domingo, 6 de novembro de 2016

Jorge Sampaoli contra Lionel Messi

O futebol permite duas formas de tentar parar Lionel Messi. A primeira é a mais tradicional. Ficar posicionado na defesa, bem colocado, tratando que Messi receba a bola o menor número de vezes e longe do gol. Até o momento, a Inter de Mourinho é a grande representante dessa opção. Logo, existe um seleto grupo de equipes capazes de abordar a segunda via, sem dúvidas a mais difícil. Falamos de ter a bola o tempo suficiente para que o argentino se desconecte da partida ou entra tão pouco no jogo que goze de apenas duas ou três chances para decidir. A Alemanha de Joaquin Löw foi a primeira representante, na final da Copa do Mundo. O Chile de Sampaoli usou o antídoto exatos um ano depois, na final da Copa América. Agarrar-se a esse estilo tende a ser um caminho inviável no contexto Barcelona, pois os blaugranas terão a posse ante 99,99% dos rivais. O Real Madrid de Ancelotti foi o que mais se aproximou, mesclando os dois jeitos de se defender. Exibiu no último superclássico de Carleto, na derrota merengue por 2 a 1 no Camp Nou em março de 2015. Recordemos.

O Real exibiu em Barcelona uma atitude paciente em sua maneira de se posicionar defensivamente. Esperou em blocos baixos, passivamente, no 4-4-2, para que Messi não usufruísse de espaços, formando um triangulo com Isco, Kroos e Marcelo, trio que cercou o craque sem ter nenhuma pretensão de desarmá-lo com rapidez. Desse jeito, o Real abortou o destino dos passes de Messi ao lado contrário e deixou o Barça sem presença massiva do seu gênio, que representava 80% da criatividade. A consequência disso foi a perda de volume de posse por parte dos culés que foi transferida para os blancos. O Real parecia muito próximo do triunfo, mas um gol de Suárez quebrou a confiança da equipe e o Barça abocanhou os três pontos, fundamentais para a conquista da Liga ao final da temporada.

Sampaoli volta a reencontrar seu compatriota em condições decisivas. Afinal, à parte a Supercopa (onde ainda estava conhecendo seu time e mal pôde competir), Jorgito começa a ver seu estilo de jogo convencer na Andaluzia. A classificação para o mata-mata da Champions está próximo, e na Liga, com 21 pontos, está três pontos atrás do líder Real Madrid. O grande desfalque sevillista para o big match da 11a rodada será Samir Nasri. No entanto, a vitória por 4 a 0 contra o Dínamo Zagreb no meio da semana deu a sensação que a equipe tem uma base tática bem definida, ainda que tenha ficado evidente a falta da qualidade e o diferencial do francês. Na base da confiança e o passar do tempo, os comandados de Sampaoli estão mais cerca da proposta.

Com N’Zonzi de primeiro volante, o Sevilla tem músculo e intensidade para formar uma jaula anti-Messi. O mais destacável é a maneira como o francês vem interpretando o seu novo papel, diferente dos tempos de Unai Emery. Principalmente em um meio-campo sem Nasri e com Ganso ainda voltado muito ao último passe, N’Zonzi é quem mais cria linhas de passes desde a sua posição. Ao brasileiro, a falta de dinâmica o impede, por momento, de ser onipresente, o que pode ser um problema contra o Barcelona. Até por isso, é difícil de imaginar o meio-campista iniciando no jogo no Ramon Sánchez Pizjuan.

Foto: Site Oficial do Sevilla | Luciano Vietto será fundamental no embate a Busquets, tétrico neste início de temporada

Foto: Site Oficial do Sevilla | Luciano Vietto será fundamental no embate a Busquets, tétrico neste início de temporada

Com Vitolo e Vázquez atuando mais por dentro do sistema ofensivo, a circulação sevillista ganha mais agilidade e Mariano e Escudero agridem os espaços deixados nas laterais, fundamental no embate a uma defesa carente de qualidade sem Gerard Piqué e hesitante na transição. Cabe registrar que a ausência de Iniesta triplica a importância de Messi na elaboração dos ataques catalães. E com um Busquets em estado agonizante como o deste início de temporada, Sampaoli pode usar Vietto sem bola para sufocar o volante espanhol e impedí-lo de oferecer passe atrás ou saída para Lionel. Tirar a velocidade da circulação para administrar o tempo. Neymar e Denis Suárez (de acordo com o Mundo Deportivo, o cotado para completar o trio de meio-campo) serão fundamentais baixando para ajudar a transição barcelonista ao ataque e desafogando Messi.

Na coletiva pré-jogo, Sampaoli declarou intenções ao admitir que vai, realmente, tentar a iniciativa do jogo. “O Barça tem um trio de ataque poderoso que, com espaços, pode fazer a diferença no contra-ataque. Mas tentaremos ser protagonistas com a bola. Quanto mais se tem a pelota, mais altas são as chances de frear Messi. É o melhor jogador do mundo. Quando quer, provoca situações indefensáveis. Tinha que haver duas Bolas de Ouro cada ano, uma para ele e outra para o resto”, rendeu-se o comandante. Em qualquer caso, Sampaoli também sabe que o explicado no texto cai por água abaixo se Messi for o que costuma ser em grandes noites. Até porque, caso esteja inspirado, parar o alienígena da Catalunha é impossível.

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