terça-feira, 31 de outubro de 2017

Palmeiras e as mudanças efetuadas por Alberto Valentim

Campeão Brasileiro, com elenco milionário e grande favorito na busca por todos os títulos possíveis no ano. O 2017 do Palmeiras começou com Eduardo Baptista no comando da equipe. Um nome que talvez fosse à contramão da expectativa pelo elenco montado, mas chegava em um bom momento. Eduardo era um dos grandes expoentes da nova safra de treinadores. Priorizou a organização tática e um jogo com alicerces mais modernos. Mas foi engolido pela falta de paciência para entender a ruptura no trabalho. E pelos pré-julgamentos pela falta de grife. A queda na semifinal do Paulistão pesou; mesmo após a melhor campanha da fase de grupos e a classificação encaminhada na Libertadores. O torneio continental era a grande prioridade da temporada alviverde, tratada como uma obsessão.

Nem mesmo Cuca deu jeito

Cuca voltou com status de salvador da pátria. Com ele, a calça roxa e as velhas práticas que resultaram em um desempenho ruim; sem o título nacional ou um grande craque para apoiar o trabalho pouco satisfatório em campo. A sequência negativa, o desgate com o elenco e a distância para o Corinthians minaram pouco a pouco a confiança. E a decisão conjunta foi pela saída. Há onze rodadas do fim do Brasileirão, com Mano Menezes no horizonte e um G-4 bem encaminhado, chegava a oportunidade para Alberto Valentim. O auxiliar que sempre sonhou com a chance de permanecer e mostrar serviço.

Cuca não conseguiu repetir o sucesso de 2016.

Em quatro partidas à frente do Palmeiras, Valentim conseguiu três vitórias e um empate. 10 pontos em 12 possíveis, com 10 gols marcados, quatro sofridos, e um aproveitamento de 83%. A diferença para o líder Corinthians diminuiu de 14 para cinco pontos. E com um confronto direto ainda no horizonte, a luta pelo título é real. Porém, mais do que vitórias e bons números, o desempenho do time é melhor. A produção aumentou e a capacidade de jogar também. E isso está diretamente relacionado a mudança no comando.

É óbvio que apenas quatro partidas e pouco mais de duas semanas é um tempo muito pequeno para dizer que Palmeiras já tem totalmente a cara de Valentim e suas ideias em campo. Mas, mesmo com trabalho bem incipiente, já é possível ver uma equipe bem mais organizada em campo e com uma proposta mais bem definida.

Jogo apoiado diante do fechado Cruzeiro. Importante demais se aproximar para trocar passes e tentar mexer com as linhas. 

Defesa mais bem posicionada

Uma das bases do jogo de Cuca era a marcação por encaixes individuais, que é colar em jogador e perseguir ele até tomar a bola ou fechar sua linha de passe, impossibilitando que ele recebe a bola de outro companheiro. Um jogo homem a homem. Por isso, o ex-comandante pedia intensidade máxima ao Palmeiras quando não tinha a bola. Mas, caso a primeira marcação fosse vencida, a defesa era encontrada bem desorganizada e exposta. Valentim implanta uma marcação mais zonal e organizada, com linhas compactas e uma defesa sempre posicionada, sem grandes espaços entre os jogadores da primeira linha. Todos ajudam, sem ceder grandes espaços, dificultando a construção do adversário.

Diante da Ponte Preta, time compacto e com a defesa mais posicionada. Marcação zonal.

Meio campo passador e jogo apoiado

Por apostar em uma marcação mais individual e em momentos física, Cuca quase sempre montava seu meio-campo com Gabriel ou Thiago Santos, jogadores com uma qualidade menor com a bola nos pés e sem tanta capacidade de fazer o time jogar. O tal desarmar e passa. Valentim estabeleceu o setor com Tchê Tchê, Bruno Henrique e Moisés (sem o camisa 19 contra o Cruzeiro, escalou Jean que não mudou as características). Um meio-campo onde todos jogam e ajudam o time a jogar. Mas quem marca? A reposta é simples e coletiva: todos! Em um time compacto, onde todos os jogadores trabalham nas fases do jogo, com e sem bola, com a mesma intensidade, não é necessário um atleta que apenas destrua e não auxilie na construção.

Saída de bola apoiada. Todos virados para o portador, ajudando a jogar.

O Palmeiras também deixou de jogar lançando tantas bolas, as famosas ligações direitas. Com um meio mais passador, Valentim pede aproximação, que o time apoie o portador da bola e crie linhas de passe para jogar sempre por baixo. Sem abrir tanto o campo para cruzar de forma aleatória. Com paciência, o alviverde roda mais a bola em busca da infiltração. O gol primeiro gol de Borja contra o Cruzeiro é um bom exemplo. A equipe busca a infiltração, trabalha a bola de um lado para o outro tentando mexer com as linhas e como alternativa cruza. Não é regra.

Pressão contra o Cruzeiro: menos intensidade, melhor posicionamento.

Time definido e confiança

Assim como a defesa com Fernando Prass, Mayke, Edu Dracena, Juninho e Egídio, o meio campo com Tchê Tchê, Bruno Henrique e Moisés, Alberto Valentim definiu o ataque com Keno, Dudu e Willian – agora Borja com a lesão do camisa 29. Se Cuca não repetia a equipe, em quatro partidas e novo comandante só mexeu na base por duas vezes, uma por lesão e a outra por suspensão. Um time definido e que ganha confiança a cada rodada. Com um jeito menos aleatório e desorganizado de jogar, Miguel Borja também cresceu e já soma três gols com o novo técnico.

Time vive grande momento com Valentim e está vivo na luta pelo título!

Alberto Valentim não é o novo messias ou salvador da pátria. Nem deve ser considerado como tal. Tão menos apela para calças coloridas ou fé a frente do treinamento e do estudo do futebol. É apenas um técnico, com ideias modernas e sede de oportunidade. Em poucos jogos, mostrou um Palmeiras diferente, com ajustes necessários e uma forma mais moderna de jogar futebol. Tem o apoio da torcida, o respaldo dos jogadores, cresceu em desempenho e entrou na luta pelo título, algo que parecia improvável. Já merece um olhar diferente para 2018.

“Novo” comandante tem 83% de aproveitamento até aqui.

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