terça-feira, 10 de setembro de 2019

Alemanha: é possível reconquistar o topo do mundo?

Exposta pela Holanda na Data Fifa, seleção alemã vive os dias de luta de uma reconstrução de muita paciência e coragem

Cinco anos atrás, a Alemanha chegava ao topo do mundo. Mas como se sabe, mais difícil do que alcançá-lo é se manter nele. Como resultado disso, a queda desde então foi proporcional ao sucesso. Em frangalhos, os alemães agora tentam encontrar as respostas necessárias para voltar a dominar o futebol mundial.

Depois da eliminação na Copa da Rússia e do rebaixamento na Nations League, os ânimos até foram controlados por alguns meses, depois de seis jogos sem derrota. Mas nesta Data Fifa, veio outro duro golpe na autoestima alemã: derrota em casa por 4 a 2 para a Holanda. Com ela, mais questionamentos: será que a Mannschaft realmente está conduzindo a reformulação da maneira correta?

Da construção do time campeão de 2014 para as dores de cabeça em 2019, quase tudo mudou. Mas uma permanece intacta: Joachim Löw como treinador.

Foto: reprodução – Low, então auxiliar, assumiu a Alemanha após saída de Klinsmann

Löw foi um dos protagonistas do “Das Reboot”, como ficou conhecido o processo de reconstrução do futebol alemão até a conquista do tetra mundial. Ainda como auxiliar de Jürgen Klinsmann, foi ele quem incentivou a inserção de jovens como Lahm, Schweinsteiger e Podolski no time que conquistou o 3º lugar da Copa de 2006 – e que serviu de base para a equipe campeã no Brasil.

Independentemente de decisões certas e erradas, há algo fascinante em Joachim Löw: o comprometimento com o trabalho em um cargo que já ocupa há 13 anos, quase uma década e meia. Mesmo depois das glórias e do desgaste, Löw não perdeu a gana de vencer. E muito menos a coragem para radicalizar quando entende ser necessário.

Foi assim que Löw tomou uma decisão drástica no início do ano: foi ao centro de treinamento do Bayern para dizer que Jérôme Boateng, Mats Hummels e Thomas Müller estavam definitivamente fora dos planos da seleção. Três campeões do mundo. Sendo que um deles, Müller, foi convocado por Löw logo em seu primeiro ano como jogador profissional. Coragem na chegada, coragem na saída.

Foto: reprodução – Joachim Low conquistou a Copa do Mundo de 2014, no Brasil

Desde então, Joachim Löw tenta fomentar uma nova base. Dos 17 jogadores de linha que estiveram à disposição para o jogo da última segunda (9), contra a Irlanda do Norte, só quatro têm mais de 25 anos de idade. Dois deles são os principais “mentores” da nova geração: Toni Kroos e Marco Reus. Junto aos lesionados İlkay Gündoğan e Antonio Rüdiger, formam o quarteto escolhido por Löw para liderar esta nova equipe.

O sistema tático também mudou. Nos jogos grandes, Löw agora monta sua Alemanha em um 3-4-3, provavelmente em sintonia com o que Niko Kovač também fará nos jogos decisivos do Bayern. Faz sentido, afinal, a base da renovada seleção continua sendo do clube da Baviera, com Neuer, Süle, Kimmich e Gnabry.

Obviamente, é provável que Löw jamais promoveria esta revolução se não tivesse a total confiança da federação alemã (DFB) e dos clubes da Bundesliga, que participam ativamente das discussões sobre a seleção nacional. O planejamento não cede aos caprichos do imediatismo, e por isso, todas as pontas da estrutura do futebol alemão creem que este é um sacrifício necessário para uma espécie de “Das Reboot 2.0″.

Foto: reprodução – a nova geração alemã comemora a vitória diante da Irlanda do Norte

Enquanto isso, Löw convive com inúmeras críticas do torcedor alemão. Entre elas, a falta de hierarquia na zaga, a escalação de jogadores fora de posição (especialmente Timo Werner), a falta de oportunidades concretas para Kai Havertz e, nesta Data Fifa, a recolocação de Kimmich da lateral para o meio-campo – novamente seguindo uma tendência de Kovač no Bayern (e que valeria um texto próprio). A derrota acachapante para a Holanda aumentou ainda mais o tom de revolta.

É fato que a geração atual é inferior tecnicamente à de Lahm, Schweinsteiger e cia. Mas há muito talento à disposição. Kimmich, Sané, Werner, Gnabry, Brandt, Havertz e outros possuem muitos anos pela frente na elite mundial. E deste seleto grupo, só Kimmich possui mais de 30 internacionalizações.

Com uma margem de aprendizado tão grande, a Alemanha não tem pressa para voltar ao topo. E confia muito na sua estrutura organizacional para chegar lá, sem esquecer da formação nas escolinhas e da capacitação de treinadores. O sucesso será o mesmo? Ainda há muitos capítulos pela frente.

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