quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Willian José e a Real Sociedad que lhe impulsiona

A Real Sociedad vai entrar em campo nesta quinta-feira, 18h15 (horário de Brasília), no Anoeta, pelo jogo de ida das quartas-de-finais da Copa do Rei, com dois trunfos para enfrentar o Barcelona. Um é mais psicológico: há dez temporadas que os bascos não perdem para o rival catalão em seu território. O outro é técnico: atualmente, não seria exagero afirmar que a equipe treinada por Eusébio Sacristan exibe, semanalmente, o plano de jogo mais coerente e em forma do futebol espanhol. A Real joga bem. E joga bem de uma forma natural. Todos os jogadores têm papéis particulares que vão se complementando como se tratasse de um grande quebra-cabeça. E quando a Real joga bem, significa que força o rival a jogar mal. O próprio Barcelona, na atual temporada, experimentou o inferno que é visitar San Sebastian hoje em dia. Em dezembro, há uma semana do Superclássico contra o Real Madrid, o time de Luis Enrique arrancou um empate por 1 a 1 que tem que ser comemorado, e não lamentado, como seria o normal. Dentro dos 90 minutos, a fluidez dos ataques e a agressividade da pressão donostiarra colocou o Barça num cenário de desconforto raríssimo.

Tudo começa no meio-campo. Illarramendi e Zurutuza são as peças do doble-pivote que permitem a prancheta de Eusébio ser colocada em prática. Ilarra, mais posicional, garante equilíbrio, enquanto Zurutuza é mais “box-to-box”, avançando principalmente sem a bola. Além da dupla, existem mais três peças-chaves. Uma é o zagueiro Iñigo Martínez, que surgiu como um fenômeno na temporada 2012/2013, nunca mais conseguiu repetir as atuações daquele campeonato, mas começa a reencontrar os rumos da carreira. O diferencial do elenco é, sem dúvida alguma, o mexicano Carlos Vela. Um dos mecanismos de ataque da Real tem a ver com o triangulo que forma no meio-campo entre Illarramendi, Zurutuza, que se adianta para a região de interior esquerdo, e Xabi Prieto, que recua à de interior direito. As associações entre o trio permitem espaços para Vela se desmarcar e, ao receber a bola, encarar no mano a mano o lateral esquerdo rival.

Há um segundo mecanismo que privilegia o brasileiro Willian José, o centroavante. Quando um adversário planeja marcar a Real em campo contrário, diminuindo os espaços para sair de trás tocando, a solução é a ligação direta de Iñigo para Willian. E aí reside a primeira forte característica do alagoano: a proteção de bola. Quando maneja esse jogo direto, é tarefa árdua para um zagueiro roubar a bola do camisa 12. Ao sair da área para dar apoio ao meio, o atacante permite a infiltração de Mikel Oyarzabal. Essa inversão de posição tem a ver com a preferência de Willian pelo setor esquerdo. Mais de 80% de seus desmarques se inclinam à região. Faz sentido. Para começar, se vai receber sozinho e com a missão de ganhar tempo, lhe convém desenvolver a jogada com o seu pé natural, driblando para dentro.

Impressiona, também, a facilidade de Willian José para ganhar disputar individuais dentro da área. É, em suma, um centroavante da estirpe de Drogba e Diego Costa, autossuficiente, com um físico portentoso e um ótimo chute a média distância. Willian José já havia chamado a atenção nos Las Palmas em 2016/2017, mas, com 24 anos, é na Real que enfim está eclipsando a sua carreira. O fato de ter se tornado uma figura essencial para um candidato de Champions é mais do que suficiente para explicar a boa campanha do brasileiro. Todo seu jogo é consequência do bom estado físico, que o permite dar profundidade e verticalidade ao estilo da Real Sociedad. Contra um Barcelona que está custando a ter o controle da partida, Willian José tem uma conjuntura ideal para aprontar mais uma artimanha no ano.

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