sexta-feira, 1 de maio de 2020

Evolução da Gestão pode salvar o Bahia de crise financeira após a pandemia

Muitos países passam por uma situação inusitada, raras vezes vivida na história, uma pandemia que tem ceifado vidas humanas e impactado drasticamente na economia mundial.

No futebol não tem sido diferente. A paralisação obrigatória dos eventos esportivos fez com quem os clubes sofressem impactos nas suas receitas, sejam elas por “match day”, patrocínios, marketing, sócio torcedor, direitos de transmissão ou até mesmo na venda de jogadores.

No Brasil, por exemplo, os clubes da elite do futebol têm sofrido fortes impactos financeiros, alguns deles já trabalham com a redução salarial dos atletas conforme Medida Provisória emitida pelo Governo Federal, ademais, a maioria dos jogadores do futebol brasileiro, concentrados nos clubes de menor porte, sofrem com os impactos financeiros e têm os seus contratos encerrados por falta de recursos dos clubes para a manutenção dos mesmos.

A pandemia e a paralisação, por consequência, impactam ainda no calendário do futebol brasileiro. Com a incerteza do retorno dos Estaduais, estes clubes de menor expressão – geralmente dos interiores destes Estados – têm liberado os jogadores por falta de recursos financeiros para mantê-los e, inclusive, muitos destes atletas possuíam contratos apenas durante o período das competições regionais.

Bilheterias, Patrocínios Pontuais, Cotas de TV e Negociação de Atletas, os ativos mais atingidos

Alguns ativos das receitas anual dos clubes são fortemente atingidos com a pandemia da COVID-19. Ao citar a paralisação dos jogos, os clubes têm perdido receitas com o que chamamos de “match day” (os dias de jogos) e com as bilheterias, ativo que não deve mais gerar receita em 2020, pois, provavelmente, não teremos público nos eventos esportivos até o término da temporada.

Os patrocínios pontuais, que muitos clubes utilizaram nos últimos anos, com essa queda da economia, em geral, deixam de investir no futebol e, por consequência, nas suas próprias marcas. Além destes, o dinheiro dos direitos de transmissão (cotas de TV) que salva a vida financeira de muitos clubes do Brasil, ainda não caiu nos cofres dos mesmos, por que as detentoras desses direitos não realizaram os pagamentos conforme previsto caso houvesse à normalidade.

Outro ativo que auxilia aos clubes do futebol brasileiro é a venda de atletas, visto que, a vitrine que é o Brasil ao produzir bons talentos para o futebol mundial e, os europeus, em larga escala, captam atletas do nosso território. Após a pandemia, as negociações de jogadores deverão ser diferentes e com valores menos absurdos do que se trabalham atualmente, ou até mesmo uma redução drástica na quantidade de atletas envolvidos nessas transições, em que pese uma atual desvalorização do real perante o dólar e o euro.

Referência em Gestão, o Bahia pode sofrer menos as consequências financeiras

A realidade é que todos os clubes do futebol brasileiro sofrerão impactos financeiros com a pandemia, estima-se uma queda entre 20% a 30% nas receitas em comparação com a temporada anterior. Entretanto, a expectativa é para que àqueles com uma gestão financeira mais equilibrada sofram menos as consequências. É óbvio que se trata de projeções, porém, por exemplo, ao trazer para a realidade na cidade do Salvador, o Bahia possui uma gestão que tem sido referência para outros clubes do cenário nacional.

O Bahia demonstra evolução na sua Gestão e, por consequência, reflete dentro das quatro linhas. O Tricolor, a cada ano, tem se firmado na elite do futebol brasileiro, fator que mantém também uma linearidade das receitas – sobretudo nas cotas dos direitos de transmissão – além de conseguir potencializar o time com contratações de atletas que podem agregar muito valor ao elenco.

Nos últimos dias, o Bahia divulgou o balanço financeiro da temporada anterior que culminou em uma ascensão de 39% das receitas, fechando o ano de 2019 com aproximadamente R$ 190 milhões, recorde na história do clube.

Fonte: Balanço do Bahia / Elaboração: Pluri Consultoria

Em comparação com o ano de 2018, o Bahia conseguiu ascender os números em todos os âmbitos de receitas possíveis: vendas de atletas, bilheterias, direitos de transmissão e marketing. Pelo segundo ano consecutivo, assume a alcunha de ser o clube do Nordeste com o maior número de receita, se aproximando a alguns clubes mais tradicionais do futebol brasileiro.

Negociação de atletas: um ativo com valores históricos para o Bahia

A venda de jogadores tem sido crucial para muitos clubes do futebol brasileiro manter a sua saúde financeira regular, porém não se deve ter este ativo como recurso principal, afinal de contas, nem todos os anos surgirão um Neymar ou Vinícius Júnior, até mesmo um Zé Rafael, Anderson Talisca ou um Lucas Ribeiro ao trazer para a realidade do futebol baiano.

Ainda assim, o Bahia apresentou números impactantes em 2019. No quesito venda de jogador, o Tricolor arrecadou R$ 45 milhões, equivalente ao somatório da receita dos últimos 05 anos do clube neste ativo. Adquirir jogadores em potencial com um baixo valor de mercado para somar tecnicamente dentro das quatro linhas e, quem sabe, fazer caixa com possíveis negociações dos mesmos tem sido uma prática do clube. O meio-campista Zé Rafael – atualmente no Palmeiras – e o volante Gregore, que também é desejado pelo próprio clube paulista, são exemplos.

Fonte: Balanço do Bahia / Elaboração: Pluri Consultoria

A venda de Zé Rafael para o Palmeiras está na história do clube como a maior transação ao arrecadar R$ 14,5 milhões. Em 2017, o Bahia adquiriu os direitos federativos do meio-campista junto ao Londrina por uma cifra de R$ 500 mil. É fato que a pandemia vai afetar aos clubes financeiramente, porém o Bahia pode ainda em 2020 bater este recorde com uma possível venda de Ramires (R$ 30 milhões) ao Basel-SUI, números estes, não contabilizado ainda pelo clube.

Torcida tem poder! E o clube deve utilizá-la ao seu favor

Historicamente, a força da torcida do Bahia expande fronteiras pelo Brasil e por onde quer que a equipe vá atuar é certeza de que contará com a presença do seu público. É comum acompanhar jogos do tricolor baiano com a Arena Fonte Nova lotada, por consequência, sempre entre os destaques no quesito média de público, porém essa força da torcida pouco tivera sido tão bem aproveitada como na gestão atual.

O Bahia teve um aumento financeiro vindo diretamente do seu torcedor (PPV, sócio torcedor, compra de artigos esportivos do clube) em 54%, para algo em torno de R$ 73 milhões.

Fonte: Balanço do Bahia / Elaboração: Pluri Consultoria

O Bahia também conseguiu elevar os números de receita quanto aos direitos de transmissão. Em comparação com 2018, o percentual não é tão elevado até por que se mantém uma média de valores arrecadados pelos clubes em negociação com as detentoras de transmissão, mas, ainda assim, o Bahia elevou estes números em 7%, para algo em torno de R$ 80 milhões.

Nos últimos 05 anos, o Bahia conseguiu arrecadar R$ 359 milhões com os direitos de transmissão junto às detentoras e é óbvio que a manutenção na divisão de elite do futebol brasileiro somada às boas campanhas e disputas em competições internacionais ajudaram a elevar o patamar do clube neste ativo. Por tal, citamos a fundamental importância da manutenção dos clubes em ascensão na Série A do Campeonato Brasileiro.

Fonte: Balanço do Bahia / Elaboração: Pluri Consultoria

As boas exibições da equipe tricolor nos últimos anos – inclusive com conquistas em Copa do Nordeste e Estadual – também fizeram alavancar os números do clube arrecadados com o Marketing. Apoio às grandes causas, fundo para os jogadores históricos, a criação da marca própria (Esquadrão) e a loja de artigos esportivos localizada no estádio da Arena Fonte Nova facilitaram a elevação dos números de receita com este ativo.

O Bahia arrecadou R$ 16 milhões em Marketing no ano de 2019 – R$ 7 milhões a mais do que em 2018 – números que representam um crescimento de 68% no ativo. Nos últimos 05 anos, arrecadou com o Marketing um valor de R$ 52 milhões.

Fonte: Balanço do Bahia / Elaboração: Pluri Consultoria

É fundamental reiterar que o Bahia sentirá impactos financeiros por conta da pandemia do COVID-19, assim como todos os outros clubes do futebol brasileiro, quiçá, se expanda a todos do futebol mundial. A dupla Ba-Vi, inclusive, extinguiu as suas equipes de transição (com atletas do sub-23 que disputavam o Estadual) por objetivo a redução dos custos neste momento de paralisação – e incerteza, diria – do futebol.

Outras tomadas de decisões estão sendo adotadas pelos clubes do futebol brasileiro, por exemplo, a redução de salários dos funcionários, sobretudo dos próprios atletas e direção administrativa – o Bahia reduziu em 25% o salário dos jogadores, porém manteve os salários das atletas do futebol feminino integral.

Contudo, ao afetar a economia mundial e, por consequência, os padrões econômicos do futebol, a pandemia faz com quê os clubes, obrigatoriamente, busquem se reinventar para manter saudável a situação financeira dos mesmos ou, no mínimo, sentir menos os impactos financeiros. Um possível equilíbrio nas finanças pode traduzir para os clubes grandes feitos dentro de campo assim que essa pandemia passar e puder voltar às atividades normais.

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