segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Barcelona e Real Madrid necessitam de Arthur e Vinicius Junior

Nos últimos anos, têm sido costumeiro o mês de janeiro servir como uma espécie de parâmetro para a continuidade da temporada na Espanha. Como o modelo da copa nacional é oposto ao dos demais centros do futebol europeu, com jogos eliminatórias de ida e volta até a final, algumas equipes encaram uma verdadeira maratona dentro de quatro semanas, entrando em campo basicamente de três em três dias. O curioso é notar que lá, diferente de cá, não há reclamações. Sejamos justos, todavia; logicamente, o calendário mais apertado não é algo que dá as caras em quase 80% da temporada. Ok, existe um mito muito comentado no Brasil, seja por profissionais do futebol ou da própria crônica esportiva, de que “clubes europeus só jogam nos finais de semana”. Uma inverdade que nada impede de constatar que o calendário é sim mais leviano no Velho Continente, por uma série de fatores.

Os times que estão envolvidos em torneios europeus usam a Copa do Rei de duas formas: ou rodam o elenco a fim de testar novos nomes e descansar os principais, ou utilizam o time titular para definitivamente ratificar uma proposta. Foi dessa última maneira, por exemplo, que Real Madrid e Barcelona, respectivamente em 2014 e 2015, alavancaram seu moral, definiram um estilo e cresceram técnica e taticamente rumo às principais taças. Competir por 180 minutos concede a um treinador justamente a oportunidade de reparar erros e descobrir virtudes. E, embora não saibamos como será o fim de temporada para a duplinha em 2019, mais uma vez esse somatório de Copa + Liga está sendo fundamental para o desenvolvimento de Barça e Madrid. Não somente pelo aspecto coletivo, mas especialmente pelo individual. E aí entram em questão dois brasileiros, que vamos comentar separadamente: Vinícius Junior e Arthur Melo.

Vinícius Junior

Efetivamente, Vinícius fez mais a diferença, não à toa foi titular no período, protagonista e dono de várias capas de jornais na imprensa madrilenha. O Real Madrid tem confrontado um problema e tanto decorrente da saída de Cristiano Ronaldo: perdeu em agressividade no ataque. Por mais que que Bale e Benzema possam oferecer esse aspecto mais vertical a média ou curta distância, o Real carece de peças que modifiquem o rumo de um jogo através do drible. É por isso que a agilidade na solução de jogadas de Vinicius no um contra a um, embora ainda esteja verde, seja o suficiente para aumentar o poderio ofensivo merengue.

 

 

O Real cresceu nos três últimos jogos. Fez bom segundo tempo contra o Bétis e mostrou consistência nas vitórias diante de Girona e Espanyol. Nessa última, inclusive, vimos o melhor Real da temporada, e nem foi necessária uma atuação fenomenal do ex rubro-negro: com Sergio Ramos segurando o ataque catalão, Modric e sobretudo Benzema mataram o time azul e branco do meio para frente. Benzema, inclusive, que parece ser o companheiro ideal de Vinicius Jr. Assim como para Cristiano Ronaldo, a mobilidade do francês permite à promessa brasileira se infiltrar no espaço criado quando o camisa 9 sai da área.

“É um craque e estamos contentes por ele. É muito fácil de entender. Me sinto bem e ele fez de tudo para eu me adaptar. Vamos fazer muitos gols”, disse Vinicius, após  o 4×2 contra o Espanyol.

O mês termina de forma animada ao esquadrão madridista, mas custou até Santiago Solari encontrar o momento. No empate contra o Villarreal e na derrota para a Real Sociedad, em sequência, porém, o que se viu foi alarmante: o atual tri-campeão europeu se entregou a Vinicius Junior e esperou deste qualquer lance diferente para fugir da previsibilidade. O Real Madrid reconhece o brasileiro, aplaudindo-o, mas vaiou a conformidade de uma equipe que tendia ao fracasso retumbante. Com fevereiro chega também o mata-mata da Liga dos Campeões. É lógico que não dá para cobrar que Vinicius assuma o papel de uma lenda como Cristiano Ronaldo. O camisa 28 já deixou evidente que será, por inércia, salvo alguma lesão, protagonista no Santiago Bernabéu, mas também é evidente que hoje precisa de Benzema, Modric, Bale, Ramos, Marcelo ou Kroos, por exemplo, nas grandes noites caso queira abocanhar a orelhuda pela quarta vez.

Arthur

A 621 km da capital, em Barcelona, o encanto com uma promessa brasileira começou cedo. Ernesto Valverde iniciou 2018/2019 meio reticente na titularidade de Arthur. Até pela dificuldades que os meias que saem da América do Sul têm para se adaptar ao ritmo de uma temporada de estreia na Europa, o trato com o ex-gremista foi de certa forma até o ideal. Arthur não começou como titular, mas sempre teve oportunidades ao longo de um jogo. Como o Barça iniciou a campanha com mais dúvidas que certezas quanto ao funcionamento, em especial, do meio-campo, visto que a ideia de ter Coutinho como meia por dentro e Dembélé pela ponta esquerda não deu certo e o time se mostrou vulnerável na parte defensiva, o treinador resolveu criar uma estrutura tática que desse o mínimo de controle e estabilidade aos culés. Daí apareceu Arthur ao lado de Busquets e Rakitic, e Coutinho foi deslocado para o ataque, com Dembélé, inicialmente, relegado ao banco. E a estreia dessa formação foi numa prova de fogo cujo o meia brasileiro foi aprovado com louvor: a vitória contra o Tottenham por 4×2 em Wembley, na Liga dos Campeões.

 

 

Essa capacidade que Arthur tem, aos 22 anos, de melhorar indiretamente tudo que está ao seu lado somente pela sua presença em campo é o que mais chama a atenção. O melhor momento de futebol do Barcelona na temporada mais precisamente em outubro e novembro, com Arthur incontestável como titular, ainda mais porque houve um período de três semanas sem Messi, onde os azulgrenais encararam e venceram Internazionale e Real Madrid, esse último por 5×1, na grande atuação por La Liga. Arturo Vidal aproveitou a lesão do goiano em novembro para ganhar merecidamente a vaga entre os onze, mas, mesmo com a sequência de vitórias, a impressão foi que os catalães não convenceram, em relação aos meses anteriores.

Isso porque Vidal é bem diferente de Arthur. A natureza elétrica do chileno sobrecarrega Busquets, principalmente, e Rakitic. Vidal se posiciona por vezes muito distante dos companheiros e, em um time que naturalmente fica com a posse de bola, acaba por prejudicar a troca de passes. Não chega a ser um defeito, claro, até porque com o camisa 22 o Barcelona, se perde em aspectos com a bola, ganha sem a pelota, em especial na capacidade de pressão e no embate físico. Mas é como se, com Vidal, os dois precisassem de um tempo para se adaptar, diferentemente de quando acompanham Arthur, onde tudo flui naturalmente. O brasileiro “aproxima” os jogadores um aos outros, dá continuidade ao “tiki-taka” e inegavelmente melhora a circulação de bola, fazendo com que ela chegue mais limpa a Messi, o que faltou nas últimas eliminações na Liga dos Campeões.

Como a temporada de Real Madrid e Barcelona vão terminar, não sabemos. Mas, caso queiram competir de igual para igual com os principais favoritos de cada torneio que disputam, Santiago Solari e Ernesto Valverde tiveram, em janeiro, as evidências que vão precisar contar com Vinicius Junior e Arthur Melo, respectivamente.

obs: texto escrito antes dos confrontos do meio da semana pela Copa do Rei

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