quarta-feira, 8 de março de 2017

O desafio de Marquinhos Pedroso no lanterna do Campeonato Turco

Jogadores brasileiros em centros periféricos do futebol já não é uma novidade há muito tempo. A mão de obra brasuca é valorizada nos quatro cantos do planeta. E jogadores dos mais variados níveis aceitam desafios em diversas ligas e situações. É o que aconteceu com o quinteto brasileiro do Gaziantepspor, lanterninha da Süper Lig, a primeira divisão do futebol na Turquia. O Gaziantepspor venceu apenas quatro partidas em 21 jogos disputados e está a nove pontos do primeiro clube fora da zona de rebaixamento e a direção do clube rubro negro resolveu apostar em brasileiros para livrar a equipe de um iminente rebaixamento. O goleiro Paulo Victor, o zagueiro Wallace (ambos ex-Flamengo), o lateral-esquerdo Marquinhos Pedroso (ex-Figueirense e Grêmio), e os meias Bruno Mota (ex-Atlético-PR) e Marcinho (ex-Corinthians e futebol russo),  desembarcaram em Gaziantep, cidade do lado asiático da Turquia, no início de 2017. O lateral Marquinhos Pedroso, um dos atletas que mais atuou com a camisa do Figueirense nesta década, conversou com exclusividade com o Doentes por Futebol e conta mais  detalhes sobre a situação do clube, sua vida na Turquia e sua primeira experiência fora do futebol brasileiro.

O jogador, que no Brasil também teve passagens por Guarani, Novo Hamburgo e Grêmio, já chegou assumindo a titularidade, assim como os demais brasileiros. E além da adaptação dentro dos gramados, os brasileiros precisam se acostumar com as diferenças fora das quatro linhas. Mas para Marquinhos, essa questão já está sendo facilmente superada.

“A adaptação está sendo muito tranquila. Alimentação nem se fala. A comida turca é muito boa. Eles se alimentam de maneira parecida com o Brasil. Só o famosos arroz e feijão que a gente tem dificuldade de encontrar. Mas o restante, as carnes, o tempero, a salada, é tudo bem parecido. A não ser aquelas comidas bem nativas que são um pouco diferentes, mas o resto é bem parecido. A cultura é bem diferente. A maioria da população é muçulmana, então em todas as cidades aqui tem aquele toque, um chamado para as pessoas rezarem (o azan, tradicional chamado à oração no islamismo, interpretada de forma melódica). É uma coisa que chama bastante atenção. E a língua consigo falar algumas palavras, mas soltas, sem conseguir formular uma frase. É uma língua muito difícil”.

E logo na chegada de Marquinhos ao clube, o jogador pôde perceber a visão dos europeus em relação aos laterais vindos do Brasil.

“Eles conhecem muitos laterais brasileiros, e muitos do que fazem sucesso na Europa é por serem bastante ofensivos. Isso sempre chamou atenção no futebol brasileiro, a ofensividade, a luta constante pra jogar no ataque. Então, uma coisa que eles às vezes acham é que o lateral brasileiro não gosta muito de marcar ou não sabe. Acredito que essa visão tá mudando bastante. Eu sofri isso aqui quando cheguei, apesar de ter características defensivas. eles já vem falando “a gente sabe que vocês gostam de atacar bastante, mas a gente prefere que o lateral fique mais posicionado”. Mas é aquela história, na hora do jogo fazemos aquilo que vem na cabeça e tenta fazer o melhor possível do que é passado pra gente”, explica o jogador.

Desde que chegou ao clube em janeiro, Pedroso participou de quatro partidas, ajudando a equipe a conquistar duas vitórias e um empate. Esse início de recuperação após a chegada dos jogadores brasileiros faz com que Marquinhos tenha confiança que o objetivo de não cair seja alcançado.

“Chegamos nessa situação bem difícil. Mas acredito que a gente vai sair dessa. Até porque nos últimos jogos temos apresentado uma melhora muito grande. Nossa confiança tá bem alta, por ter vindo de um bom jogo fora de casa contra o segundo colocado, time que mais tempo liderou o campeonato (Istanbul Basaksehir). Temos um jogo a menos que os demais adversários. Acredito que estamos sabendo lidar bem com essa pressão. E se Deus quiser, com o trabalho que está sendo feito, a gente vai conseguir sair dessa situação”.

A chegada de Marquinhos ao Gaziantep teve grande contribuição de outro brasileiro. O também lateral, porém do lado direito, Ivan Souza. O hoje ex-jogador, campeão brasileiro pelo Atlético Paranaense em 2001, teve duradoura passagem pelo Gaziantepspor e é considerado ídolo do clube. “Não posso negar que o  Ivan me ajudou e vem me ajudando bastante. Ele está aqui na Turquia também ajudando todos os brasileiros. Mas como eu já conhecia ele por ter jogado no Figueirense junto e por ter jogado aqui, ele me passou bastante confiança”, disse Marquinhos.

RELEMBRE A PASSAGEM DE MARQUINHOS PEDROSO PELO FIGUEIRENSE:

Outro fato que contribui para que a busca pelo objetivo principal seja alcançada é o fanatismo do torcedor, que apoia mesmo com o clube na situação atual.

“Aqui o pessoal é extremamente fanático. Postei na minha mídia social quando estava vindo pro clube, e já recebi centenas e centenas de mensagens. Até minha esposa recebeu. Aqui na cidade, nos jogos em si, a torcida não para de cantar um minuto. São fanáticos mesmo. Até na questão da violência. Parece que é tudo que eles tem na vida. Eles se matam pelo futebol. Aqui essas brigas entre torcidas é muito comum. A gente pensa às vezes que isso é só no Brasil.  A torcida não para de apoiar um segundo e desde que cheguei aqui, vem nos apoiando da melhor maneira possível”.

Apesar da recente chegada ao futebol turco, Marquinhos vê com bons olhos a experiência. “Aqui tem muitos times com excelentes jogadores, atletas que já jogaram em tudo que é time grande da Europa. Principalmente nas equipes de Istambul. Van Persie, Sneijder, Podolski, caras que já foram campeões do mundo. Ter a oportunidade de jogar um campeonato junto com essas feras é uma experiência muito grande e uma oportunidade de evolução no meu futebol muito grande também. É o que eu espero que aconteça e venho treinando pra isso”, conta Marquinhos que também acredita que atuar na liga turca possa ser uma boa vitrine para ele. “O campeonato turco é um torneio que todo mundo olha. Talvez no Brasil nem tanto, mas aqui na Europa é muito bem visto. É um campeonato com com excelentes jogadores, times famosos mundialmente, é muito competitivo. Então com certeza fazendo uma boa campanha, um bom restante de temporada, não tenho dúvida que possam aparecer coisas melhores ou ter uma continuidade aqui mesmo no Gaziantep e alçar voos maiores com o clube”, decreta o jogador, que tem agora cerca de três meses para marcar seu nome na história do clube. Resta saber se fazendo parte do rebaixamento, algo que não acontece com o Gaziantepspor desde 1990, ou  se tornando protagonista de uma heroica recuperação.  

O conteúdo acima é de responsabilidade expressa de seu autor. O Doentes por Futebol respeita todas as opiniões discordantes e tem por missão promover o debate saudável entre ideias.

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