sexta-feira, 16 de março de 2018

Nas Canchas da Libertadores #2

A segunda semana de Libertadores marcou a estreia do Vasco na fase de grupos. O time de Zé Ricardo, abatido por uma virose, perdeu pontos preciosos dentro de casa. Vírus a parte, o cruz-maltino demonstra problemas que vão além do aspecto clínico. O Santos conseguiu uma vitória importante contra um adversário direto no grupo F. Mais do que isso, mostrou ideias interessantes sobre como jogar nesta temporada. O Independiente foi outro que conseguiu a recuperação no segundo jogo. Ao estilo Holan e com ótimas exibições individuais, o Rojo garantiu seus primeiros pontos.

Vasco 0 x 1 Universidad de Chile – O Vasco sem espaços

Zé Ricardo projeta 11 pontos para o Vasco garantir a classificação no grupo mais equilibrado da Libertadores 2018. Colocando isso em prática, significa vencer os três jogos em casa e buscar dois pontos fora. A derrota para a Universidad de Chile em São Januário obriga o cruz-maltino a traçar novos caminhos para cumprir a meta. O Vasco não pode mais perder, e vai viajar para Avellaneda e Belo Horizonte nas próximas duas rodadas. No entanto, nestas duas partidas, deve praticar o jogo que mais lhe agrada e onde se sai melhor: em transições, atacando os espaços.

Na estreia o Vasco não soube lidar com a necessidade de propor o jogo. Encarando um bloqueio defensivo intenso, travou no 3-4-3 montado por Guillermo Hoyos. O time chileno jogou para fechar os lados e tirar a melhor opção ofensiva do time de Zé Ricardo. Os alas perseguiam os laterais vascaínos e os zagueiros de lado pegavam os pontas. Por dentro, o trio ofensivo ajudava os volantes na proteção. Tudo isso com muita pressão. Os vascaínos não conseguiam se livrar dessa teia e tiveram dificuldades em reter a bola no campo de ataque.

O Vasco precisava dos lados para chegar próximo ao gol de Jhonny Herrera. Só o conseguiu quando diminuiu o ritmo do jogo e projetou os laterais, empurrando a linha de cinco defensores chilenos para trás. Assim conseguia algumas combinações entre ponta e lateral, mas que dificilmente resultava em algo que não fosse um cruzamento pouco ameaçador. O time cruz-maltino não tinha profundidade e o ataque ao espaço, que é aquilo que faz de melhor. Rildo não tinha para onde se projetar e os movimentos de Riascos nas costas do ala estavam reduzidos. Paulinho esboçou ser essa opção de verticalidade, mas não teve constância.

Neste ritmo menos intenso, quem se beneficiou foi David Pizarro. Do alto dos seus 38 anos, deu um recital de controle da posse. Alternava passes curtos com lançamentos precisos. Acionava a verticalidade de Beasejour pela esquerda assim como ativava as subidas de Rodríguez no lado oposto. A partir da grande exibição do seu camisa 8, La U foi assumindo a direção da partida e afastando o Vasco das zonas de perigo. Até matar o jogo em cima de uma fragilidade gritante vascaína: a defesa da área. Após cobrança de lateral, Angelo Araos ganhou fácil de Paulão e contou com a falha de Martín Silva para decretar a vitória chilena. No desespero pelo empate, o Vasco empilhou homens de frente, sem sucesso. Se os espaços não estivessem dados, o time de Zé Ricardo não sabia como criá-los.

Santos 3 x 1 Nacional – Seguindo o plano até o fim

Jair Ventura fez um belo trabalho no Botafogo a partir da consistência defensiva. Linhas recuadas, defesa protegida e muita entrega dos jogadores. O que faltava àquele time era capacidade de aproveitar os espaços que o oponente deixava, castigando suas falhas e conseguindo gols. Do quarteto ofensivo, formado por Bruno Silva, João Paulo, Rodrigo Pimpão e Roger, apenas Pimpão era um jogador mais incisivo, ainda que sem tanta velocidade. Os volantes tampouco chegavam à frente. No Santos, tudo é diferente. Eduardo Sasha, Rodrygo e Gabigol são pura velocidade e verticalidade. E ainda tem a chegada do volante Léo Cittadini.

A partir destes quatro nomes o Santos se planejou para atacar o Nacional. Os uruguaios se defendiam no 5-4-1 e ainda assim sofriam com as infiltrações santistas. Por que? Porque quem fazia o combate nos lados eram os laterais, deixando o ponta para fechar o centro e puxar contra-ataques. Com isso, Espino e Peruzzi eram constantemente arrastados para fora de posição e abriam a linha defensiva para que os três atacantes do Peixe usassem a velocidade. O Nacional sofria demais com isso, já que os zagueiros de lado, Corujo e Polenta, perdiam esses duelos individuais.

Os uruguaios eram menos afeitos à essa verticalidade. Com seus pontas trabalhando por dentro e participando ativamente da construção dos ataques, os laterais eram os responsáveis pela profundidade. Quase sempre isso significava levantar a bola na área em busca do centroavante Bergessio. Até porque os volantes brasileiros, principalmente Alison, impossibilitavam o jogo na entrada da área santista, forçando o Nacional a buscar os flancos.

A tola expulsão de Gabigol, nos minutos finais do primeiro tempo, poderia representar uma mudança de cenário. No entanto, o Santos seguiu o plano e definiu o jogo. O jovem Rodrygo foi deslocado para o centro e de lá partiu para fazer o 2 x 0. Caiu pela esquerda, bateu Romero e Arismendi em velocidade e concluiu entre as pernas de Conde. Com dois gols de desvantagem, o Nacional seguia forçando seus cruzamentos. Se o Santos não era uma fortaleza cortando os cruzamentos, Dodô e Jean Mota faziam bom trabalho bloqueando o lado mais forte dos uruguaios e impedindo que a bola chegasse a área.  O Nacional diminui o placar após um cruzamento, mas o Santos respondeu logo. E da sua maneira: Sasha atacando as costas da defesa em velocidade. Como o Peixe havia feito toda a noite.

Independiente 1 x 0 Millonarios – Vitória para Sampaoli ver

O Independiente voltou a fazer uma partida de Libertadores em casa após sete anos. Após a derrota na estreia e os quatro pontos do Corinthians, a vitória era fundamental para a equipe de Ariel Holan, que fará duas partidas consecutivas contra os paulistas para definir os rumos do grupo. Em campo, dois convocados por Jorge Sampaoli para os amistosos pré-Copa: Fabricio Bustos e Maximiliano Meza. E o Independiente construiu sua vitória justamente sobre eles.

Desde que assumiu o Rey de Copas, Holan tem construído um time que sabe se organizar a partir da bola e consegue ser muito rápido na hora de agredir o adversário. Tem ordem, aproximação e passes curtos no seu campo, mas quando chega a hora de atacar é explosão, ataques ao espaço, dribles e triangulações rápidas. O Millonarios, ao invés de criar mecanismos para se proteger contra isso, potencializou as virtudes do Rey de Copas com um trabalho defensivo medonho.

Não se agrupou para negar espaços, pelo contrário, jogou com marcações por setor e perseguições muito longas. Ou seja, o Independiente conseguia mover o time colombiano como bem entendesse, abrindo espaços sem muito esforço. Sendo assim, os rojos se dividiam em dois blocos. A linha de defesa e os volantes cuidavam da circulação da bola, enquanto os quatro homens de frente empurravam a defesa colombiana para trás. O resultado era uma verdadeira cratera entre as linhas defensiva e média do time visitante. Com isso, o Independiente conseguia um duelo que o favoreceu imensamente nos primeiros 45 minutos: Meza contra Banguero em uma ilha, sem nenhuma cobertura próxima.

O camisa 8 simplesmente engoliu o lateral colombiano. Recebia a bola no pé, girava e desmontava os encaixes individuais do Millonarios. Para completar, depois que Banguero já havia sido tirado da sua posição, Bustos completava o movimento ofensivo atacando o espaço livre. O Independiente teve ampla vantagem nesse tipo de lance durante todo o primeiro tempo. O gol da vitória saiu assim e os argentinos só não foram à rede mais vezes por conta das boas atuações de De los Santos, que limpava muita coisa à frente da defesa, e de Figueroa, zagueiro de bom porte físico que cortava as infiltrações.

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