quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Escolha as campeãs: começa a reta final da Champions League Feminina

Jogos emocionantes, viradas memoráveis, medalhões ficando pelo caminho e estreantes na final. A UEFA Champions League deles caminha para a fim neste domingo (23) com Paris Saint-Germain e Bayern de Munique decidindo o título, já a delas – UEFA Women’s Champions League – volta para as quartas de final após paralisação pela Covid-19 em formato semelhante com partidas únicas disputadas no País Basco, na Espanha.

Um clássico espanhol abre a rodada das quartas com Barcelona e Atlético de Madrid, às 13 horas, com transmissão da ESPN Brasil. No mesmo horário Glasgow enfrenta o Wolfsburg pelo lado direito da chave da competição. No sábado (22), pelo outro lado do sorteio, o atual campeão Lyon enfrenta o Bayern de Munique às 15 horas, enquanto o PSG de Formiga e Luana encara o Arsenal de Miedema no mesmo horário. As partidas acontecem no Anoeta e no San Mamés, palcos significativos para o futebol feminino na Espanha. Os jogos terão transmissão da ESPN para o território nacional.

Na briga pela artilharia, Miedema segue na ponta com 10 gols, contra 9 da lesionada e, por enquanto, desfalque das atuais campeãs, Ada Hegerberg. Perline Harder vem logo depois com 5 tentos

Lyon, Wolfsburg e Barcelona, talvez nesta ordem, são os favoritos para ficar com o título. Atuais campeãs em seus países, as três equipes apresentam um futebol melhor que as adversárias, além de contarem com elencos mais completos. Mas quando se trata da maior competição de clubes do mundo, não há roteiro definido e jogos únicos em estádios neutros reservam fortes emoções.

Clássico espanhol, a máquina Barcelona recebe o desfalcado Atlético de Madrid

Se deixar o fator dérbi de fora, o Barcelona é amplo favorito contra o Atlético de Madrid. Com time completo à disposição, as blaugranas vem embaladas e com foco total na Liga dos Campeões após a conquista do Campeonato Espanhol com largos 9 pontos de vantagem para as rivais. Nos últimos jogos, empate em 0 a 0 pela liga nacional e vitória do Barcelona por 3 a 2 na Supercopa da Espanha, deixaram uma sensação de jogo aberto, mas qualquer esperança colchonera tomou um balde de água fria com os desfalques e as movimentações do mercado de transferência.

Com a volta de lesão de peças que ainda estavam afastadas como Crnogorcevic e Torrejon, o Barcelona tem o elenco completo à disposição, tendo boas opções no banco de reservas para condicionar a partida da forma que mais lhes agrada: seguindo o padrão cruyfista blaugrana de posse de bola e infiltrações. Pela Supercopa jogaram no 4-4-2 ultra ofensivo contra este mesmo Atleti, com Mariona e Oshoala fazendo a frente avançada e Martens e Graham Hansem pelas pontas. Característica forte: atacar em mutirão. De olhos bem abertos para Aitana Bonmati, joia da base catalã que pode pintar no jogo. A nível de curiosidade, a brasileira Giovana “Gio” Queiroz, talento de 23 anos recém contratada, foi inscrita pelo clube catalão na competição.

Do lado vermelho e branco, algumas valiosas saídas e 7 desfalques. Primeiro a goleira Lola Gallardo que deixou a equipe para encarar o desafio de brigar por posição no Lyon – pouco antes Sari van Veenendaal havia deixado também o clube. Sem goleira para o posto, o Atleti foi buscar Hedvig Lindahl, 37 anos, nos “acréscimos”. Ainda na defesa, outro golpe baixo foi a saída da excelente lateral Kenti Robles. A mexicana deixou o clube para assinar com o Real Madrid. Peça fundamental que foi substituída por outro nome de peso: Alia Guagni, ex-capitã da Fiorentina.

Com casos de Covid-19 no elenco, o time perdeu mais 5 atletas: Meseguer, Charlyn, Laia, Leicy e Deyna. Virginia Torrecilla luta contra um tumor cerebral desde junho e também é um valioso desfalque para o grupo. Ludmilla, suspensa por acúmulo de cartões, não joga. Para o jogo de linha a equipe colchonera tem 11 peças disponíveis, das quais duas são canteranas e quatro são novas contratadas. Restaram apenas três jogadoras que já disputaram algum minuto desta edição de UWCL com o Atlético de Madrid.

É preciso uma odisseia daquelas que o futebol jamais esquecerá para vermos o Atlético de Madrid avançar de fase. Um time fechado, atrapalhando a posse blaugrana e aproveitando um contra-ataque para uma bola milagrosa classificar as colchoneras seria uma daquelas histórias que só a Liga dos Campeões parece apta a contar. Mas para isso é preciso suportar Hermoso, Oshoala, Putellas, Losada, Bonmati, Hansem, Mariona, Martens e a maquina de guerra que é o Barça Femeni. Vai ser como tentar segurar água com as mãos.

O embalado Wolfsburg enfrenta o Glasglow, time que não joga desde fevereiro

Um duelo com ritmo nada equilibrado. De um lado o Wolfsburg, atual campeão alemão que vem jogando com certa regularidade desde junho – a competição nacional na Alemanha foi uma das poucas do feminino que voltou para encerrar seu calendário em campo. Do outro lado o Glasglow City, campeão de 2019 do escocês e quinto colocado da Super Liga em 2020 –  que segue interrompida desde fevereiro, em sua segunda rodada (a liga tem calendário anual). Um time com um ótimo elenco e ritmo de jogo recente, contra outro que não disputa uma partida oficial há 6 meses.

Poucos ataques no mundo são mais eficientes que o do Wolfs. Pernille Harder (para mim a melhor do mundo em 2020) e Ewa Pajor são boa parte disso, sendo responsáveis diretamente, sem contar as assistências, por 43 dos mais de 130 marcados pela equipe. Rolf, Popp e Huth ajudam a inflar as estatísticas sendo peças importantes para ligar o ataque. Invictas, o time não perdeu nenhum jogo na temporada. Sara Borjk foi embora para o Lyon, mas a ausência não deve ser tão sentida já que Lana Goebling fica com a sua vaga. Outra que também partiu foi Lindahl, para o Atlético de Madrid – Kiedrzynek e Abt revezam na meta alemã. De olho em Ingrid Engen, a volante é peça importante para organizar o jogo alemão.

Do lado escocês um time sem ritmo que pode optar pela marcação alta bastante utilizada pelo conjunto, mas que corre o risco de gerar espaços para um Wolfsburg que tem certa facilidade em jogar pressionado desta forma. São seis jogadoras da seleção nacional no elenco, destacando a goleira Lee Alexander que fez uma excelente exibição contra Bloody nas oitavas – defendeu três pênaltis nas cobranças e garantiu a classificação. Time conta com o reforço da sul africana Van Wyk e merece destaque para as atacantes Clare Shine e Samantha Kerr – não a australiana que os brasileiros odeiam, a outra.

O mais desequilibrado dos confrontos, um jogo que tem tudo para ser morno e sem muitas emoções. Com um Wolfsburg concentrado em conquistar a taça, passar pelo Glasgow sem nenhum susto é mais do que fundamental, é obrigação. Afinal, são 32 jogos invicto, uma temporada impecável que tudo indica que só deve terminar na final da UWCL, com ou sem título.

Jogo duro para Arsenal e Paris Saint-Germain: o provável mais disputado confronto das quartas

As inglesas têm a artilheira da competição, a atacante Viviane Miedema, e também a vice líder de assistências, Beth Mead, mas murcharam na reta final no Campeonato Inglês antes da pandemia e perderam valiosos pontos que as deixou de fora da próxima Liga dos Campeões. O Arsenal joga “a vida” contra o bem montado Paris Saint-Germain, um valioso time que dá o azar de dividir o mesmo país com o Lyon.

Liderado por Christiane Endler – para muitos e para mim a melhor goleira do planeta bola, o PSG é um time que sabe jogar e tem as únicas fragilidades notáveis nas laterais. Tem um elenco que o permite variações dependendo do adversário e que conta com um plus brasileiro com a experiência de Formiga e o talento de Luana Bertolucci. O ataque tem opções com Katoto, Huitema e destaque para Diani. A jovem francesa é habilidosa, forte e veloz, não é fácil conseguir pará-la. Outro destaque de reforço para Ramona Bachmann, que chegou do Chelsea.

Do outro lado um Arsenal com 19 gols feitos na competição até aqui, mas que insiste no jogo de Joe Montemurro de pressão alta – para uma defesa extremamente lenta – e jogadas partindo de trás. Para isso o meio precisa ser valioso, e ele até é. Noobs, Mead, Roord, Van de Donk, Little, são algumas das opções para montar um meio de infiltrações e toques rápidos. Caitlin Foord chegou dos EUA (Portland Thorns) para reforçar o ataque que se centraliza em Miedema. Atentos em Leah Williamson, especialmente se ela pegar essa bola com espaço para lançamentos. A volante, por vezes zagueira e que já foi meia, costuma ter uma visão bem inteligente da movimentação de suas companheiras.

Ambas as equipes tem qualidades suficientes para avançar, será um jogo decidido em detalhes e erros individuais, a pausa pela pandemia e o desempenho fraco em 2020 são fatores que pesam contra o Arsenal. No momento, o PSG que teve bola para segurar o Lyon no tempo regulamentar na final da Copa da França, mostra-se melhor. Tende a ser o jogo mais equilibrado dessas quartas, aquele que vale o ingresso e a assinatura.

Bayern enfrenta o atual campeão Lyon com uma missão quase impossível

 

Quem tem a missão quase impossível da rodada é o Bayern de Munique. Hepta campeão e atual tetra, o Lyon soma 27 gols nos 4 jogos na UWCL, uma média de 6 gols por jogos. Campeãs da Copa da França e do Campeonato Francês, o chamado maior e melhor clube do mundo no futebol feminino tem pela frente um time alemão que tem investido cada vez mais na categoria e que busca deixar de ser o único germânico a participar da Champions e não ter um título dela.

A equipe de Munique surpreendeu na volta pós pandemia apresentando um futebol mais organizado e conseguindo a classificação para a próxima UWCL, terminando com o vice do campeonato alemão. Reforçadas e com algumas mudanças, as alemãs enfrentam o amplo favorito Lyon e tentarão contar com um dia inspirado de Linda Dallmann e Julia Gwin para furar a defesa e aproveitar as poucas brechas da equipe francesa. Hanna Glass e Asseyi são algumas das novas opções para a equipe bávara, assim como a Lea Shuller que pode fazer a diferença no jogo contra o Lyon.

Hegerberg não joga, Mbock também não, mas o Lyon continua a ser o Lyon sem elas. A equipe conta com sua sólida e invejável defesa com Bronze, Buchanam, Renard e Greenwood (ou a jovem Bacha). O meio é de Kumagai, Henry e Marozsan, um trio que se encaixa e se entende como poucos cobrindo os espaços e fazendo a engrenagem francesa funcionar. Para opções de ataque ainda tem Majri, Cascarino, Le Sommer, Paris e Van de Sanden. Sara Bjork é uma novidade vinda do Wolfsburg para o meio, assim como Ellie Carpenter para a defesa, vinda do Portland Thorns.

De todas as zebras, talvez essa seja a mais possível e desejada por muitos. Vencer o Lyon é muito difícil, mas tem se tornado cada vez menos impossível. Se a equipe francesa se acomodar no jogo, as alemãs podem se aproveitar de pequenas falhas de transição e surpreender. Corremos o risco de ver outra goleada francesa, mas ao contrário de nomear como uma epopeia tal qual seria uma vitória de Atleti e Glasgow contra Barcelona e Wolfsburg… aqui o impossível já não é tão impossível assim.

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