copa do Brasil que do Campeonato Brasileiro. O prêmio final é quase três vezes maior, isto sem contar os prêmios ao passar de fase. No fim, o campeão da Copa do Brasil receberá R$ 61,9 milhões (isto tendo em conta que tanto Cruzeiro quando Corinthians só entraram na competição dessa partir das oitavas de final, já que jogaram a Libertadores neste ano). Até mesmo o vice-campeão ficará com R$ 31,9 milhões, mais de R$ 10 milhões a mais que o campeão brasileiro.

A emoção do “mata-mata”

Outro aspecto que pende para a Copa do Brasil é sua forma de disputa. É inegável que o chamado modelo “mata-mata” é muito mais emocionante que o de pontos corridos. Sim, o Brasileirão é mais democrático e tende a agraciar o time mais regular, aquele que somar mais pontos ao final da temporada. Com isto, um time pode se dar ao luxo de perder algumas partidas, mas, mesmo assim, ser campeão no final. Na Copa do Brasil, uma derrota pode ser o fim da competição para a equipe vencida.

 

É este aspecto, ter que jogar “a vida” no “mata-mata” que dá a emoção da competição. Principalmente nos finais das partidas, os jogos tomam emoções desproporcionais, em que os times esquecem a tática, a organização e levam a paixão e a superação para a ponta da chuteira. Ali, os jogadores sabem, se perdeu (ao final do confronto de 180 minutos), adeus título. Adeus milhões!

Desgaste físico

Para ser campeão da Copa do Brasil um time precisa, se muito, jogar 14 partidas (caso seja uma equipe pior qualificada no ranking da CBF). As equipes que disputam a Libertadores só jogarão, caso cheguem à final – como no caso dos dois finalistas deste ano – apenas oito jogos. Uma barganha em comparação às 38 rodadas do Brasileirão.

Pode parecer uma comparação exagerada, mas, a forma como Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras fizeram neste ano, tendo “dois times”, um para os jogos de “mata-mata” (Copa do Brasil e Libertadores) e outro para o Brasileirão, coloca os três times em boas condições ao fim da temporada.

Clube a clube, podemos notar as diferenças: São Paulo e Internacional, dois times que brigam pelo titulo do Campeonato Brasileiro, dominaram por tempo (o time paulista é o atual líder) esta competição exatamente por terem saído muito cedo da Copa do Brasil. Foco total no Brasileirão. O Palmeiras se manteve vivo nas três competições exatamente por manter duas equipes em boa forma (e isto graças, também à mudança de comando técnico e grande investimento).

 

O atual campeão da América, desde o ano passado, não esconde de ninguém que prioriza Libertadores e Copa do Brasil. Usando também um time reserva no Brasileirão, conseguiu, com entrosamento e bom trabalho técnico, se manter na briga do Campeonato Brasileiro (ter sido eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil “ajudou” um pouco também). Por fim, o Cruzeiro, que seguiu o modelo gremista, mas não teve a mesma sorte com os reservas no Campeonato Brasileiro, está novamente na final da Copa do Brasil e ainda vivo na Libertadores (apesar dos problemas do jogo contra o Boca Juniors).

Claro, esta é uma visão rude e simplista de cada equipe, e análises mais aprofundadas podem demonstrar o melhor desempenho destes times que ainda são candidatos a títulos neste ano. Entretanto, de toda forma, fica evidente que as formações mais fortes destas esquipes são as direcionadas aos torneiros de eliminatórias.

 

E o VAR?

Talvez não seja ainda um diferencial muito grande, até porque o Árbitro Assistente de Vídeo (ou Video Assistant Referee, no original em inglês) foi mais alvo de polêmicas que de soluções neste pouco tempo de implementação no futebol brasileiro. No entanto, por experiência em outros torneios internacionais, inclusive a Copa do Mundo, sabemos que o VAR agrega benefícios às competições.

Por vezes o Brasileirão foi manchado por erros de arbitragem, e neste ano, novamente, a tecnologia não foi empregada na principal competição do Brasil. O mesmo VAR passou a ser utilizado na Copa do Brasil, a partir das semifinais. Mesmo com polêmica (como na partida entre Palmeiras e Cruzeiro) a tecnologia é bastante útil aos árbitros, podendo evitar erros crassos que ocorrem em algumas partidas. Vale somente à equipe de arbitragem saber utilizar o artifício de forma eficiente.

Para o ano de 2019, é provável que a Copa do Brasil mantenha a tecnologia, mas para o Brasileirão deve haver ainda nova discussão. Assim, é mais provável que erros sejam cometidos nas duas competições, mas somente na Copa estes erros poderão ser revistos (e corrigidos!) durante as partidas.

O Brasileirão ainda é maior, mas por quanto tempo?

É claro que o campeonato Brasileiro (ainda) é mais importante que a Copa do Brasil. Ponto! Mas esta conclusão, levando-se em consideração os aspectos comentados acima, pode mudar em breve. Tudo isto ainda é influenciado pelo péssimo ajuste do calendário do futebol brasileiro, que deveria ser revisto pela CBF. De toda forma, é provável que este modelo de abordagem das diferentes competições continue por mais tempo, ainda mais se levarmos em consideração os desgastantes e improdutivos Estaduais e a presença de alguns torneios regionais, como a Copa do Nordeste*, Copa Verde* e Primeira Liga, que incham ainda mais o calendário das equipes brasileiras.

*Algumas equipes que disputam estes torneiros, por conta do calendário do futebol brasileiro, tem nestas competições, chance de disputas ao longo do ano, quando, anteriormente, ao final dos estaduais, já não possuíam mais jogos por não fazerem parte de nenhuma divisão do Campeonato Brasileiro.

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