quarta-feira, 13 de novembro de 2019

À procura da formação ideal, Zidane começa a ver notícias positivas no Real Madrid

Cristiano Ronaldo é o maior jogador do Real Madrid no século XXI e em qualquer momento que ele decidisse sair do clube seria seguido de uma etapa de “depressão” normal de ser entendida. Afinal de contas, não ter mais no seu elenco aquele jogador que decide jogos como se estivesse num treinamento não é simples de ser assimilado. Por isso, a última temporada, a primeira sem o português, foi uma das mais fracassadas na história recente, mesmo mantendo a base do tri-campeonato europeu. Uma instituição do peso e da grandeza do Real Madrid não pode se dar ao luxo de passar dois anos sem vencer nada e, portanto, o rumo tem que ser, sim ou sim, diferente em 2019/2020.

São quatro meses de temporada e o Real teve atuações ruins, medianas e boas. No mercado, Zinédine Zidane pediu Paul Pogba para o meio-campo, mas a difícil tratativa com o Manchester United resultou na surpreendente ressurreição de James Rodriguez, que voltou a ser peça valiosa quando não estava nos planos do francês. Com as chegadas de Eden Hazard e Luka Jovic logo nas primeiras semanas da janela, parecia que o presidente Florentino Pérez faria uma revolução parecida com a de dez anos atrás, quando trouxe Cristiano Ronaldo, Kaká, Xabi Alonso e Benzema. Não foi o que aconteceu. Ferland Mendy e Alphonse Areola chegaram e as compras foram finalizadas. Diante de tudo que Zidane falou quando retornou a Chamartin, em março, e as deveras especulações do Marca (que, sim, nem sempre têm que ser tratadas como verdadeiras, mas muitas têm fundamentos), foi no mínimo decepcionante o que o clube (não) fez.

 

Assim sendo, os oscilantes resultados são frutos de um time que segue se adaptando a não ter mais um “Cristiano Ronaldo”. Não necessariamente o gajo, mas aquela figura individual que tira um coelho da cartola nas adversidades. Hazard foi contratado para isso, mas ainda busca a melhor versão. É verdade que vem de noites satisfatórias, onde mostrou maior agilidade e finura nos dribles, mas continua em evolução. Em outras palavras, o Real procura um caminho para triunfar que seja diferente dos do ciclo de Cristiano Ronaldo. E não se trata de um processo fácil. Por isso que Zidane já foi elogiado e criticado com a mesma veemência.

As assíduas modificações de Zizou são taxadas como característica de alguém que supostamente estaria “perdido”, mas elas têm que ser interpretadas de outra forma: o francês simplesmente está procurando uma formação ideal. Nessa de testar jogo a jogo “surgiram” Federico Valverde como substituto de Modric e Rodrygo como a melhor opção para ocupar o lado direito do ataque. Ambos são duas das principais notícias das últimas semanas no Real Madrid.

A importância de Rodrygo, de espantosos cinco gols em quatro jogos como titular, vai além dos números. A promessa da base do Santos potencializa a qualidade de dois companheiros, sobretudo: Benzema e Carvajal. Rodrygo joga pelo lado direito, mas gosta de circular próximo da área. Esse deslocamento ora libera a linha de fundo para o lateral subir, ora libera a ponta para Benzema sair da função de centroavante. Vinicius Junior não se adaptou à posição e Lucas Vázquez, embora tenha a confiança de Zidane, é um jogador para situações específicas em duelos de mata-mata do que de consistência em especial nos pontos corridos.

 

Por meritocracia, a titularidade de Rodrygo nem deveria ser discutida, mas é claro que existem fatores preponderantes que farão com que o brasileiro alterne entre jogar e começar no banco. Zizou conhece mais do que ninguém o que significa ser jogador do Real Madrid, até por isso trata a situação do atacante com calma, evitando criar responsabilidade, exigência e, consequentemente, pressão para o futuro, diferente de Vinicius Junior, que, em 2018/2019, surgiu como um meteoro num período de instabilidade coletiva e com vários jogadores para o ataque machucados (Asensio, Isco e Mariano). A presença da cria do Ninho do Urubu foi tão impactante que, com frequência, ele chegou a ser a única válvula de escape para vencer uma peleja. Quem não lembra das atuações imperfeitas atuações contra o Barcelona por Liga e Copa, que seguiram roteiros semelhantes? Vinicius levou o sistema defensivo barcelonista à loucura à base de movimentação e arrancadas, mas deixou de marcar gols pela ineficiência na finalização.

Valverde, por sua vez, tinha ganhado notoriedade no circunstancial 3-5-2 que Solari armou para suprir ausências fundamentais na temporada passada, sendo um elo de ligação entre a defesa e o ataque, mas é no 4-3-3 de Zidane que o uruguaio exibe um arsenal promissor. Na teoria, ele e Kroos são os homens à frente de Casemiro num triangulo de meio-campo, mas, na prática, o alemão tem liberdade para estar onde a bola está, seja na defesa ou no ataque. Defensivamente, Valverde cobre Kroos, com ou sem Casemiro por perto; quando o Real está no campo ofensivo, lá vai “El Pajaro” auxiliar os companheiros. É, na gíria futebolística, um “motorzinho”, que vai de área a área com um físico de impressionar.

Foto: Site Oficial do Real Madrid | Toni Kroos recuperou a boa fase e é, junto de Benzema, o melhor jogador do Real Madrid em 2019/2020

As boas sensações no Real passam também pelos constantes indícios de que as peças-chaves do ciclo de 2014-2018 estão recuperadas ou recuperando-se. Marcelo já deu lapsos que pode reencontrar o momento positivo, Casemiro mostra a eterna onipresença, Modric fez uma partida brilhante contra o Eibar, e Kroos é, junto de Benzema, o melhor jogador da equipe no ano. Contestado depois das agônicas apresentações pós-Copa do Mundo, o alemão embala o meio-campo novamente com a classe de outrora, certamente com o ânimo elevado depois de uma renovação que, à primeira vista, até surpreendeu (pois o palpite era de que a suposta “revolução” no plantel começaria com a saída do camisa 8). Kroos é, mais uma vez, o grande criador de jogadas do Real Madrid.

Antes de pensar em título europeu, o mais importante para o Real Madrid é manter o pique no Campeonato Espanhol, onde foi mal nas últimas duas campanhas e não conseguiu acompanhar Barcelona e Atlético de Madrid. Uma coisa leva a outra: competir de forma positiva semanalmente servirá como uma espécie de combustível aos desafios que as noites europeias impõem e também ratificará esquema e formação. É certo que o Eibar caiu de produção, mas, ainda assim, visitá-lo é uma tarefa árdua. A imponente goleada por 4 a 0 no sábado em Ipurua, local onde um ano atrás saiu derrotado por 3 a 0, evidencia a mudança de mentalidade.

PÍLULAS DA RODADA

Foto: Site Oficial do Sevilla | No Dérbi de Sevilha, melhor para o Sevilla, que venceu o Bétis por 2 a 1

– Mais do que merecida a vitória do Sevilla no dérbi de Sevilha contra o Bétis. Dominante em todos os aspectos, o time de Julen Lopetegui colocou o rival na roda e somou três pontos importantes, que o coloca de volta à zona de classificação à próxima Liga dos Campeões da UEFA. O Bétis segue seu marasmo e iniciou o clássico num esquema com três zagueiros e Bartra (zagueiro) de primeiro volante. Atenção a Ocampos, que vem de semanas excelentes e tornou-se inquestionável. Elétrico, o argentino tem formado uma positiva dupla pelo lado direito com Jesus Navas. Foi dele o primeiro gol no Villamarin. O Sevilla segue fiel ao seu estilo na nova temporada: vertical, com constantes inversões e abusando dos ataques pelos flancos.

– Assisti Barcelona 4×1 Celta de Vigo enquanto trabalhava, com um olho na TV e outro no computador. Ainda não tive tempo de ver o VT, mas me pareceu uma atuação positiva do Celta, na estreia de Óscar García. O próprio treinador afirmou que, “sem Messi, talvez o jogo fosse outro”. García, treinador “formado” em La Masia, planejou seu novo time como manda o manual das categorias de base barcelonista. O Celta marcou o Barcelona com a linha defensiva no meio-campo, encurtou os espaços e pressionou a saída de bola adversária com quase sete jogadores. Surpreendeu na escalação, sacando Denis Suárez para colocar um ressurgido Sisto, e apostando por três zagueiros, esquema semelhante o que deu certo com o Slavia Praga, no 0 a 0 contra o Barça quatro dias antes pela Liga dos Campeões. O que explica o 4 a 1 é, realmente, Messi. Acompanhar a evolução da equipe galega será um dos grandes entretenimentos da temporada.

– De Barcelona e Real Madrid, líderes com 25, para o Valencia, 9º com 20, a diferença é de cinco pontos. A dupla tem um jogo a menos, justamente o Superclássico, mas a tabela de classificação mostra que este é o início mais disputado do Campeonato Espanhol nos últimos anos. Pelo menos seis times já passaram pela liderança (Barça, Real, Atlético, Sevilla, Granada e Athletic Bilbao), que poderia ter a Real Sociedad na sexta-feira, não fosse por um inesperado empate em casa com o Leganés por 2 a 2. O equilíbrio tem a ver com a queda dos dois gigantes, que não são aquelas rochas de tão consistentes e estão mais propensos a tropeçarem semanalmente, mas a ascensão de como Real Sociedad, Athletic Bilbao e Sevilla, de decepcionantes 2018/2019, tem que ser levado em conta, além da competitividade que estão exibindo Granada e Osasuna, que voltaram da segunda divisão. Outro aspecto é o crescimento de times que privilegiem, primeiramente, a defesa num campeonato associado ao ataque. De qualquer forma, é um tema para uma coluna futura, com melhor abordagem.

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