terça-feira, 25 de outubro de 2016

Uma análise da gestão Piffero no Internacional

A situação do Internacional no Brasileirão é delicada. Após o título da Libertadores em 2006 e a consolidação do clube como uma potência administrativa, o torcedor jamais imaginou que iria passar novamente pela possível queda de divisão nacional, como acontecera nos anos 90 e no início dos anos 2000. Mas uma série de erros da atual direção colorada desde sua eleição, em dezembro de 2014, levaram uma equipe com o sexto maior orçamento do país a frequentar a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.

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Ainda antes das eleições, Vitorio Piffero, candidato favorito ao pleito, chegou a declarar o desejo por Tite como treinador do clube para 2015, rejeitando o então técnico colorado, Abel Braga. Naturalmente, o mundo do futebol dá voltas, e Piffero não esperava que Tite, hoje comandante da Seleção Brasileira, fosse assinar com o Corinthians. Além de perder o plano A, Piffero, eleito presidente com 71,75% dos votos, descartou seu plano B publicamente, e óbvio, Abel Braga não continuou na casamata do Internacional. Pensando grande, vários nomes de peso passaram a ser veiculados nos bastidores. Jorge Sampaoli, Alejandro Sabella e Cuca. No fim das contas, o uruguaio Diego Aguirre, vice-campeão da Libertadores de 2011 como treinador pelo Peñarol, foi apresentado. Apesar de não ser a melhor opção, comparado ao que havia sido prometido, Aguirre conseguiu fazer o time do Inter ter boas atuações e estatisticamente alcançou bons números. O que não foi suficiente para sua manutenção no cargo. Mas logo chegaremos lá.

No início de 2015, o Inter saiu para o mercado de transferências. Perdeu De Arrascaeta para o Cruzeiro, e contratou Réver e Léo para o setor defensivo. Ambos não foram aproveitados como deveriam, seja por lesões ou por opção técnica. Mas hoje, um brilha como destaque do Flamengo, e outro é um dos principais jogadores do Atlético-PR, ambos os times lutando por posições na parte de cima da tabela. Outra contratação feita foi a do meia Anderson, ao custo total de R$ 28 milhões nos 4 anos de contrato. O segundo ano está acabando e essa contratação já se mostrou um dos maiores micos da atual gestão. Após mais um título gaúcho, o Inter ia se credenciado como um dos candidatos ao troféu de campeão da Libertadores, principalmente após ter eliminado Atlético Mineiro e Independiente Santa Fé. Contra o Tigres, nas semifinais, o Inter acabou sendo eliminado por um gol de diferença, algo inerente ao futebol. Não foi dessa maneira que Piffero viu a eliminação. A apenas três dias do clássico Gre-Nal, pelo Brasileirão, Aguirre é demitido, em anúncio feito ao lado de Carlos Pellegrini, nomeado vice de futebol dias antes após seis meses sem ninguém no cargo. O uruguaio Aguirre deixou o Beira-Rio com um aproveitamento de 60,41% em 48 partidas. De acordo com o mandatário colorado, era necessário criar um “fato novo”. Na Arena, o único fato novo que se viu foi ser impiedosamente goleado por 5 a 0 diante do maior rival. Goleada histórica.

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Sem treinador, Piffero voltou a ir atrás de Jorge Sampaoli, sem sucesso. Foi atrás também de Mano Menezes, técnico do qual havia desprezado publicamente em momentos anteriores. E claro, foi rejeitado. Mesmo com poucas opções, Piffero foi enfático: “A minha pretensão é um treinador que fique até dezembro do ano que vem. Esse é o foco atual. Um nome que satisfaça as necessidades do Internacional”. Em 13 de agosto de 2015, Argel Fucks é apresentado. Técnico destacado por ser um adepto de um estilo de jogo mais defensivo, Argel jamais havia treinado um clube do G12. Diferente do que Piffero declarava, era claro que seria um treinador com prazo de validade.

O bom desempenho no fim do segundo semestre de 2015 manteve Argel com prestígio, inclusive entre a torcida. O ano virou, e diferente do que todos esperavam, o Inter foi extremamente econômico no mercado de transferências. Trouxe para o Beira-Rio o lateral Paulo Cezar Magalhães, o volante Fernando Bob e o meia-atacante Marquinhos. Além disso, recusou uma proposta milionária da China por Anderson, o Inter permitiu a saída de D’Alessandro por empréstimo para o River Plate. Com menos opções técnicas, as limitações de Argel foram ficando cada vez mais evidentes, e o título do gauchão mais uma vez maquiou os muitos defeitos do time. Para não citar apenas pontos negativos, é importante frisar a excelente reposição após perder Allison, para a Roma. O goleiro Danilo Fernandes foi um acerto e tanto da direção. Continuando, se o título estadual empolgou a todos, imagina iniciar o Brasileirão de maneira arrasadora? Em oito jogos disputados, o time havia conquistado 19 pontos, e era líder isolado. Porém, a partir daí, o desempenho desandou. Com as lesões de Danilo Fernandes e Valdívia, derrotas que seriam pontuais se tornaram rotineiras. O Inter chegou a perder cinco jogos de maneira consecutiva e ficou 14 partidas sem vencer no Brasileirão, ambos recordes negativos na história do clube. Nesse meio tempo, demitiu Argel e contratou Paulo Roberto Falcão. Aclamado pela torcida, Falcão não teve tempo de trabalhar, e 26 dias após sua contratação, foi mais uma vez demitido sem sequer ter conquistado uma mísera vitória. Mais decepcionante do que as derrotas, foi a insistência em novos erros. Em 8 de agosto de 2016, Celso Roth retorna ao Beira-Rio. Desesperado, Piffero também recorre ao ex-presidente Fernando Carvalho, nomeado vice de futebol.

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Mesmo precisando de novos reforços de qualidade, o Inter insistiu em ir atrás de nomes questionáveis, como os do volante Anselmo, vindo do Joinville, e do atacante Ariel Nahuelpán, que estava no futebol mexicano. A vinda de Seijas e Nico López foram acertos, mas nas mãos de Celso Roth, treinador que claramente demonstra não trabalhar bem com estrangeiros, isso pouco se reverte em bons resultados. Com Roth, foram quase 30 dias até conseguir a primeira vitória, contra o Fortaleza, pela Copa do Brasil. Pelo Brasileirão, voltou a vencer em 8 de setembro. Diante do Santos, no Beira-Rio, o Internacional venceu por 2 a 1 em jogo de arbitragem muito polêmica. Apesar de voltar a vencer, o que era ruim, ficou pior. Além dos resultados, o time jamais apresentou um futebol minimamente convincente. Foram seis derrotas seguidas entre jogos do Brasileiro e Copa do Brasil. Nos últimos cinco jogos, porém, três vitórias dramáticas por apenas um gol de diferença tiraram o Inter temporariamente da zona de rebaixamento, algo que pode voltar a acontecer a qualquer momento. Além da heroica classificação às semifinais da Copa do Brasil. Mas não se engane. Pouco se deve à direção e ao treinador Celso Roth. Pelo apresentado até então, apenas a individualidade de jogadores como Vitinho, Seijas, Valdívia e Danilo Fernandes pode salvar o Internacional de um desastroso fim de ano.

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