sexta-feira, 9 de novembro de 2018

CAF Champions League 2018: Espérance de Tunis x Al-Ahly Cairo – o capítulo final

Após 145 jogos, com 348 gols, média de 2,4 gols/jogo, chega ao final, nesta sexta-feira (9) a 54ª edição da Liga dos Campeões da África/CAF Champions League, principal interclubes do continente africano, que classificará o campeão para o Mundial Interclubes Fifa, em dezembro, no Emirados Árabes Unidos. A edição 2018 da competição coloca frente a frente, o multicampeão, Al-Ahly, do Egito, que disputa a sua 12ª final, enfrentando os tunisianos do Espérance de Tunis, que está em sua 7ª final de Liga. No jogo de ida, na semana passada, no Borg El-Arab Stadium, em Alexandria, o Al-Ahly conquistou uma importante vantagem, ao vencer por 3×1 em jogo onde o VAR foi decisivo, bem como muito questionado.

O certo é que a final deste ano deixa claro, mais uma vez, o poderio dos clubes da África Árabe (dos países geograficamente localizados na região norte do continente), fruto obviamente da força econômica destes, que claro, deixa evidente o profissionalismo em um grau bem mais elevado dos mesmos, na comparação com os demais clubes africanos. Entre os semifinalistas da edição atual, três eram de países do norte: um egípcio, um tunisiano e um argelino e apenas um clube (de Angola) representava a dita África Negra. O domínio têm sido tão amplo que das últimas 10 finais, apenas em 2009, não tivemos nenhum clube da África do Norte presente. De lá para cá, sempre tivemos a presença de representantes desta região do Continente.

No radar: Al-Ahly Cairo

Maior vencedor da CAF Champions League, com oito títulos e eleito o clube africano do século, pela FIFA; o Al-Ahly Cairo, atualmente comandado pelo francês Patrice Carteron, segue mantendo a tradição de equipe mais copeira do futebol africano. Certamente um dos grandes segredos está na manutenção do elenco das últimas temporadas. Com uma tradição de revelar jogadores e contratações pontuais, a equipe prova que a sua filosofia de trabalho, em geral, segue sendo algo de sucesso. Nesta edição da CAF Champions League, foram 13 jogos, com 8 vitórias, 2 empates e 2 derrotas.

O Al-Ahly terminou a fase de grupos, com 13 pontos ganhos, liderando a chave A da competição, a frente do próprio Espérance de Tunis, com 13 pontos ganhos. Entretanto, os primeiros jogos na chave causaram preocupação para os torcedores, pois a equipe vermelha do Cairo, empatou em casa sem gols com o adversário da final e jogando em Kampala (Uganda) foi derrotada por 2×0, pelo KCCA, sendo este um raro resultado na temporada, ainda mais por dois gols de diferença. A partir de então, o conhecido “copeirismo” dos Diabos Vermelhos, passou a prevalecer e enquanto alguns acreditavam em uma precoce eliminação, a equipe de Carteron alavancou uma sequência de quatro vitórias seguidas, que a colocaram nas quartas-de-final, onde venceram os guineenses do Horoya.

O time comandado por Carteron, é uma equipe que costuma ter controle do jogo, com boa média de posse de bola. A defesa é um ponto de destaque da equipe, que sofreu 8 gols e marcou 23 gols em outro aspecto interessante do time vermelho: o ataque. Nos últimos 20 jogos, entre o Campeonato Egípcio, CAF Champions, Liga dos Clubes Árabes e amistosos, os Diabos Vermelhos venceram 12, empataram 6 e sofreram apenas 2 derrotas. Números que demonstram a força do clube egípcio.

Taticamente o experiente treinador francês costuma escalar o Al-Ahly num 4-2-3-1. A base da equipe egípcia tem na defesa, o experiente “curinga” Ahmed Fathy, 32 anos e que já atuou em todas as posições da zona defensiva dos Diabos Vermelhos. A frente da zaga, comandando o meio-campo, o capitão Hossam Ashour é a voz da liderança. Adiante, o responsável pelo jogo de ataque acontecer é o igualmente experiente, Walid Soliman e jogando um pouco mais “isolado” na frente, o jogador referência de área, será Salah ou Marwan Mohsen, substituindo o artilheiro marroquino Walid Azaro, suspenso da final.

Em busca do seu terceiro título, Walid Soliman, aos 33 anos vive uma de suas melhores fases na carreira. O camisa 11 que atua desde 2011 no Al-Ahly é (juntamente com Walid Azaro), o artilheiro da equipe na Champions, com 6 gols e desde o segundo jogo das quartas-de-final, Soliman anotou gols em todos os jogos, incluindo os dois no primeiro  das finais; sendo peça primordial no esquema tático do clube egípcio.

                           Walid Soliman foi decisivo no jogo de ida e pode ser o grande nome egípcio na final (foto: Elfiqi/EPA)

No radar: Espérance de Tunis

Um dos clube mais ricos do continente, potência esportiva em diversas modalidades, o Espérance de Tunis busca chegar ao seu terceiro título da CAF Champions League, repetindo assim, o feito de 1994 e 2011. Entretanto a equipe comandada pelo jovem treinador e ex-jogador do clube, Moine Chaâbani terá uma dura missão, reverter a desvantagem obtida pelos egípcios no jogo de ida. A esperança tunisiana reside no fato que a equipe nesta edição da Champions já conseguiu reverter uma desvantagem, justamente na fase semifinal, quando eliminou a sensação angolana, o Clube 1º de Agosto.

O Espérance de Tunis, jogou 14 partidas, venceu 7 jogos, empatou 4 e perdeu 3. O fato que incomoda o torcedor auri-rubro, é que justamente, duas das três derrotas, foram para o Al-Ahly Cairo. Após classificar-se sem muitos problemas para a fase de grupos, na chave A, juntamente com seu adversário da final, mais o KCCA (Uganda) e o Township Rollers (Botswana), terminando em segundo lugar, com 11 pontos ganhos. Nas quartas-de-final, um clássico local, diante do grande rival Étoile du Sahel, com duas categóricas vitórias (2×1 e 1×0). Nas semifinais, diante dos angolanos do Clube 1º de Agosto, derrota no jogo de ida (1×0) e vitória de virada no jogo de volta (4×2).

Necessitando da vitória, Chaâbani deve mandar a campo, uma formação intensa e ofensiva, muito provavelmente escalada no 4-3-3, como o fez em Alexandria, há uma semana atrás. O que provavelmente deverá mudar, é a postura dos seus jogadores. Com uma defesa com média de idade de 31 anos, que sofre, por razões óbvias, com a lentidão, o que pode ser um fator complicador para uma proposta de jogo voltada ao ataque e que naturalmente deixará espaços. O meio-de-campo, muito criticado na derrota da semana passada, tem como destaque o marfinense Fousseny Coulibaly, jogador de boa chegada ao ataque, sempre pelo lado direito. No ataque, Anice Badri aberto pela direita e o argelino Youcef Belaili são jogadores de constante movimentação pelos flancos, tendo o aporte tático do centroavante Yassine Khenissi, o “homem de área”, num time que gosta do jogo aéreo, justamente uma das dificuldades do sistema defensivo egípcio.

Artilheiro da CAF Champions League, com 7 gols, Anice Badri, 28 anos é a principal esperança da virada tunisiana rumo ao tricampeonato. Nascido em Lyon (França), filho de pais tunisianos, o camisa 8, é um jogador experiente, que iniciou a carreira no Lille e após passagem pelo futebol belga, chegou em 2016 ao Espérance de Tunis. Jogador de boa estatura, costuma jogar mais aberto mas com a característica de infiltrar em diagonal, entre o lateral e o zagueiro adversário para cabecear, além de ter um bom arremate de média distância; Badri pode ser um dos nomes da final.

                         A esperança da virada tunisiana passa por Anice Badri (foto: divulgação)

A história do confronto

Um dos grandes clássicos da África e uma rivalidade recente, o primeiro duelo na CAF Champions League, aconteceu em 1990, pelas oitavas-de-final da competição. Após dois empates sem gols, os tunisianos venceram por 4×2 nos pênaltis, avançando assim na competição.

Onze anos depois, pela semifinal da principal competição interclubes da África, as equipes se enfrentaram novamente. Após empate sem gols no Cairo, Edilton Perreira, abiu o placar para o Espérance, porém Sayed Hafeez, no final do jogo empatou para os egípcios, garantindo a classificação para a final pelo gol qualificado.

Em 2007, as equipes se encontraram pela fase de grupos da competição. No turno, o Al-Ahly, vivendo talvez sua melhor fase da história, tecnicamente falando, não tomou conhecimento e goleou por 3×0 no Cairo, gols de Aboutrika, Flávio e Ossama Hosny. No returno, em Rades, o Espérance venceu por 1×0.

Em 2010, novo encontro pelas semifinais da competição e novos jogos marcados pelo equilíbrio. No Cairo, vitória do Al-Ahly por 2×1. No jogo de volta, o nigeriano Michael Eneramo marcou no primeiro minuto de jogo e os tunisianos avançaram pelo gol qualificado.

Em 2011, pela fase de grupos, mais um duelo. Em Rades, vitória da equipe auri-rubra, sobre os vermelhos, 1×0. No returno, no Cairo, empate em um gol.

Um ano depois as equipes se encontrariam novamente desta vez, assim como agora, disputando a finalíssima da Champions. Após empate em Alexandria em 1×1, os tunisianos carregavam a total confiança ante a desconfiança para com os egípcios, que surpreenderam e venceram em Rades por 2×1, levando o título.

Em 2015, o único confronto oficial que não foi disputado pela Champions League. Desta vez pela fase de grupos da Copa da Confederação CAF. No turno,em Suez, o time vermelho goleou por 3×0 e no returno, nova vitória, desta vez por 1×0.

No ano passado, um dos confrontos mais épicos, pelas quartas-de-final da CAF Champions League. No jogo de ida, em Alexandria, empate em 2×2, gosl de Abdullah Elsaid e Walid Azaro para os egípicios e Taha Khenissi e Ghilane Chaalali para os tunisianos. No jogo de volta, o Al-Ahly saiu atrás do placar, gol de Taha Khenissi, mas foi buscar a virada heroica com Ali Maaloul e Junior Ajayi, eliminando novamente o rival tunisiano.

Neste ano, as equipes se enfrentaram pelo grupo A da competição. No turno, empate sem gols no Egito. No returno, Walid Azaro, deu a vitória para o Al-Ahly em Rades.

Semana passada, tivemos mais um jogo para a história dos jogos entre Al-Ahly x Espérance de Tunis. Vitória dos Diabos Vermelhos por 3×1, coloca a equipe egípcia em grande vantagem ante os tunisianos.

O primeiro jogo da final

Na sexta-feira passada (2), tivemos o primeiro jogo da final. Ante um público apaixonado de aproximadamente 60.000 espectadores, no Borg El Arab Stadium, em Alexandria, um jogo marcado pela intensidade e pelas reclamações tunisianas para com o VAR. A primeira, relacionada ao pênalti assinalado em Walid Azaro, que originou o primeiro gol, de Walid Soliman, aos 34 minutos do primeiro tempo, que ainda teve no chute do meia Ghailene Chaali no travessão, a melhor chance do Espérance de Tunis na etapa.

Com dois gols de pênalti e uma assistência, Walid Soliman (11) foi decisivo (foto: EPA/Khaled Elfiqi)

No segundo tempo, logo aos 13 minutos, o Al-Ahly chegou pela ponta direita e Walid Soliman cruzou para a área, Chaalali falhou e Amr Elsolia entrou livre para tocar na saída do goleiro Ben Cherifia. Com grande desvantagem no placar, o Espérance de Tunis partiu para o ataque e em lance igualmente polêmico, o árbitro argelino Mehdi Abid Charef marcou pênalti em cima do compatriota Youcef Belaili, que cobrou diminuindo a diferença, aos 19 minutos.

O jogo seguia muito disputado, até que aos 32 minutos, o árbitro Charef anotou nova penalidade, desta vez, completamente inexistente, em cima do atacante Walid Azaro, que se jogou ao chegar próximo do zagueiro. O pior é que mesmo com o uso do VAR, o árbitro não voltou atrás e colocou a bola na marca penal. Soliman cobrou e fez o terceiro gol do time vermelho, decretando o placar final.

A Final: nervos a flor da pele

Após a partida, os tunisianos subiram o tom contra a arbitragem e criticaram a CAF, exigindo providências. Entretanto, a comissão disciplinar da CAF reuniu-se na quarta-feira (7) e confirmou a suspensão de Chamseddine Dhaouadi e Franck Kom, pelo Ésperance de Tunis; assim como Walid Azaro, do Al-Ahly, este por dois jogos, após a mesma consultar imagens de televisão e constatar conduta antidesportiva, além de multa de U$20 mil. Rumores de bastidores elegem a possibilidade da CAF ter imposto a suspensão ao atacante egípcio, para amenizar a ira dos tunisianos, uma vez que os jogadores do Ésperance de Tunis, suspensos automaticamente pelo terceiro cartão amarelo, fruto de punições igualmente questionadas pelos tunisianos, cogitavam a possibilidade de adentrar a estâncias superiores do tribunal de justiça desportiva para ter seus atletas em campo.

Numa queda de poderes, envolvendo sobretudo o prestígio da Federação Tunisiana de Futebol, a CAF “anulou” temporariamente a sanção imposta ao Espérance de Tunis, de não poder jogar com a presença dos seus torcedores, após incidentes de brigas entre as torcidas do Espérance Tunis e Étoile du Sahel, nas quartas-de-final. Assim, a decisão terá a presença dos torcedores tunisianos e também egípcios.

A final no Stade Olympique de Rades, está prevista para iniciar as 17 horas (horário de Brasília). No Brasil, em princípio, o SporTV, detentor dos direitos de transmissão no Brasil, sequer faz alguma menção de transmitir a partida. Assim, para quem quiser acompanhar, somente pelos links alternativos via internet. Mas você Doente por Futebol, fica por dentro dos detalhes aqui, na casa do futebol africano no Brasil.

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