sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Gonçalo Guedes on fire: a promessa do Campeonato Espanhol

Após 11 rodadas de Liga Espanhola, não há dúvida de que um time vem chamando a atenção mais do que qualquer outro: o Valencia de Marcelino García Toral. Os números ilustram a positiva campanha ché: oito vitórias, três empates e nenhuma derrota; 27 pontos e a segunda colocação, quatro pontos atrás do Barcelona. A defesa ainda não está no ponto das que costumam ser com Marcelino, mas o ataque é digno dos maiores elogios: são 27 gols (o melhor ao lado do Barcelona) e um repertório diversificado. Atualmente o Valencia tem mais de uma forma de balançar as redes adversárias, seja na bola aérea, nos contra-ataques, nas jogadas organizadas por Dani Parejo e Soler ou nas individualidades. E é esse último ponto que será o tema desse texto. Sobre o Valencia, dedicamos um artigo analisando “o que é” e “o que promete ser” logo no início da temporada, que pode ser lido aqui. O assunto agora é um só: Gonçalo Guedes.

Natural de Benavente, Portugal, o gajo de somente 20 anos é, sem sombra de dúvidas, a promessa da atual edição do Campeonato Espanhol. Que o diga o Sevilla, que sofreu com as habilidades do jovem na 9ª rodada, na convincente vitória valenciana por 4×0 no Mestalla. Uma semana antes, Guedes aprontou contra o outro clube de Sevilha. Em pleno Benito Villamarin, marcou um gol e participou de outros três, no maluco triunfo por 3×6. Ah, sem esquecer também do MOTM na sempre complicada visita ao País Basco para enfrentar a Real Sociedad. Na 6ª rodada, o português foi o melhor em campo no sofrido (e importante) êxito do Valencia por 2×3 no Anoeta.

Pra começo de conversa, é importante ressaltar como Gonçalo Guedes vem se comportando sob o comando de Marcelino García Toral. Marcelino, cuja filosofia consiste em montar equipes militares sob o ponto de vista disciplinar, pragmáticas, rígidas e contra-golpeadoras, tem feito um Valencia mais livre, leve e solto na parte ofensiva, sem esquecer, logicamente, a organização na retaguarda. O esquema é eterno: um 4-4-2 com duas linhas bem definidas com e sem a bola, com muitos passes verticais e transições velozes. E muito dessa ameaça surge justamente por causa de Guedes, escalado aberto à esquerda, como meia, apesar de não ser sua posição de origem. No Benfica e nos times de base de Portugal, o melhor do lusitano pôde ser visto no ataque, não propriamente como um centroavante, mas mais como um segundo atacante, saindo sempre da área, ou como meia-atacante, atrás do 9. Até porque Marcelino não poderia ser dar ao luxo de mexer na dupla da frente, formada por Rodrigo e Zaza, outros dos destaques deste início de Liga Santander. Daí partiu a necessidade (até por meritocracia, já que Guedes só estreou na 3ª rodada) de posicionar Guedes de maneira mais recuada.

Acontece que mesmo partindo das beiradas o camisa 7 tem sido determinante. Aliando a incrível velocidade à capacidade de drible, o português faz do Valencia uma equipe mais agressiva e potente, transformando cada contra-ataque em um autêntico perigo. E o mais interessante é o entendimento com Rodrigo, Zaza e Carlos Soler, o meia direita. Com Soler, inclusive, embora a prancheta indique o contrário, já que cada um joga em um lado, os “encontros” dentro de campo são múltiplos. Quando o Valencia tem a posse, Guedes e Soler têm liberdade para centralizarem e se juntarem a Dani Parejo. Por isso não é raro ver o gajo receber entrelinhas e acionar um dos atacantes ou até mesmo permitir a infiltração de Soler pela direita. A relação entre a promissora dupla ibérica é mais ou menos como a de Arda Turan e Koke no Atlético de Madrid de Simeone, fazendo com que o conjunto ché seja mais difícil de ser marcado, ganhe ritmo e passe maior imposição com a pelota. Já com Rodrigo e Zaza, a adaptação foi mais fácil do que a esperada. Ambos possuem sensibilidade e leitura para servirem de pivô (especialmente Zaza) ou abrir a um dos flancos, e aí é onde Guedes consegue se instalar com desenvoltura e agilidade na área adversária. Prova disso foi o gol marcado contra o Sevilla: Rodrigo retrocede e concede espaço a Guedes, que penetra a defesa sevillista, deixa dois rivais para trás e acerta o ângulo de Sergio Rico. Atuação de ouro que serviu como espécie de batismo de Gonçalo Guedes e do Valencia.

Após seis meses fora do foco no Paris Saint-Germain (foi contratado em janeiro de 2017 e disputou apenas sete jogos), a ida a Paterna mostra-se acertada dia após dia.”Poderia ter ficado no Paris Saint-Germain, mas não tinha certeza que ganharia minutos, e eu com 20 anos necessito jogar. Na minha cabeça só queria jogar. Teria sido bom (continuar no PSG) porque o elenco se reforçou com os melhores do mundo, mas, primeiramente, queria jogar e então optei pelo Valencia. Quero disputar uma Champions com o Valencia e depois voltar a Paris, disputando posição com os melhores. Mas estou feliz aqui atualmente. Não sei o que o futuro irá reservar“, disse, em entrevista ao Marca no início de outubro (leia mais clicando aqui). Chamado por Fernando Santos nas últimas convocações de Portugal, somente uma hecatombe o fará ficar de fora da Copa do Mundo de 2018. “É um objetivo de qualquer jogador jogar uma Copa. Estou trabalhando para isso, para permanecer sendo convocado para a seleção principal. Sei que é complicado, já que é a atual campeã da Europa“, afirmou.

Foto: Site Oficial do Paris Saint Germain | Emprestado pelo PSG ao Valencia, Gonçalo Guedes deve retornar ao clube francês na próxima temporada

Cravar com convicção que Guedes (caso seja, de fato, convocado) será titular é uma tarefa impossível, independente do nível demonstrado pelo jogador na atual temporada europeia, visto que o comandante luso parece ter uma espinha-dorsal e um time titular definidos. De qualquer forma, Fernando sabe que terá uma peça de extremo valor para contar na Rússia. Aliás, o estilo de jogo, a confiança e a evolução semanal, remetem ao primeiro Cristiano Ronaldo (antes da assustadora evolução na finalização em 2007), que chegou ao Mundial da Alemanha como Guedes pode chegar ao do ano que vem: como coadjuvante de ouro, com as pernas frescas e personalidade. Cristiano teve em Figo seu escudo. Guedes pode ter em Cristiano seu próprio escudo. Enquanto isso, o Mestalla vai desfrutando do surgimento de uma possível estrela do futebol mundial nos próximos anos.

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