segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Estagnado, Atlético de Madrid vive momento de incerteza

(antes de você começar a ler, é bom ponderar que esse texto não se trata de algo definitivo sobre o tema, e sim é baseado no factual, numa análise em cima do que está acontecendo atualmente com o protagonista da matéria. O futebol é cíclico e, logicamente, tudo pode se inverter daqui a seis meses).

A 9ª rodada do Campeonato Espanhol apresentou novidades nem tão novas assim. O Barcelona assumiu a liderança, o que tornou-se comum no século, com uma importante e convincente vitória no País Basco contra o Eibar, por 3 a 0. O Bétis caiu para a zona de rebaixamento depois de uma nova derrota, dessa vez para a Real Sociedad, também no norte espanhol. Já o Atlético de Madrid saiu do grupo de classificados à Liga dos Campeões da Uefa após o tropeço contra o Valencia em pleno Wanda Metropolitano, por 1 a 1. É o terceiro jogo consecutivo sem vitória da equipe treinada por Diego Simeone, e, é claro, as impressões começam a ser mais negativas do que positivas.

O que acontece com o Atlético de Madrid? Eis a pergunta que não quer calar. Em votação no Marca, 40% dos eleitores acreditam que existem “dificuldades na criação”. Outros 27% acham que a ineficiência dos atacantes pesam, enquanto somente 3% creem em perda de solidez dentro de casa (os outros 30% saíram na resposta de “todos os itens anteriores”). É bom frisar que essa hesitação não é de hoje. Desde a perda da Liga dos Campeões em 2015/2016, Simeone vem tentando dar uma faceta ofensiva ao seu time, mas sem tanta convicção. Basta uma série de tropeços e o velho Atlético “copero y peleador” reaparece e torna um ciclo vicioso. A temporada atual está somente em seu início, mas esse Atléti “dos sonhos” do argentino já deu as caras.

Foto: Jaime Reina/AFP agencia – Simeone, treinador do Atlético desde 2011

Na pré-temporada, foi possível ver uma alternativa sendo criada por Cholo. Do mercado, ele recebeu agressivos laterais para implementar o sonhado 4-3-1-2. Com Renan Lodi e Trippier, inclusive nos jogos iniciais do Campeonato Espanhol, o Atléti foi posicionado no que os espanhóis chamam de meio-campo “a rombo”, o nosso popular losango. Dessa forma, os lados do campo eram primordialmente do inglês (pela direita) e do brasileiro (pela esquerda), que apoiam com bastante efetividade. O esquema segue em vigor, mas não parece ser mais unanimidade, porque ele exige bastante fisicamente da equipe sem bola, principalmente dos laterais e dos atacantes. O melhor jogo do time na Liga, na vitória contra o Mallorca por 2 a 0 fora de casa, teve o eterno 4-4-2 com Saúl na ponta e dois volantes lado a lado (Partey e Koke).

Que o Atlético mostra certo desconforto em criar jogadas isso é evidente. O auge da Era Simeone sempre foi associado a uma defesa sólida, o que é uma verdade, mas só esse aspecto não explica o sucesso entre 2012 e 2016. Quando precisou, tinha em peças como Filipe Luís, Tiago, Gabi, Koke, Arda e depois Saúl, Diego Ribas, Falcao, Diego Costa e Griezmann fontes de confiança para mudar o panorama de um certame. O time de 2019 tem valores, mas alguns deles já viveram melhores fases, como são os casos de Saúl e Koke, este que ficou irritado após ser questionado, no último sábado, sobre seu momento individual. “Isso quem tá falando são vocês. Meu treinador está satisfeito”, afirmou. Por mais que responda assim, é visível que o talentoso meia está longe da versão de outrora, o que influencia no desempenho colchonero. No centro do campo a ausência de Rodri Hernandez, que a cada dia cai mais nas graças de Pep Guardiola no City, continua sendo sentida. Na teoria, essa saída seria suprida com qualidade, graças às chegadas de Llorente e Hector Herrera, mas ambos ainda estão se adaptando.

Foto: reprodução – A excelente dupla Koke e Saúl já viveram momentos melhores no Atleti

É curioso como o discurso do elenco é de exaltar o estilo ofensivo do Atlético de Madrid. Em exclusiva ao Marca, Trippier garantiu que “somos um time muito ofensivo, com um futebol muito atrativo. Não ligo para o que falam”. Já Arias, que foi titular contra o Valencia, destacou a busca pela bola para “fazer o jogo que queremos e podemos”. O duelo teve tempos distintos, com uma queda substancial dos madrilenhos na etapa final, mas viu um ótimo Atléti no primeiro tempo. A escalação, que teve Mario Hermoso, Felipe e Gimenez, permitiu à equipe sair jogando com facilidade e atacar o Valencia com superioridade, o que, mesmo nessa turbulenta fase dos Chés, nunca é algo simples.

O momento oscilante também se explica pela perda de hierarquia e poder de decisão. O Atlético de Madrid passou por uma pequena reformulação no verão, e já não tem mais Juanfran, Godin, Filipe Luís, Gabi e Griezmann, perfis vencedores pelo clube nos últimos anos. O francês, que começa a marcar presença no Barcelona, foi um “ganha-pontos” valioso aos Colchoneros. É impossível de ser contado com certeza quantas partidas o antigo camisa 7 decidiu desde 2016 tirando da cartola uma finalização ou uma jogada que ninguém imaginava. João Felix tem capacidade de ser um Griezmann (ou inclusive ultrapassá-lo) no futuro, mas hoje ainda tem pouco impacto na equipe, o que é completamente normal (19 anos, primeira temporada na Espanha). Uma lesão no tornozelo direito, inclusive, irá tirá-lo dos gramados por um mês. Simeone aguarda por Vitolo e pode emular o português em Ángel Correa; porém, por mais que o promissor atacante, até então, viva de lampejos, fará falta enquanto estiver no departamento médico.

Foto: reprodução – A saída dos líderes da equipe, Juanfran, Griezzman e Godín pode ter abalado o elenco

Até pelos fatores supracitados, seria até desonesto intelectualmente querer cravar o fim de Simeone em Manzanares. É um projeto quase novo, revigorado, que precisa de tempo para se tirar conclusões. A ocasião pede uma análise inicial devido ao compromisso com o jornalismo. As estatísticas mostram: o Atlético de Madrid só tropeçou tanto com Cholo em âmbito nacional em seus primeiros meses, em 2012. A ver as cenas dos próximos capítulos.

PÍLULAS DA RODADA

– É certo que o simpático Eibar tem o seu início de temporada mais titubeante desde que voltou à elite nacional, em 2014, mas, ainda assim, Ipurua é um campo que costuma trazer dificuldades para qualquer rival. Com De Jong ‘on fire’ e Messi e Griezmann circulando próximos aos meias, deixando os lados substancialmente para os laterais, o Barcelona soube vencer a agressiva pressão preparada por Luis Mendilibar. Os sinais de recuperação do time de Ernesto Valverde são claros e, com Griezmann “entrando na brincadeira”, o tri-campeonato aparece no horizonte, mesmo que de longe — ainda.

– Em Chamartín o tom mais ameno com Zinedine Zidane desapareceu. A derrota para um Mallorca com um plano de jogo bem simples reacendeu o alerta no Real Madrid, que só viu nos dribles de Vinicius Junior um ponto de funcionamento, embora o atacante brasileiro estivesse bastante desacertado nas finalizações. Sem Kroos, o 4-4-2 de Zizou foi estéril e, na frente, Benzema e Jovic bateram cabeça. Nesta terça-feira, pela Liga dos Campeões, contra o Gatalasaray, é quase um jogo de vida ou morte, pela derrota para o PSG e o empate para o Brugge nas rodadas anteriores.

Foto: reprodução – O Real Madrid foi derrotado para o Mallorca e perde a liderança para o Barcelona

– O Bétis até abriu o placar, mas o revés por 3 a 1 para a Real Sociedad foi inquestionável. Odeengard, Portu e William José destroçaram o sistema defensivo verdiblanco com uma exibição de pura intensidade. Aliás, que contratação foi Portu. O ex-Girona encaixou perfeitamente no estilo vertical e altamente veloz da Real, que, há seis meses, mal conseguia trocar três passes com decência no ataque. Trabalho espetacular de Imanol Alguacil. Rubi, por sua vez, depois de levar o Espanyol à Liga Europa não consegue dar um padrão ao Bétis, longe do que apresentou com Quique Setién.

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