quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Crônica de um conto de fadas chamado Chapecoense

“Era uma vez” – assim começam todos os contos de fada. Era uma vez o sonho do seu Alvadir, o sonho do seu Altair, o sonho do seu Vicente, do seu Heitor, do seu Lotário e de tantos outros, o sonho de toda uma cidade… O sonho de ter um time para se orgulhar, que unisse a todos e quem, sabe, um dia, alcançasse o Brasil, como num conto escrito pelo melhor dos contistas.

Assim como nos contos de fada infantis, quis o destino que esses sonhos fossem abreviados, próximos à meia-noite. Famílias se foram e os sorrisos viraram lágrimas, fazendo com que, pelo menos por alguns dias, um mundo cruel e um Brasil conturbado se unissem por uma só causa e uma só cor.

Na verdade, o que o brasileiro queria mesmo era voltar no tempo e ser argentino por uma noite, naquela quarta-feira gloriosa. Aliás, todo ser da Terra queria, agora, que aquele chute do Blandi entrasse. Que pelo menos naquele instante “São Danilo” deixasse a bola entrar e o time do Papa eliminasse a Chape na Arena Condá, que aquele pé do Danilo não desse “a maior alegria e a maior tristeza de Chapecó”, como disse o sensacional Mauro Beting.

O mundo queria que, como em um filme de Hollywood, uma mudança repentina do passado trouxesse um presente bem diferente, com mais paz, mais alegria, mesmo que naquela noite as famílias de Chapecó fossem para casa em prantos….

Mas a vida não é Hollywood e tampouco um conto de fadas infantil. São Danilo até tentou outro milagre, mas os céus o chamaram. Ele não poderia, nem por um instante terreno, se considerar culpado por se tornar herói. E descansou em paz…

Assim como os milagres do Indiozinho Condá nesses últimos 8 anos, em uma tragédia sem precedentes, novos heróis, sobreviventes, resolveram que iriam ficar por aqui, para mostrar que a Chape nunca morrerá, assim como seus milagres…

Em um dia tão triste quanto aquele 01/05/1994, quando nosso Senna se foi, se foi também os Mamonas do Futebol, um time que todos gostavam, mesmo quem não conhecia bem, o segundo time de todos, a equipe que uniu uma nação naquela última narração sensacional do Deva e que ainda uniria por mais duas noites em 2016…

Se o sonho era unir o Brasil, a Chape fez mais, uniu o mundo, e o mundo que só vive o futebol europeu conheceu o “nosso Leicester”. Como ressaltou o honroso adversário da final sul-americana, a Chape mostrou que, pelos sonhos, deve-se jogar a vida inteira, e não apenas 90 minutos.

Uma charge de ontem dizia que Deus queria um time para disputar um amistoso e escolheu a Chape. Escolheu Danilo, Cléber Santana, Bruno Rangel, Lucas Gomes, Filipe Machado, Kempes, Ananias, Willian Thiego, Dener, Caramelo, Gimenez, Marcelo, Sérgio Manoel, Matheus Biteco, Tiaguinho, Josimar, Gil, Arthur Maia e Aílton Canela. Escolheu Caio Jr e a melhor diretoria que um clube já montou. Escolheu a voz de Deva falando do espírito de Condá e todos os outros amigos da mídia e da cidade querida de Chapecó.

Era uma vez um gigante que nunca será esquecido.

Era uma vez um time que era grande demais para a terra

Era uma vez um time que queria alcançar o céu, e que que os céus quiseram levar para sempre.

Descansem em paz, heróis de Condá, vocês mostraram que o impossível é possível!

O conteúdo acima é de responsabilidade expressa de seu autor. O Doentes por Futebol respeita todas as opiniões discordantes e tem por missão promover o debate saudável entre ideias.

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