quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Duncan Ferguson, Carlo Ancelotti ou outra alternativa?

*Esta coluna avalia algumas possibilidades para o Everton, que procura um técnico, na segunda metade da temporada. É possível que, a qualquer momento, um nome seja anunciado, o que não invalida as ponderações do texto.

Nil satis nisi optimum. O lema cravado no escudo do Everton, que significa “nada a não ser o melhor é suficiente”, representa o anseio do clube em ser protagonista na Premier League. Após anos de estabilidade sob o comando de David Moyes, houve claras tentativas de elevar o patamar com Roberto Martínez, Ronald Koeman e Marco Silva, técnicos com perfil mais progressista. Uma solução de curto prazo, Sam Allardyce, foi a exceção, logo após a saída de Koeman, em outubro de 2017. Martínez chegou perto desse objetivo e quase classificou o time para a Champions League, mas depois, ainda sob comando do espanhol, o time recuou algumas casas.

Nunca é ideal trocar o técnico no meio da temporada , mas a saída de Marco Silva realmente parecia inevitável pelo ambiente tóxico que se criou em Goodison Park. A derrota por 5 a 2 para o Liverpool sacramentou a decisão de demiti-lo. Até pela televisão era possível perceber uma atmosfera muito melhor no primeiro jogo pós-Silva, a vitória por 3 a 1 sobre o Chelsea, no último sábado. O comandante interino Duncan Ferguson, antigo centroavante do clube e um dos auxiliares do primeiro time, inflamou as arquibancadas, acertou em suas escolhas e nos oferece alguns questionamentos sobre quais devem ser os próximos passos dos Toffees.

Foto: reprodução – David Moyes foi o último técnico estável no Everton.

Uma das opções é uma abordagem similar à do Arsenal no processo de sucessão do técnico demitido Unai Emery, ou seja, não ter tanta pressa assim. Freddie Ljungberg, também funcionário do clube, assumiu interinamente o comando do time de Londres e vai sendo avaliado enquanto a direção não toma uma atitude definitiva. Com moral entre os torcedores, Duncan Ferguson provavelmente teria respaldo para as próximas semanas, que, vale lembrar, reservam ao time um calendário difícil: United, Leicester (Carabao Cup), Arsenal, Burnley, Newcastle, Manchester City e Everton (FA Cup).

O português Vitor Pereira, ex-técnico do Porto, e David Moyes já foram especulados. Outra possibilidade foi bastante ventilada nas últimas horas: a contratação de Carlo Ancelotti, após sua demissão pelo Napoli. Apesar dos rumores de que o Arsenal também estaria interessado, David Ornstein, jornalista muito bem informado do Athletic, indicou que não é este o perfil procurado pelos Gunners. Talvez abra caminho para o Everton, que, segundo a Sky Sports, tem interesse em contar com o treinador italiano.

Mas é este mesmo o melhor caminho?

O fato de Ancelotti estar teoricamente disponível é uma óbvia tentação para um clube que há anos tenta desafiar os mais poderosos da Premier League e, eventualmente, ingressar nesse grupo. Torcedores do Everton veem o que faz o Leicester nesta temporada e provavelmente pensam: “poderia ser a gente”. Não foi por falta de investimento. Desde que Jürgen Klopp assumiu o Liverpool, por exemplo, a diferença entre os valores gastos e recebidos em transferências foi de £68 milhões para os Reds £195 milhões para os Toffees.

Foto: Sports Illustrated

Um nome como Ancelotti poderia ser a marca perfeita para levar o Everton ao próximo passo, mas há ressalvas. Os últimos trabalhos do italiano, no Bayern e no Napoli (onde sucedeu Guardiola e Sarri), ainda que com bons momentos, não tiveram saldo positivo, inclusive com exposição de problemas de relacionamento entre técnico e elenco. Além disso, o Everton é o 14º colocado da Premier League e, mais do que recuperar-se no curto prazo (embora isso seja essencial para não correr risco de rebaixamento), precisa construir uma identidade, algo como “que tipo de time queremos ser?”, para evoluir. Silva falhou nisso. Acostumado a grandes conquistas, Ancelotti estaria disposto a liderar um processo gradual num clube que hoje está abaixo de pelo menos oito projetos no futebol inglês?

É por isso que outro grande nome especulado (muito menor do que Ancelotti, claro) era igualmente problemático: Unai Emery. O principal problema dele no Arsenal, comandando um elenco desequilibrado entre os setores, mas inegavelmente talentoso, foi a inconstância no início desta temporada. A cada semana um time diferente, uma abordagem diferente e a aparente ausência de um plano de jogo em desenvolvimento. Este método, “tentativa e erro”, é tudo em que o Everton não pode confiar agora.

O que fazer, então?

Observar tendências, avaliar o próprio elenco e entender qual é a melhor forma de construir um projeto vencedor. Marcação alta, intensidade máxima e contra-ataques rápidos têm sido a direção que vários clubes da Alemanha, por exemplo, têm tomado com sucesso, como escreveu o colunista Gabriel Seixas há dois meses neste mesmo espaço. O “modelo Red Bull”, que progressivamente vai ganhando cada vez mais espaço na Europa e elevando o patamar dos clubes de Leipzig e Salzburg, seria uma aposta interessante.

É verdade que o Southampton fez essa mesma aposta com Ralph Hassenhüttl e até agora vive grande instabilidade – mas também é justo apontar que o austríaco, vice-campeão alemão com o Leipzig em 2016-17, foi o principal responsável por evitar o rebaixamento dos Saints. No entanto, o elenco do Everton tem todas as características para fazer essa ideia, se bem desenvolvida, funcionar nos próximos anos.

Foto: reprodução

Laterais que apoiam muito bem como Sidibé e Digne, um meio-campista totalmente adaptado a essa modelo como Gbamin (ex-jogador do Mainz, onde esse modelo é predominante desde os tempos de Jürgen Klopp), que mal jogou nesta temporada por conta de lesões, pontas que podem fazer boas parcerias com os laterais em Bernard e Iwobi e atacantes com bastante disposição para pressionar: Calvert-Lewin, que por enquanto se mantém à frente de Moise Kean, e Richarlison.

Sugestões? Daniel Farke (Norwich) e Hassenhüttl  poderiam ser opções interessantes, mas sofreriam rejeição pelos resultados que não vêm conquistando (estão, hoje, na zona de rebaixamento). Mas vale lembrar que Pochettino, por exemplo, deixou o Espanyol na última posição da liga espanhola antes de fazer um trabalho muito bem-sucedido no Southampton, que naquela época sabia muito bem o que queria. Alternativas provavelmente mais populares:  Jesse Marsch (Red Bull Salzburg) e Chris Wilder (Sheffield United). Nomes como Marco Rose (Borussia Mönchengladbach), que já faz muito sucesso em uma grande liga, talvez estejam além das possibilidades.

Campeão inglês com o Chelsea em 2010, além de todo o sucesso obtido em outras grandes ligas nacionais e continentais, Ancelotti merece todo o respeito e tem capacidade de entregar um bom trabalho. Mas o mais importante para o Everton agora é não basear decisões em aparências e ter um plano. Se Ancelotti for o nome capaz de interpretar essa ideia, não há problema.

Foto: reprodução

Por enquanto Duncan Ferguson está mantido no comando, de acordo com a imprensa inglesa. Mas até quando?

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