quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Grêmio e sua escola de formação de volantes

Em 2018, Arthur tornou-se na maior venda de um clube gaúcho para o exterior. O Barcelona desembolsou 30 milhões de euros (aproximadamente 120 milhões de reais na cotação da época), superando Oscar vendido ao Chelsea pelo Internacional em 2012 e que custou 62 milhões de reais. Mas os valores financeiros não são o assunto de hoje. Os números servem apenas para simbolizar o tema, os meio-campistas revelados pelo tricolor gaúcho nos últimos anos.

O Grêmio é conhecido por em sua história ter tido jogadores de marcação e pegada no setor central do campo. Dinho, campeão da América em 1995 e China, campeão continental e mundial em 1983, são bons exemplos. E mais recentemente, mesmo que sem conquistas expressivas, Sandro Goiano e Edinho, entram no time de volantes “batedores”. E ainda podemos colocar Felipe Melo, que atuou em 2004 junto destes.

Desde a chegada de Roger Machado ao clube em 2015, desta vez como treinador efetivado, o Grêmio mudou o seu estilo de jogo, passando a usar mais o controle de bola. Para isso, se fez necessário bons meio-campistas. O tricolor gaúcho passou a ser um “centro de formação de volantes”. Walace (revelado ainda por Felipão em 2014), cresceu de rendimento nas mãos de Róger. Jaílson, Arthur e Matheus Henrique (este último mais recentemente) encabeçam a lista de joias da posição. Sem falar de “fenômenos” das categorias de base, Victor Bobsin e Diego Rosa (campeão mundial sub-17 este ano) que já estão na lista de sucessores.

Walace: revelado por Felipão, lapidado por Roger Machado, campeão com Renato Portaluppi

Campeão olímpico com o Brasil em 2016, Walace foi peça fundamental naquele time comandado por Rogério Micale. O baiano de Salvador chegou a Porto Alegre em 2013, onde completou sua formação nas categorias de base do tricolor. A estreia no time profissional se deu em um Gre-Nal no ano de 2014, uma surpresa do então técnico Felipão na escalação.

Após a saída do treinador, Walace passou a ser lapidado por Roger Machado. Em 2015 ele foi titular em boa parte da temporada, sendo um do melhores do elenco. Por ser um primeiro volante, a marcação foi peça fundamental em seu oficio, até por isso o primeiro gol só foi sair em 2016. Em partida valida pelo campeonato estadual, o Grêmio derrotou o Passo Fundo por 5 a 1, com dois gols dele.

Roger deixou o comando tricolor em setembro de 2016 após uma série complicada de resultados. Renato Portaluppi, maior ídolo da história do time, chegou para sua terceira passagem no comando azul de Porto Alegre. Com o novo treinador, seu terceiro chefe na casa, o volante trocou a camisa 5 pela 12, mesma numeração que utilizou na conquista olímpica. Ao lado do experiente Maicon, então capitão do time, formou uma dupla consistente de meio de campo. Os resultados vieram de forma imediata. Em dezembro naquele ano o time conquistou a Copa do Brasil, tirando o tricolor de uma fila de 15 anos sem conquistas de expressão.

No início de 2017, Walace foi para a Europa, indo jogar no Hamburgo, da Alemanha, clube que o Grêmio derrotou na final do mundial de 1983. A venda foi concretizada em 29 de janeiro daquele ano, rendendo cerca de 10 milhões de euros aos cofres do time gaúcho. Na primeira temporada na Europa, o volante foi rebaixado com o clube para a segunda divisão, na temporada seguinte foi vendido ao Hannover 96 que, também, foi rebaixado. Desde janeiro de 2019 o atleta está atuando pela Udinese da Itália.

Arthur e Jaílson, histórias cruzadas, caminhos distintos

Arthur chegou aos 14 anos, em 2010, na capital gaúcha, logo depois de ter se destacado na base do Goiás e despertado interesse gremista. Enquanto isso, Jaílson iniciou nas categorias de base do Guarany de Bagé, clube do interior do Rio Grande do Sul e finalizando sua formação no tricolor.

O menino de Goiás chamou atenção logo. Seu posicionamento em campo era diferente dos outros jovens da mesma posição. Em 2015 chegou a receber oportunidades com Felipão, porém, alegando que o jogador ainda não estava pronto para o time principal, o treinador “desceu” Arthur base novamente.

 

Jaílson, natural de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, estreou pelo time principal em 2016, em partida válida pelo campeonato gaúcho. Seu primeiro mentor no clube também foi Roger Machado, o mesmo que colaborou para a subida na carreira de Walace.

Você deve estar se perguntado: mas por que estão contando a história de Arthur e Jaílson juntas? Já vamos chegar no ponto. Em 2017, após a venda do então titular da posição, Walace, cogitou-se a possibilidade de que Jaílson fosse o titular. Um início de ano irregular e, jutamente com a chegada de Michel, fizeram com que ele continuasse sendo apenas a primeira opção de banco. Neste mesmo ano, com o início das lesões que vem atrapalhando até hoje o capitão Maicon, Arthur enfim recebeu a oportunidade de ser titular. O “guri” assumiu o meio de campo como se já vestisse a camisa tricolor há anos.

Chegamos no ponto das histórias se cruzarem. Em 2017, o Grêmio de Portaluppi encantava, foi considerado o melhor futebol do país e do continente. O tricolor levantou pela terceira vez a taça da Libertadores, igualando-se a São Paulo e Santos como maiores campeões brasileiros da competição. No segundo jogo da final, Arthur foi eleito o craque da partida, mesmo tendo jogado apenas o primeiro tempo. Uma lesão no tornozelo fez com que ele desse lugar à Jaílson que entrou e segurou o impeto dos argentinos do Lanús.

Os dois atletas deixaram o clube na mesma janela de transferências. Arthur rumou ao Barcelona, vindo a ser a maior venda da história do clube e do estado. Os catalães desembolsaram por volta de 120 milhões de reais para contar com os serviços do jogador. Por lá ele assumiu a camisa 8, do ídolo Iniesta. Jaílson foi negociado com o Fernebahçe, da Turquia, por 19 milhões de reais. O “Rei Arthur”, como o camisa 8 era chamado pela torcida gremista, acabou assumindo um patamar maior do que Jaílson. Hoje ele é também peça fundamental na seleção brasileira do técnico Tite, mesmo que recentemente venha sofrendo alguns problemas no Barcelona de Valverde.

Matheus Henrique, o sucessor de Arthur

Formado nas categorias de base do São Caetano, o paulista Matheus Henrique chegou ao Grêmio em 2017. No clube ele completou sua formação e subiu ao time profissional em 2018. Suas primeiras aparições com a camisa tricolor foram no Gauchão quando o time B (formado por jovens) iniciou a disputa da competição. Na ocasião ele participou de  quatro jogos e marcou dois gols.

O jovem de 21 anos só passou a ser titular em 2019. Sua primeira partida com os 11 inicias foi contra o Rosário Central pela Libertadores, vitória por 3 a 1. O volante se destacou pela velocidade e recomposição na marcação. Sem contar que assim como Arthur, a bola “gruda” no pé dele, repetindo o giro sobre si que o atual jogador do Barcelona faz para se livrar do rival.

As partidas sólidas fizeram com que o atleta fosse convocado por Tite para os amistoso disputados no mês de outubro contra Senegal e Nigéria. Entrou no segundo tempo diante dos senegaleses, substituindo exatamente Arhur. Além de ser presença constante na Seleção Olímpica, foi campeão do Tornei de Toulon e vice no Torneio de Tenerife.

No mês de agosto o tricolor renovou o contrato do volante até 2023. Segundo dados do site Transfermarket, ele possuí um valor de mercado em torno de 18 milhões de euros.

Victor Bobsin e Diego Rosa, o futuro

Se revelar quatro jogadores de nível elevado em três anos parece ser muita coisa, o Grêmio possuí ainda duas joias nas categorias de base: Victor Bobsin, presença constante nas seleções de base, e Diego Rosa, peça fundamental na conquista da Copa do Mundo Sub-17, encabeçam a lista dos futuros titulares na posição.

Diego Rosa chegou ao tricolor gaúcho após uma negociação com o Vitória-BA. Na ocasião, o time baiano queria a contratação do com o zagueiro Wallace Reis, sem muitas oportunidades de jogo em Porto Alegre. Em contrapartida, o Grêmio pediu o jovem meio campista na troca. O jogador de 17 anos foi um dos destaques do Brasil na conquista do mundial, sendo autor de dois gols na competição.

Já Victor Bobsin é natural de Porto Alegre, e está no time de transição do Grêmio. O volante de 19 anos é uma das promessas tricolor e deve ganhar oportunidades no time principal em 2020. Em 2017 ele foi titular da Seleção Brasileira que disputou o mundial da categoria. Na ocasião o Brasil ficou na terceira colocação.

Bobsin possuí uma multa rescisória no valor de 265 milhões de reais, já Diego Rosa tem multa em 232 milhões de reais. Diego será testado na Copa SP em janeiro, junto com o grupo sub-20 (acima de sua categoria).

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